Arquivos da categoria "‘[Viagem] Argentina 2008/2009’"

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

27/dez/2008 – dia 2
Recoleta, Buenos Aires

Nessa caminhadinha cretina que demos por duas quadras, justamente pra encontrar o tal adaptador, passamos um belo dum frio. Não seja pato de olhar para o lindo céu azul de Buenos Aires (sim, existem cidades que não possuem esse céu cinzento que nossa querida cidade tem, e que funciona como uma tampa de panela). Confundir temperatura com sensação térmica por lá pode causar um desconforto daqueles. Antes de sair do hotel, passamos a conferir o que dizia a sigla ST, que está sempre presente no Canal 26. Porque o céu é azul, o sol é forte, mas o frio (e só sentimos o dito pra valer na virada do ano) é de doer os ossos.

Low battery

jan
2009
21

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 3 comentários

27/dez/2008 – dia 2
Recoleta, Buenos Aires

Nosso celular pré-pago virou relógio de bolso. E numa cidade onde anoitece às 21h ou mais, é melhor mesmo andar com pelo menos um reloginho por aí. E os nossos estavam com suas baterias capengas. Nada mais inteligente do que recarregá-los, certo?

Pois é. Parece uma tarefa fácil quando os carregadores estão na bagagem – e os nossos estavam, antes que nos xinguem. Porém, quando fomos colocá-los na tomada, surgiu um pequeno problema:

Pode parecer um problema idiota esse de não se ter uma tomada compatível. Mas além do celular, as baterias da câmera fotográfica também precisam de um afago. A nossa necessidade idiota veio com cara de aviso: “encontrem um adaptador ou as memórias deste país cairão por terra quando vocês chegarem a São Paulo”. Saímos caçando o bendito adaptador… e como a recoleta é um bairro onde o que não falta é mercearia, loja de serviços e o escambau, achamos uma casa de coisinhas elétricas no quarteirão seguinte. Anote aí brasileiro, você precisa de um desses:

Pela bagatela de $8,50 levamos esse importante ítem de viagem, que nos proporcionou, entre tantos benefícios, usar nossas câmeras fotográficas. Parece coisa besta né? Experimente ficar sem, e as únicas recordações que você terá da Argentina serão as embalagens de alfajor.

Os sons de Buda

jan
2009
20

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 1 comentário

26/dez/2008 – dia 1
Centro, Buenos Aires

Resolvemos voltar ao hotel, pra tomar aquele banhinho revigorante pós-viagem, e nos prepararmos para o show do Buddha Sounds (23h30). O primeiro estranhamento ocorreu justamente com essa questão de horários. Em Buenos Aires, anoitece entre 20h30 e 21h, o que te faz crer que o início de noite já está bem próximo do meio.

Enfim. Saímos no hotel, e seguimos via Avenida Santa Fé em direção ao centro. A noite em Buenos Aires é das coisas mais tranquilas e gostosas de se passar. Mas aí você me pergunta: “Ué, mas toda a emoção da viagem ficou por lá, nos primeiros textos?”

Claro que não, pois enquanto caminhávamos pela Santa Fé, algum candanguito criado pela avó com leite morno de burra tacou um balão d’água que caiu exatamente na nossa frente, e sabe-se lá por quê tivemos o reflexo de darmos um pulo ridículo de uns 10cm pra trás quando o maledeto do balão passava pelas pontas dos nossos narizes. Tirando uma das barras da calça da Debs, nada mais se encharcou (e logicamente, durante o resto da viagem à noite eu passava por aquela avenida olhando para frente E para cima).

Salvos e secos, chegamos ao ND/Ateneo. Uma galera emo bem conhecida (aquela que fica às sextas empesteando o metrô Consolação) se aglomerava em frente à entrada. Era o final do show da Adicta, e enquanto os astros infanto-juvenis não tirassem seus brinquedos do teatro o Buddha Sounds não podia começar seu show (bizarro, mas é assim mesmo).

Nos juntamos às outras 10 pessoas que já estavam na fila para entrar. Pouco depois, a Adicta saiu, sendo idolatrada pela platéia da Eliana portenha. No cartaz, eles já eram feios. Ao vivo, a coisa piorava bastante. Mas o pior de todos era aquele filho de Nicodemus (o último da direita), que é exatamente esse cocô de corvo aí da foto. Chuta que é macumba.

