Arquivos da categoria "‘Cinema’"

Up

set
2009
24

escrito por | em Cinema | 2 comentários

Vez ou outra a gente encontra um filme bom pelo caminho. Bom mesmo, daqueles que você diz “veria de novo” ou “compraria o DVD” assim que os créditos sobem.

Assistimos UP ontem, e pra quem já conhece a Pixar e acha que eles não são capazes de se superar, eu recomendo ainda mais.

Porque quem é capaz de te cativar com um peixinho, um carrinho, um ratinho francês ou um monstrinho zoiudo, não seria diferente com um velhinho solitário e um escoteiro gorducho. Mais do que isso: esquece-se completamente da qualidade da animação, dos investimentos em cinema 3D e de toda a parafernália técnica existente nos filmes da produtora, tamanha a competência em relação aos roteiros propostos.

UP emociona SIM. Tem uma das melhores sequências de romance da História do cinema, sem exageros. Sutil, intenso, bonito bonito. E leve… cheio de valores, de poesia em diversos momentos. Nem de longe é um filme infantil, e somente isso. Não faltam as piadas e o escracho que um roteiro que propõe a saga de um velhinho que atravessa o continente numa casinha suspensa por balões de gás hélio poderia trazer. Mas novamente, valem os detalhes. Os pedacinhos especiais, que polvilham o filme. Que passa rápido demais, de tão gostoso.

Não escrevo sobre nenhuma linha dele. Mas deixo a recomendação. Com ênfase. E repito:
– Veria de novo.

P.S.: As distribuidoras nacionais continuam com medo de trazer animações legendadas. É lamentável, cada vez mais. Porém, UP abre uma deliciosa exceção à dublagem soberba de Chico Anysio, fazendo a voz (e o coração, por assim dizer) de Carl Fredericksen, o velhinho. E dá um show, que me faz acreditar que talvez dessa vez, em um momento raro e extremamente feliz, a versão nacional tenha superado a original.

Motomasters

out
2008
12

escrito por | em Cinema | Nenhum comentário

Pra sair um pouco do besteirol e não perder tanto tempo com humor intelectual. Wild Hogs (Motoqueiros Selvagens – 2007) faz bem às almas roqueiras saudosistas, aos sonhadores da viagem sem rumo, aos geeks que pretendem descobrir o macho que vive dentro de seus widgets, e aos rapazes de meia-idade que ainda querem provar que por dentro dessa pele flácida e por trás dessa barriguinha de chopp existe um homem que ainda tem muito o que viver.

Comédia leve, mas extremamente competente. Piadas fáceis, esteriótipos comuns e facilmente reconhecíveis, mas com um mérito difícil de encontrar nos atuais besteiróis yankees: talento e atuação.

Tony Manero está ótimo no papel do falido mas com pose. Tim Allen, que eu pouco conhecia, faz o tiozão camarada e se destaca aos poucos, ganha espaço e triunfa. Martin Lawrence faz coisa bem melhor do que a infeliz Vovó Zona, e relembra um pouco (bem pouco, mas relembra) seu ótimo desempenho em Bad Boys. William H. Macy novamente rouba a cena e arrebenta, como de costume. Um elenco ótimo, recheado por aparições da família American Chopper, dos Extreme Makeover, e de Peter Fonda, revivendo o espírito Easy Rider.

Filme bom pro final de semana, com pipoca, Coca-Cola, e som no talo (afinal, desfilam durante o filme pérolas de AC/DC, Foghat, Bon Jovi entre outros)… Se a sua comédia de final de semana não estava definida, não hesite: esses motoboys são bem mais bacanas e não enfiam a bota no retrovisor alheio. E hoje em dia, arranjar um filminho leve, bom e que não apele à baixaria é coisa cada vez mais difícil.

Para os olhos

set
2008
18

escrito por | em Cinema, Música | Nenhum comentário

De forma quase infame, assistimos a ambos os filmes no intervalo de uma semana. Infame pois em ambos nossa capacidade visual é posta à prova – claro, em contextos completamente diferentes, com diferentes fins e de diferentes formas. Mas são ambos os filmes experiências. Abaixo, um breve apanhado de cada um deles.

Ensaio sobre a cegueira

Eu e mais 3 pessoas neste país não lemos este livro. Sim, faço a mea culpa, mesmo tentando me redimir tendo lido boa parte do Ensaio sobre a lucidez, porém não terminando, como de hábito em minha deficiente vida literária. Porém, esse déficit em meu repertório não impediu que eu acompanhasse todo o processo de execução, prévias, divulgação e lançamento do filme – ainda mais com uma namorada que idolatra a obra de Saramago, e contava os dias para assistí-lo. E assim, fomos ao lançamento do dito.

