Chega de migalhas

ago
2004
30

escrito por | em Esporte | Nenhum comentário

E não é nada contra o país. Eu nem cheguei a comentar os Jogos Olímpicos por aqui por alguns motivos óbvios: a falta de tempo anda evidente por aqui (a cada novo semestre a faculdade castiga mais e mais – e olhem que ainda faltam dois, sem contar este), mas o que realmente me fez deixar de lado a Olimpíada por aqui foi um motivo simples:

– Brasileiro adora se contentar com pouco.

E não me venham com essas de que eu sou cruel, sou ruim ou o diabo a quatro. Simplesmente não dá pra admitir que um país de mais de 160 milhões de pessoas não consiga desempenhar um papel esportivo decente. E não é culpa dos atletas, mas sim dessa cambada de safado que interrompe a sua novela meia-hora por dia de segunda a sábado.

Ninguém investe em base, e vamos aos poucos formando uma população cada vez mais alienada, necessitada, faminta e sem perspectivas. Um desemprego assombroso, uma desigualdade enorme e cada vez mais absurda. Claro que dentro de um quadro desses, não há como esperar mais do que pouco. Qualquer pequena vitória parece monstruosa, pois as dificuldades de vida para um brasileiro parecem cada vez maiores.

E eu vibrei com o vôlei. Adorei a prata da seleção feminina de futeba (verdadeiras guerreiras, essas foram pra lá com um uma mão na frente e outra atrás), os bronzes, enfim… Claro que os Jogos são maravilhosos, que a gente torce como se fosse uma Copa do Mundo. Mas não dá pra aguentar uma Glória Maria falando do nosso desempenho Olímpico como se fosse motivo de orgulho. Não é.

O brasileiro tem que parar de se contentar com pouco. Não somos idiotas, não nascemos pra perder, chegar em terceiro ou segundo. Não somos piores que os americanos, os australianos ou qualquer povo com cabelos loiros e olhos claros. Temos que parar de fazer cara de coitado, e enfiar o dedo nos olhos de quem atravessar na nossa frente, mesmo que esse alguém seja um irlandês de saias.

Até quando vamos continuar com essa cara de coitadinhos? Já que os engravatados não fazem nada além de falar seu nome, seu número e pedir seu voto, sejamos mais independentes e façamos do nosso jeito. Cooperativas, ONG’s, o que seja – o fato é que enquanto nossa molecada continuar como malabáris em semáforos e malditos continuarem matando e espancando sem-teto de madrugada e permanecerem impunes, este país continuará disputando nossas pequenas alegrias com países bem menores e menos desenvolvidos do que o nosso.

Se o que há de melhor no Brasil é o brasileiro, que tal tratá-lo como produto de primeira linha ao invés de refugo de liquidação?

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