Calma estabelecida, entramos no teatro (que me lembrou muito aqueles teatros pequenos que existiam próximos à Estação da Luz no que se diz respeito ao tamanho). A arquitetura, pra variar, fazia a diferença. Cadeirinhas velhinhas, mas um lugarzinho ajeitado. Quinze minutos depois, estava tudo lotado. Acomodados e tranquilos, presenciamos isso aqui:

Gravado no mesmo dia, e praticamente na mesma visão que tivemos…

Essa também foi no ND/Ateneo, um ano e meio antes e com qualidade e ângulo melhores

Eu gostei bastante – do lugar e da música, uma vez que o BS deixa o eletrônico de lado nos shows pra tocar com banda, e com diversas vocais, todas excelentes, fora as performances de dança que também são bem bonitas. Show pra sossegar e relaxar – mas pra gente que estava BEM cansado do corre-corre durante todo o dia, o final do show foi aguardado com ansiedade após à 1h. Volamos para o hotel à pé, ainda achando que estávamos abusando da sorte – coisa que, durante a viagem, mostrou-se infundada, e as caminhadas noturnas continuaram acontecendo com receios cada vez menores.

O primeiro dia, enfim, acabou aqui.

P.S.: e se você ficou curioso pra saber quem é a tal banda dos bichos feios que eu tão enfaticamente desci a ripa, receba este brinde com todo o carinho e ironia que esta casa oferece, e veja se o negócio não é ruim por completo:

Convencido, cabrón?

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 1 comentário

26/dez/2008 – dia 1
Centro, Buenos Aires

Os detalhes aos poucos sugiam. Um dos detalhes interessantes de Buenos Aires é o tipo de placa publicitária que se encontra nas calçadas. É uma estrutura de argamassa, um tipo de escultura onde os cartazes são colados no melhor estilo lambe-lambe, como pode-se notar na foto abaixo (créditos: Luciane):

E passando por uma dessas simpáticas placas, a Debs reparou que naquela noite tocaria por lá o Buddha Sounds (que é um projeto que eu nunca tinha ouvido falar na vida, mas que ela gosta bastante. E gostando bastante, sugeriu se eu não topava encarar o show – e já que estamos em meio ao total e completo desconhecido, por que não?

Fomos até o ND/Ateneo (não confundir com a livraria), e compramos os ingressos. Porém, durante a compra, percebemos que algo de estranho acontecia ali, pois existia um outro show marcado para o mesmo dia. O cartaz desse outro show não era tão bonito quanto o do BS – pelo contrário, chamava a atenção sim, mas pela bizarrice reunida. Atentem às figuras:

Poucas foram as vezes em que eu vi tanta gente feia se achando linda na mesma foto. Como pode-se notar no flyer do Adicta, eles tocariam duas horas e meia antes do BS. Eu nunca havia visto uma rodada dupla tão apertada (e tão sem direito a bis, o que me leva crer que a banda de fato seja uma porcaria). Resolvemos confiar no nosso taco – compramos os ingressos mesmo assim e voltamos à avenida (dado que o show era dali a mais ou menos 6 horas).

Fomos matar a fome, antes dessa história continuar. E continua…

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 1 comentário

26/dez/2008 – dia 1
Recoleta, Buenos Aires

Durante nossa eterna caminhada pela cidade de Buenos Aires (eterna, pois durou 9 dias, com outros meios de transporte sendo utilizados somente em caso de necessidade extrema), nos deparamos com aquela coisa que dá graça a qualquer viagem: os detalhes.

Detalhes que já foram descritos (alguns deles) em textos anteriores, e outros trocentos que serão descritos mais pra frente. Mas alguns, em especial, chamaram muito a nossa atenção – a ponto de dedicarmos um cuidado especial em relatá-los. Simbora pro primeiro…

Nuestra frota dura mais que a de vocês…

Não existe carro velho na Argentina. Esqueça comerciais de Concessionária. Esqueça sua funilaria preferida. Esqueça o seu mecânico de coração. Em Buenos Aires, carro se conserta com FITA ADESIVA, e absolutamente TODO HERMANO É UM MECÂNICO ENRUSTIDO.

O que existe de pau véio (o nome carinhoso atribuído a essa classe de transportes, e utilizado durante toda a viagem para apontar cada uma das aberrações) rodando em BA é coisa que não se explica. Sem brincadeira, eu nunca vi tanta carroça caindo aos pedaços circulando ao mesmo tempo. Toda a frota do Fiat Oggi e do 147 está em atividade naquele país.