Eu, enquanto leigo, não nutria expectativas maiores do que as que eu podia alimentar. Ela, ao contrário, estava absolutamente elétrica e esperava que o filme de fato ficasse bem abaixo da obra, porém não a rebaixasse ao já tradicional besteirol que comumente vivenciamos ao acompanhar uma adaptação literária às telonas. O filme começa na Avenida Juscelino Kubitschek, e o que se vê dali em diante é coisa que não se descreve.

Fernando Meirelles (e que fique claro, estamos lidando com a minha opinião, de pessoa que não leu o livro e que gosta de cinema – gosta, mas detesta discutir a fundo certos temas técnicos, filosóficos e toda essa encheção que torna algo que deveria ser diversão em assunto de sala de espera) vai muito além de qualquer coisa que se possa prever. O filme flui bem, mas não flui fácil. É denso, pesado, e a imersão é inevitável. Imersão que causa certo mal-estar aos mais despreparados, mas que choca (em um décimo do que choca a obra, segundo quem leu me disse) o suficiente para que nos juntemos ao cordão dos que perdem a visão e vivem a completa inversão dos valores ditos “civilizados”.

Julianne Moore merece o Oscar, mas não vai levar. A Academia nunca entenderia um filme (e uma obra) como Ensaio. é algo que nenhum yankee tem saco pra digerir, muito menos o direcionamento de mídia e de modelos que Hollywood adora exaltar.

Muito cult para os blockbusters, e muito comercial para os pseudo-cults. O filme encanta aos que gostam de uma direção bem-feita (e ousada, que não teme sutilezas e requintes que pouca gente está acostumada a ver por aí), atuações primorosas (com destaque novamente, além de Julianne Moore, para Gael García Bernal, que está se acostumando em arrebentar quando responsável por papéis de impacto), trilha sonora impecável entre outros destaques.

Vale, e muito, a pena. E prepare o estômago. Mas, se mesmo com o que escrevi acima você ainda não se convenceu, melhor ouvir a opinião do próprio Saramago após assistir a uma exibição-teste do filme. Só não vale se emocionar já – deixe pra depois:

U23D

Esquecendo quase completamente o texto acima, o show (resumido, da Vertigo Tour) é basicamente uma compilação de trechos gravados no México, Chile, Brasil e Argentina, com destaque para o show de Buenos Aires, que claramente predomina sobre os outros na edição.

O registro deste show vale e muito aos que de fato estiveram lá, e como curiosidade aos que nunca assistiram a uma projeção 3D. Eu estive no show do Kiss na turnê do Psycho Circus em 1999, e os efeitos são basicamente os mesmos, e com a mesma qualidade (o que, diga-se de passagem, agradeço a ambas as bandas, que sempre primaram pela qualidade da diversão oferecida).

Como minha história com o show do U2 no Brasil tem proporções épicas, é quase óbvio que o “filme” me trouxe recordaçõs – as melhores possíveis – sobre aqueles dias e o quão difícil foi conseguir estar ali (os fãs da Madonna neste momento devem saber exatamente sobre o que estou falando) e presenciar um espetáculo tão grande e cativante. Não houve economia de energia do público na edição final do show, o que aproxima ainda mais a banda dos seus fãs.

Destaque importantíssimo: as inserções das animações, e de outras interferências visuais em 3D, que abrilhantam ainda mais a experiência. O U2 destaca-se cada vez mais por uma percepção tecnológica que não trai a qualidade de suas músicas. Uma banda que não vive de passado, e não tem medo de continuar dando o tom de um futuro livre de modismos. Uma possível salvação ao rock, e prováveis destaques futuros ao lado de outros grandes da História da música. Vale a pipoca, a Coca-Cola e o par de Raybans oferecidos na entrada do cinema. Continua um showzásso.

escrito por | em Cinema | 2 comentários

Da mesma forma que ocorreu com a volta do Indiana Jones, eu assisti The Dark Knight com a animação da cirança que vai brincar no Hopi Hari. E não me decepcionei, muito pelo contrário.

Assisti Batman Begins há pouco tempo. Falha moral, devidamente recompensada com a maravilhosa montagem do diretor Christopher Nolan, e com a impecável atuação de Christian Bale (na minha opinião, o melhor Batman que poderiam encontrar por aí), além do surpreendente e improvável Gary Oldman como Jim Gordon, além do excelente Cillian Murphy como Espantalho. Um elenco que Joel Schumacher não teria coragem de chamar, uma vez que seu habitual contraste entre falta de talento e excesso de tecnologia correria perigo.

