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O Pinheiros foi uma segunda casa enquanto trabalhei lá. Um lugar ótimo, com gente muito boa, bastante competente e bem intencionada, mas nem sempre preparada pra fazer o que se propunha. Durante os cinco anos e meio em que trabalhei por lá na área de Comunicação Institucional, tecnicamente aprendi pouco, politicamente aprendi muito.

Mas nunca me alienei a ponto de ignorar o mundo exterior. Mesmo sendo uma república feudal (assim como todos os outros clubes de esportes amadores do país, cujas regras, diretrizes, evoluções e involuções cabem somente a seus diretores e presidentes, que fazem o que bem querem com a realidade por detrás dos muros – realidade essa que só quem paga em dia suas mensalidades sabe qual é), um senso crítico quanto a posicionamento de mercado, mídia e outras coisas que permitem que instituições centenárias ainda sobrevivam ao mundo moderno é extremamente necessário.

Lembro muito bem de quando contratamos o Gustavo Scherer (aka Xuxa), e assim que fiquei sabendo montei o destaque pra lançar na home do site, aguardando apenas o anúncio oficial. Anúncio esse que veio, voltou, depois veio de novo, voltou de novo e enfim aconteceu. Nessas de colocar e tirar (ui) o dito no site, quase me mandam embora. E eu sabia e MUITO que a culpa daquele “manda-desmanda” não era minha. Nessas horas o primeiro pensamento que te ocorre é “Cacete, contratamos um medalhista olímpico e esses putos não querem sair na frente com a própria notícia?”

Já se vão longínquos 5 anos desse ocorrido, e hoje eu notei que nada mudou.

Anunciam no JORNAL NACIONAL como última notícia da noite a super equipe que o Pinheiros está montando pra disputar a Superliga: Giba, Gustavo, Rodrigão e Marcelinho. Franco favorito, Dream Team, facilmente equiparável à repátria de Ronaldo e Adriano, sem dúvida alguma. Destaque na home de esportes da Globo.com, matéria de página com foto e o escambau, como se pode notar…

Logicamente que fui procurar a homepage especial, o hotsite, o megabanner, enfim… qualquer coisa naquele site que um dia eu invadi com o raio da foto do Xuxa (que convenhamos, perto desses 4, é mais um na multidão). ABSOLUTAMENTE NADA. E depois de uns segundos de inconformismo, eu lembrei de que a coisa por lá funciona assim mesmo: não funcionando, ou com um delay de semanas. E que se bobear, nem a equipe da qual um dia fiz parte sabe dessa bomba – e se a equipe de Comunicação não sabe, quem saberá?

Eu fico com vergonha nessas horas, de verdade. As babaquices como proibição de redes sociais, cartões de ponto, distinção entre funcionários e associados e mais algumas insandices acontecem num piscar de olhos. Porém, fazer valer seu papel de representante olímpico e trabalhar seu próprio marketing são coisas nas quais o Pinheiros não consegue se firmar – e não se esforça nem em tentar. César Cielo? É (ou era, eu não sei) de lá. Jadel Gregório? Idem (eu acompanho, passei a torcer pelo Clube e tieto, mas se depender das informações que saem de lá tô na roça). E na boa, eu acompanharia a Superliga in loco do começo ao fim com essa verdadeira seleção montada por eles. Mas precisei do William Bonner pra ficar sabendo disso, e do acaso de ter chegado cedo em casa pra poder acompanhar o jornal do casal 20.

E depois neguinho vem me fazer “campanha pra cadastramento de novos associados” com um velhinho e um moleque pincelados num imagebank da vida deitados no gramado… É pedir muito pra que aproveitem a hora certa e dêem às estrelas o merecido brilho? Porque ninguém lê jornal do dia anterior – por sinal, é em mídia com informação velha que minha cachorrinha adora depositar seus dejetos. Serve pra isso, e só.

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Vá a Interlagos, encoste na grade e ouça isso:

Chega de migalhas

ago
2004
30

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E não é nada contra o país. Eu nem cheguei a comentar os Jogos Olímpicos por aqui por alguns motivos óbvios: a falta de tempo anda evidente por aqui (a cada novo semestre a faculdade castiga mais e mais – e olhem que ainda faltam dois, sem contar este), mas o que realmente me fez deixar de lado a Olimpíada por aqui foi um motivo simples:

– Brasileiro adora se contentar com pouco.

E não me venham com essas de que eu sou cruel, sou ruim ou o diabo a quatro. Simplesmente não dá pra admitir que um país de mais de 160 milhões de pessoas não consiga desempenhar um papel esportivo decente. E não é culpa dos atletas, mas sim dessa cambada de safado que interrompe a sua novela meia-hora por dia de segunda a sábado.

Ninguém investe em base, e vamos aos poucos formando uma população cada vez mais alienada, necessitada, faminta e sem perspectivas. Um desemprego assombroso, uma desigualdade enorme e cada vez mais absurda. Claro que dentro de um quadro desses, não há como esperar mais do que pouco. Qualquer pequena vitória parece monstruosa, pois as dificuldades de vida para um brasileiro parecem cada vez maiores.

E eu vibrei com o vôlei. Adorei a prata da seleção feminina de futeba (verdadeiras guerreiras, essas foram pra lá com um uma mão na frente e outra atrás), os bronzes, enfim… Claro que os Jogos são maravilhosos, que a gente torce como se fosse uma Copa do Mundo. Mas não dá pra aguentar uma Glória Maria falando do nosso desempenho Olímpico como se fosse motivo de orgulho. Não é.

O brasileiro tem que parar de se contentar com pouco. Não somos idiotas, não nascemos pra perder, chegar em terceiro ou segundo. Não somos piores que os americanos, os australianos ou qualquer povo com cabelos loiros e olhos claros. Temos que parar de fazer cara de coitado, e enfiar o dedo nos olhos de quem atravessar na nossa frente, mesmo que esse alguém seja um irlandês de saias.

Até quando vamos continuar com essa cara de coitadinhos? Já que os engravatados não fazem nada além de falar seu nome, seu número e pedir seu voto, sejamos mais independentes e façamos do nosso jeito. Cooperativas, ONG’s, o que seja – o fato é que enquanto nossa molecada continuar como malabáris em semáforos e malditos continuarem matando e espancando sem-teto de madrugada e permanecerem impunes, este país continuará disputando nossas pequenas alegrias com países bem menores e menos desenvolvidos do que o nosso.

Se o que há de melhor no Brasil é o brasileiro, que tal tratá-lo como produto de primeira linha ao invés de refugo de liquidação?