Eu não sei se quando disseram na escola que cada hermano que estudasse direitinho conseguiria um emprego em uma bela oficina (que em espanhol siginifica “escritório”) fez com que todo argentino pensasse que poderia consertar seu próprio carro. E pra não dizerem que estamos exagerando, seguem alguns exemplos do que aparece por lá…

Enfim, este não será o único texto automobilístico dessa viagem. O próximo, daqui a alguns dias. E com um tema bem diferente…

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 2 comentários

26/dez/2008 – dia 1
Recoleta, Buenos Aires

Com dinheiro na mão, tudo é muito mais fácil, convenhamos. Estávamos próximos à 9 de Julio (o milagre ocorreu na Av. Alvear, pouco antes das – momento irônico – Embaixadas do Brasil e da França, que são vizinhas), e enquanto ríamos e contávamos notas verdadeiras (dada a fonte, pudemos ficar mais tranquilos) chegávamos à famosa avenida.

A 9 de Julio de fato é enorme. Cabem umas 4 Faria Limas nela sem muito esforço. Fomos corajosos o suficiente pra caminharmos até mais ou menos perto do Obelisco, quando nos demos conta que entre trocentas análises, teríamos que escolher um boteco e sentar.

Constatação: não existem botecos na Argentina.

Então procuramos mesinhas na calçada, e sim – existem, e em bom número. Escolhemos uma e nos entregamos ao calor infernal que o céu azul da foto acima condena.

Nova constatação: você deve entrar e pegar a cerveja.

Entrei, cumprimentei e notei que poucas eram as cervejas na geladeira: Quilmes, Stella Artois e… Brahma! Procuro a mais gelada, e de todas a Stellinha era a melhor, mesmo estando longe do ideal tupiniquim. Paguei a dita (sim, nesse esquema de “pegue para poder beber”, paga-se antes de abrirem a tampinha. O indivíduo me dá dois copinhos plásticos (oi?), e eu me resigno a sentar e aproveitar a mardita. Eis que olhando ao redor, reparamos algo diferente.

Mais uma constatação: lá, toma-se muita cerveja EM TEMPERATURA AMBIENTE.

E na mesa começaram a surgir os planos para como aquele primeiro dia deveria acabar. Apesar do sol a pino, a impressão é que o dia estava sim acabando (impressão que não era de todo errada). Novo fôlego, e após um litro daquele xixizão, seguimos…

Vive La France!

jan
2009
13

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 4 comentários

26/dez/2008 – dia 1
Recoleta, Buenos Aires

Desculpem o hiato. Nessa terra também se trabalha…

Muito bem. A primeira volta no quarteirão e a primeira Quilmes fizeram com que a percepção de que em terras estrangeiras nunca dantes visitadas os conceitos de caro e barato são coisas completamente desconhecidas. E que pra descobrir o que de fato custa quanto, teríamos que andar durante algum bom tempo e visitarmos outros pontos de Buenos Aires pra sabermos se de fato uma garrafa de cerveja vale $15, e uma daquelas pequenininhas de água vale $5 (sim, cincão num golinho d’água – elemento de desejo que ganhará sua citação especial futuramente).

Com notas graúdas no bolso, fomos procurar um banco para tirar nosso dinheiro. Olhamos para um lado, e lá estava: ITAÚ; olhamos para o outro, e lia-se BANCO DO BRASIL; ali do lado, um tal SANTANDER; mais à frente, CITIBANK. Então os patos (nós) olham um pro outro e dizem a patética sentença:

– Precisamos ver onde fica o Bradesco.

Pausa dramática e respiro filosófico:

Caro amigo que lê este blog, pense comigo: o Bradesco é o segundo maior banco privado do Brasil. Quando ainda estávamos aqui, ambos fomos autorizados por nossos gerentes a fazer transações internacionais utilizando nossos cartões (de débito, porque não temos cartões de crédito). Quando você se vê circundado por bandeiras conhecidas no bairro que corresponde ao Itaim cucaracho, obviamente você imagina que vá encontrar um Bradecompleto ali, virando a esquina.

Detalhe importante a ser citado: quando autorizam uma “transação internacional” com seu Visa Electron, você imagina que essa trolha vá funcionar em qualquer máquina em que esteja escrito Visa Electron”. Testei tal tese no serviço de remis assim que pegamos nossa bagagem, ali mesmo no aeroporto de Ezeiza. E a mensagem após você digitar o PIN na maquininha foi “DENEGADO”. Ou seja, nada de Visa Electron (eu faria mais dois testes até o final da viagem, pra comprovar).

Voltando…

Uma vez que nosso Visa Electron não funcionava na capital argentina, nada mais óbvio do que tirar dinheiro em espécie na agência bancária filiada à sua bandeira. Fomos até o guichê de informações turísticas, e ali perguntamos sobre o Bradescão. Não estávamos preparados para a resposta tétrica:

– Não existem Bradescos na Argentina…

Bernard Herrmann tocaria o tema de Psicose, dadas as nossas caras de “…”. Como assim amigo, NÃO EXISTEM AGÊNCIAS DO BRADESCO NA ARGENTINA E NOSSO VISA ELECTRON NÃO FUNCIONA?