Porém, ainda havia o fantasma dos dois excelentes filmes de Tim Burton, com três vilões irretocáveis: um estiloso e inesquecível Coringa com Jack Nicholson, uma mulher-gato fantástica com Kim Basinger Michelle Pfeifer (que posteriormente seria exterminada pela infeliz performance de Halle Berry) e um Pingüim inspiradíssimo com Danny DeVito. E então ele chamou Heath Ledger.

E aí amigo, a casa caiu.

É o mesmo caso de um Jamie Fox num Ray. O personagem e o ator viram uma coisa só, e a química dos dois arrebenta a telona. Não é exagero o burburinho que foi feito em cima da atuação do rapaz, que se de fato não levar um Oscar, deixará a Academia sem jeito dada a presepada que seria ignorar tal evidência. O filme é lindo, grandioso, intenso, hitchcockiano e depressivo. Um autêntico Cavaleiro das Trevas, sem medo de ser humano como Batman, e complexo como Batman.

O herói é quem tem que ser. E que não se surpreendam aqueles que acreditam em roteiros hollywoodianos: a tendência é que essa trilogia torne-se provavelmente a melhor já feita a um personagem DC Comics. Eu apostaria nisso. E pra quem ainda não tem noção do que é esse Coringa, que prove da azeitona:

E quanto à Harvey Dent, talvez eu fale – mais pra frente, lá no terceiro. E acho que Tommy Lee Jones sequer será lembrado nesse papel, dado o que… ah, vá assistir.

Ezekiel 25:17

jul
2008
01

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Ninguém ofende como ele.
Nem mesmo eu chego perto da fúria que salta de seus olhos, literalmente.

Samuel L. Jackson é rei. Ofusca John McClane em “Duro de Matar”, Vincent Vega em “Pulp Fiction” e faz com que até “Serpentes A Bordo” valha a pena. Sim, pois do alternativo ao absoluto trash movie, ele diverte. E seus personagens são absolutamente maiúsculos, falando alto, se impondo na porrada e fazendo de cada berro do lado de lá uma gargalhada do lado de cá.

Mas não basta o caricato: ele também atua ferozmente. E bem. Pra cacete. Samuelzinho é um cara bacana, que certamente dividiria uma mesa de boteco com propriedade. E creio eu, depois de me escancarar de rir assistindo “Duro de Matar 3” ontem, que ele merecia um muito obrigado em dois humildes parágrafos, deste que admira tudo quanto é tipo de vilão decente e suficientemente malvado pra fazer com que a gente torça é pra que o mocinho se estrepe antes dos créditos subirem.

Samuca, você é o cara. Matem saudades e agradeçam também:

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PULP FICTION

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SERPENTES A BORDO

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DURO DE MATAR 3

Just remember:

jan
2008
16

escrito por | em Cinema | 8 comentários

Porque eu adoro bons filmes e frases categóricas que fazem ainda mais sentido com o passar do tempo. E o doce – que irônico isso – está cada vez mais doce.

Cidadêdeus

mar
2007
27

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Adoro Cidade de Deus falando teu marido não te chupa não?, pega uma banana, esquenta, enfia na xereca e manda ele metê atrás, além dos infindos vaitománocúfiladaputa – tudo na Rede Globo. Acho chique bancar malandro na tevê mais recatada do país. Bem bacana ever.

Aos oito minutos

nov
2006
16

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Parece utopia essa vontade de viver intensamente que impera na gente, insaciável e ao mesmo tempo tão volúvel que indiscriminadamente abrimos mão dela quando precisamos atender ao cotidiano, à rotina, à burocracia e à política. Esses dois filmes aqui embaixo, por exemplo: parece besteira adolescente, saudosismo juvenil oitentista. Aí qual a surpresa ao ver que uma das histórias é sobre alguém que dribla essas coisas todas em busca de um dia com os amigos, e outro sobre alguém capaz de mudar drasticamente pelo simples fato de conhecer melhor e com um mínimo de atenção as pessoas que estão por perto.

Agora eu estou aqui, assistido novamente ao filme do Cazuza – aparentemente (e não me parece ficção, ao menos na maior parte do tempo) outra pessoa que não cansava de viver o que fosse. E se foi embora rápido ou não, cada um arca com as conseqüências daquilo que abraça.

Esse ritmo frenético não é coisa fácil de se encarar. Eu que não gostava de dormir hoje sou tão apaixonado pela minha cama quanto por aquelas noites em São Paulo que vez ou outra se repetem. Que era tão moralista e hoje não me importo tanto assim em deslizar por coisas que já me pareceram imaculadas algum dia. Algumas, não todas.

E nem basear a vida em filmes ou músicas. Cada um sabe onde mora o seu romantismo, a quantas funciona seu coração e quais riscos pretende correr. Dá medo encontrar pelo caminho a doença, a desilusão, o desgosto. A poesia, a música, os filmes, as cartas, tudo isso emociona muito e faz todo o sentido. Mas uma coisa parece certa: ninguém deseja viver a vida pela metade – nem só de arte, nem só de diversão. Velho, moço, doente, saudável – a gente quer mesmo é aproveitar o que há de bom nessa vida, o tempo todo. E nenhum esforço pra apagar ou corrigir o que desanda, o que parece não funcionar direito é pouco ou inválido.

Eu tenho medo de algum dia ir embora e deixar alguém que eu tanto quis bem infeliz. Medo de perder os bons detalhes, e de não poder levá-los comigo. Medo que também faz parte de tudo isso, e que contra ele eu perco um pouco mais da minha relação de amor com a minha cama, escrevendo um texto pra desejar dias melhores e mais cores, hoje e sempre.

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Eu adoro as promoções da Americanas (a loja – o site também, mas estou falando da loja). Adoro garimpar os milhares de DVD’s repetidos que eles colocam em promoção. A sensação é bem próxima a de se garimpar os cd’s da Neto Discos. Melhor ainda é encontrar dois dos filmes que eu me prometi desde sempre adquirir, ambos disponíveis em apenas uma cópia cada. Ruim é notar que você esqueceu seu cartão de débito no escritório, e não pode levá-los após a garimpagem. Engraçado é você escondê-los em alguma prateleira desconexa e torcer para que nas próximas 6 horas ninguém descubra seu trambique. Delicioso é saber, após 6 horas, que seu plano funcionou e você vai pra casa feliz como uma criança, que acaba de descobrir que ganhou aquilo que pediu ao Papai Noel.

Agora posso comemorar o Dia da Marmota todos os dias. E afinal de contas, eu ia perder um dia desses enfiado naquela escola?

Sessão da tarde old-times: I love that.

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Pânico, ódio, repulsa, medo, identificação imediata. Em algum momento desta vida você já quis estar do outro lado. Esqueceu em algum lugar sua educação e seus modos, ignorou o bom-senso e buscou por sangue. O mundo encantado da maldade funciona tão bem porque, sim, fazemos parte dele.

O carisma do tal lado negro não está nos fins aos quais se presta. Por sinal, isso pouco importa. Fato é que passamos por ele freqüentemente a cada teste que a vida nos coloca. A derrota do mocinho nem sempre vem da força do adversário – às vezes seu ego é maior do que sua capacidade de vencer obstáculos, e então o medo faz sua parte. Aí está a graça dos vilões: eles podem ser baixinhos, mirrados e inofensivos, mas num olhar ou num trejeito simplesmente transformam-se em monstros que atingem justamente nossa parte mais sensível, dilacerando nossa coragem e instaurando o pânico total.

A identidade que eles têm com a gente mostra-se sempre em momentos extremos. Quem nunca viveu um dia de fúria, não se sentiu nascido para matar ou quis simplesmente ter um momento iluminado que atire a primeira pedra – e atire com força, só pra não fugir do contexto. Provocar a ira é algo que nos alimenta em alguns momentos, e a reação disso pode acontecer de duas maneiras: mantém-se o controle e digere-se a raiva – cuspindo-se tudo no momento “certo”; ou perde-se o controle instantaneamente, e aí as reações são as mais imprevisíveis e perigosas possíveis…

Claro que disso tudo não se pode exaltar somente a violência e rispidez da coisa. Todo o lado sexual também ganha mais tempero. Os romances são mais inteligentes e envolventes. O charme da coisa toda é muito mais forte e natural, justificando o porquê de amor e ódio serem sentimentos tão próximos.

Doze figuras acima que representam bem o espírito da coisa. Representam no sentido mais teatral da expressão, claro. Nasceram com essas caras, esses jeitos e convenhamos: são FODA. Claro que qualquer imbecil sabe que é muito mais gostoso sentir um calor no corpo por amor, carinho e tesão do que por ódio ou fúria – isso é óbvio. Mas saber usar a força de um sentimento que sempre nos acompanha pra melhorar alguma coisa pode sim ser um tremendo diferencial entre sermos ou não alguma coisa que presta nessa vida.

E convenhamos: um mundo só de mocinhos seria um porre. Vilania forever.

P.S.: aos curiosos que não reconheceram todos, segue a seqüência: Dafoe, Norton, Buscemi, Del Toro, McDowell, McKellen, Nicholson, Malkovich, Ermey, De Niro, Penn, Pacino, Weaving, Hopkins, Lee Jones e Hopper.