Saímos desnorteados. Eu tentando pensar da forma mais positiva (e rezando pra Embaixada ainda estar aberta), e a Debs concluindo que nossa viagem tinha acabado ali, e que seríamos motivo de chacota dos representantes verde-amarelos caso fôssemos mesmo pedir arrego. Adentramos a Recoleta e andamos em linha reta (mas sem rumo), nos lamentando por sermos tão tapados e imbecis de não nos preocuparmos se teríamos ou não uma coisa tão trivial como DINHEIRO a mais de 2 mil quilômetros de casa.

Então, quando as esperanças já haviam voltado pro Brasil e nos abandonado no país de Diego Maradona, surge um sinal divino – daqueles que brilha, toca harpa e manda até um calorzinho:

Debaixo dessa placa, uma porta de vidro. Nessa porta, um conjunto de bandeirinhas. E dentre essas bandeirinhas, o sinal que precisávamos para impedir o vôo de volta da esperança:

Em algum momento, a gerente do meu Bradesco citou a tal REDE PLUS como a representante das agências do Bradesco na Argentina (e em outros países também). A gerente do Bradesco da Debs não disse nada. E pra você, que como eu nunca havia reparado que esse loguinho safado está impresso atrás do seu cartão de débito, sim, ELE ESTÁ.

Vendo aquele sinalzinho ali, entramos. Botei o maldito cartão no caixa, e recebi um lindo “BIENVENIDO MARCELO SPACACHIERI MASILI, digite seu PIN”. Botei minha senha, e surge outra tela mágica: “SELECIONE O IDIOMA – ENGLISH / ESPAÑOL”. Eu já começava a pensar em esboçar um sorriso. Escolhi a opção seguinte: WITHDRAW/CHECKING ACCOUNT. Insira o valor. Bati lá quarentinha, e antes do ENTER, rezei um Pai Nosso. Antes de concluir, o maldito caixa me perguntou se eu queria um recibo da transação (ou um atestado de burrice por escrito, caso aquela porcaria não funcionasse). SIM, AMÉM.

O barulhinho das notas sendo contadas foi orgástico. A tremedeira virou um belo palavrão proferido em tons que eu jamais pensei poder alcançar, enquanto a Debszinha ria chorando de alívio. Tiramos uma graninha cada um, agradecendo a todos os Deuses que conhecíamos (incluindo aí Michel Platini e Alain Prost, pois a França nunca mais seria vista sob os mesmos olhos após salvar a nossa vida). E depois desse sufoco que qualquer descrição não alcança a tensão passada, a conclusão era mais do que óbvia:

– Merecíamos uma segunda Quilmes, só pra começar. Nossa viagem estava definitivamente inaugurada, e agora era pra valer…

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 3 comentários

26/dez/2008 – dia 1
Recoleta, Buenos Aires

Ao sair do hotel, veio a conversa mais cabronha que tivemos nessa viagem:

– E aí, pra onde a gente vai?
– Não sei, pra onde você quer ir?
– …
– …

E aí você se dá conta que não conhece lhufas de nada, e que não existe nada além das referências de sempre quando se viaja pra algum centro (avenidas principais, monumentos, prédios históricos e afins), e que qualquer resposta que se dê além de “vamos por aqui?” é invenção da sua cabecinha.

O sentimento que se tem diante do estranhamento de se estar num lugar totalmente novo e inexplorado é uma coisa incômoda e ao mesmo tempo deliciosa, pois tudo possui um novo sabor, e a cada esquina acontece novidade em cima de novidade. Saímos do hotel por volta das 15h30, debaixo de um sol daqueles e resolvemos começar nossa viagem dando a volta no quarteirão. E descobrindo que o bairro da Recoleta é de fato tão bonito e charmoso quanto todos os que já passaram por lá nos disseram.

Diante do deslumbramento de pela primeira vez sermos nós os estrangeiros que falam uma língua diferente da nativa, fomos de lá a cá sem maiores critérios, e conhecendo aos poucos a redondeza. Depois de algum tempo caminhando, entramos em acordo: merecíamos a primeira Quilmes para brindar a chegada ao país, e fomos de encontro à dita no primeiro lugar aparentemente confiável (e que pudesse trocar nosso dinheiro) que encontramos pela frente.

O primeiro litro saiu caro: $15. Aparecia ali outro problema que não havíamos nos dados conta ainda: em tal ambiente, não se sabe o preço de nada, e por consequência o conceito de caro e barato passa a ser uma idéia que flutua por aí sem parar em lugar algum. Pagamos a dita, e saímos pra passear um pouco mais, parar em outros botecos e começarmos a nos entender com a cidade e seus valores.

Com o dinheiro um pouco mais trocado, mas ainda graúdo, era hora de saber onde tiraríamos os próximos Pesos das Quilmes que viriam. Mas este problema de proporções épicas eu relato no próximo texto.

Leão de Ouro

jan
2009
08

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 1 comentário

26/dez/2008 – dia 1
Recoleta, Buenos Aires

O mitológico Carlitos nos deixou no Lion D’or (Pacheco de Melo, 2019), hotel que ninguém conhecia mas que patrocina o mapinha que nos serviu de referência por todos os dias em que ficamos por lá. Uma portinha de um prédio pequeno e bem bonitinho no coração da Recoleta, distante duas quadras do famoso cemitério e estrategicamente posicionado numa rua pra lá de tranquila.

A primeira impressão foi sim de chegarmos a um lugar dos que cheiram casa da vovó. Pequeno e tradicional, entramos e sentirmos um cheiro de perfume que só havia lá e assim foi, sem repetir em lugar algum da cidade. Fomos bem recebidos, mesmo em Português ainda, sendo que ao final da assinatura da estadia eu arrisquei um primeiro “Gracias” – palavra que sem medo espalhamos pelos quatro cantos da cidade, pois essa era moleza e não tinha como errar.

O recepcionista tomou nossas malas e fomos ao elevador, que é um capítulo à parte dessa viagem, como pode ser conferido no vídeo logo abaixo:

Enfim, chegamos ao quarto, que pareceu apertadinho num primeiro momento, mas que nos momentos seguintes tornou-se o lugar perfeito pra bater aquela soneca. Cama das boas, ventilador silencioso no teto, uma iluminaçãozinha charmosa e uma maldita TV de 14″ que só falava espanhol (inclusive na TV à cabo), mas que nos salvou em momentos insones (e nos apresentou Peter Capusotto y sus videos, de quem falaremos mais tarde).

Do conjunto geral, nos demos bem dentro daquilo que precisávamos. Mas como nem tudo são rosas, o banheiro foi projetado especialmente pra pessoas magras e solitárias, como pode-se notar:

Mas o lugar num todo foi muito bom. Segurança na porta à noite (como se fosse necessário nessa cidade…), pessoal bem educado e discreto, e cujo contato foi igualmente agradável. Vale a recomendação – nossa e de quem já passou por lá. Malas descarregadas, fomos descobrir a cidade.

P.S.: As fotos boas são da Debs. As ruins são minhas, sempre.

Carlos, o taxista

jan
2009
06

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 2 comentários

26/dez/2008 – dia 1
Ezeiza/Recoleta, Buenos Aires

Se existe um argentino convicto, Carlos é o nome dele. O nosso choffer já se apresenta dando risada, com a mão enfaixada e arranhando um português digno de quem conhece os palhaços que saem deste país. Uma figura, com os mullets típicos, camisa entreaberta, nos acolhe em seu carro e nos leva a caminho do hotel.

O rapaz conta que tem filhos no Brasil, que passou uns dias no Rio, que não gosta do Lula, que detesta os radares brasileiros colocados na Autopista, que seu pai morreu de câncer por causa do cigarro, e fora os papos sérios faz piada atrás de piada. Insistimos no Português: eu, tentando puxar papo com o bonachão, enquanto a Debs se esquivava ao máximo de tentar se comunicar com o cara (o papel de cara-de-pau do casal é declaradamente meu).

No meio do caminho, largando a ripa na Autopista com aquele carrinho vagabundo que eu não me recordo qual era, ele vira e começa a conversar com a gente, literalmente esquecendo de olhar pra pista. Provavelmente nossa cara de pânico despertou mais uma gargalhada no sujeito, que me fez entender o porquê do último grande piloto argentino ter ganho seu último título há mais de 50 anos.

De qualquer forma, foi uma boa primeira impressão encontrar como anfitrião um falastrão gente boa como o tal Carlos. No caminho ele foi nos explicando onde estávamos, e onde eram os principais pontos da cidade. Não que nos fosse esclarecedor naquele momento, uma vez que onde tudo é novo, nada é referência. Mas foi simpático o suficiente para que o primeiro contato com o povo argentino fosse bom, e prometesse mais.

E ele não aceitou propina. Pra nossa sorte, já que a nossa menor nota naquele momento era de $10. Chegamos à Recoleta por volta das 15h sãos, salvos e de certa forma, ambientados. A viagem começara de fato.