Histórico

escrito por | em Trabalho, Vidinha | 2 comentários

A gente tem que ver um lado bom pra tudo, diria Poliana.

Pois bem. Vamos a ele então. Sim, minha vida, apesar de absurdamente atrelada às necessidades financeiras (às quais tenho que atender, nem que seja vendendo esse corpinho não tão bonito assim), tem agora novas possibilidades.

Momentaneamente pelo menos, meu escritório fica no quarto ao lado. E sim, isso é muito bom – pra quem consegue resistir à delícia do sofá da sala ou àquele joguinho da série C que passa às 14h30 de uma segunda-feira. Trabalhar é trabalhar, mesmo que em casa, e exige comprometimento. Da mesma forma, saber quando parar é tão importante quanto começar (e às vezes essa é minha maior dificuldade, mas pra isso também serve a Debs e seu charminho feminino irresistível). Em todo o caso, estar disponível (e se ocupar estando assim) é bem mais gostoso do que qualquer rotina de escritório, não há dúvidas. Sem trânsito, sem viagens de ida e volta, sem ter que encarar chuva e frio, o home office é uma modalidade deliciosa.

Ao mesmo tempo, a mobilidade que o desemprego te permite (vejam vocês, que maravilha não?) permite que esse mesmo escritório dê espaço a outro, quando solicitado. Depois, volta-se ao primeiro, ou vai-se ao terceiro, e a gente acaba conhecendo muita gente e mostrando e colaborando e contribuindo pro trabalho de muito mais gente. Esse tipo de serviço temporário evita o tédio e o empapuçamento, te leva direto ao ponto, com foco e faz do seu dia-a-dia uma constante provação. Tem gente que se incomoda em ser testada, pois nem sempre consegue provar a estranhos aquilo que só o “chefe” e camarada de boteco consegue ver. Coisas da vida.

Com o seu tempo sendo seu, construir relações e equalizar trabalhos passa a ser também responsabilidade sua. Atualmente, o que tenho feito está sendo entregue na Chácara Santo Antônio, em Foz do Iguaçu e em Santiago do Chile. Escritório grande esse né? Mas é assim mesmo, e você nota que pra um trabalho bem-feito, o mundo é sim sem fronteiras.

Assim como será daqui a 50 dias, quando embarcarmos pros dois países, e adicionarmos Peru e Bolívia à lista “pedaços do mundo que agora fazem parte de nós”. Como eu disse, tudo tem seu lado bom (e consequentemente ruim, como por exemplo nesse momento conseguir o dinheiro necessário pra viver essa viagem com o devido conforto que há quase um ano é alimentado em nossas vontades). Mas assim como o mundo, um bom trabalho não tem limites. Chega onde tiver que chegar, do jeito que chegar, e é sempre bonito de ser recebido. Mesmo que sua reunião com o cliente seja por celular, e sua roupa social, cueca e pantufas.

O mundo não é redondo por acaso.

escrito por | em Trabalho, Vidinha | 2 comentários

Eu aprendi a destruir.

Porque habitualmente, quando era pequeno, não era a vítima preferida dos populares do colégio, mas também não engrossava o pelotão dos idiotas. Eu era aquele cara que se faltasse à aula, uns três notavam. Tímido, cagão, gago. Poucas vezes arriscava, e quando o fazia, normalmente me estrepava. Com isso, me habituei ao “complexo de menos”. Isso me jogou lá na frente pra dentro do buraco, e só saí após ano e meio de tratamento. Outros tempos, que pouca gente que convivo hoje teve contato. Meus amigos vêm de depois dessa época.

Nesse período de reconstrução, virei do avesso, literalmente. E aprendi a me defender, e a me proteger. Com o tempo, ganhei adjetivos como “ogro”, “grosso” e “boca suja”. De certa forma, aprendi a abreviar as relações sociais, e reduzí-las ao alcance da sinceridade. Quem aguentasse o tranco, sobrevivia. Muitos não resistiram, outros se identificaram e fidelizei novas e ótimas relações. Me encontrei, e adotei alguns novos e úteis valores para esse novo momento da minha vida. Um momento que venho aperfeiçoando há anos, às vezes na porrada, outras em detalhes. Mas tem dado certo…

Porém, proteger-se nem sempre significa ser bom. Por várias vezes pisei, da mesma forma que pisaram em mim. Me arrependi às vezes, me orgulhei em outras. Mas de berço, aprendi claramente sobre certo e errado, e errar sempre me pesou, fosse notando o que fazia, fosse num puxão de orelha por não ter notado a cagada que fazia. Mas também aprendi a conviver com essa inconstância, e minimizar sempre que possível sua importância, dado que como qualquer ser humano, imperfeição é coisa que também exercemos todos os dias. Sim, a gente sempre tem o que melhorar, mas adotar a natação na merda como diversão pessoal não me pareceu a opção correta pra acompanhar esse processo todo. A gente já tem muito o que se preocupar, e o que provar a todo momento…

Assim, quando a vida te dá uma puxada de tapete como a que eu levei há duas semanas, tudo isso vem à tona. Você se contesta, questiona as suas escolhas, e por vezes até mesmo os seus valores, dependendo do tamanho do susto levado. No meu caso em especial, o susto foi total, e por isso mesmo coloquei em jogo algumas coisas que fazem parte da minha essência. Coisas em que acredito, e que poderiam ter feito de mim alguém “inadequado” pra algumas funções ou pessoas. Sim, autocrítica: aquela coisa que pra gente crescer, tem que deixar o ego e a cabecisse de lado e de vez em quando, exercitar.

Felizmente, os resultados foram melhores que o esperado.

E notar que dentre uma multidão, dois ou três de fato se sentem incomodados com você e seu jeito de levar as coisas me serviu de alento – sim, porque de fato unanimidades são burras, e sempre existirão espíritos de porco no seu caminho. Mais: as respostas de seu primeiro novo desafio (durante sua correria desesperada em buscar aquilo que te tiraram) serem absolutamente positivas – e isentas de outras relações senão profissionais – funcionam como efeito inverso ao balde de água fria que pouco antes jogaram na sua cabeça. É um respiro. Ou melhor – e sim, é melhor: é a esperança de dias melhores em muito breve.

Esperança. Um artigo tão raro hoje em dia, que a gente cultiva pra si, que às vezes alguém faz questão de te arrancar, e que de repente, sem mais nem menos, te devolvem com juros. Pisar e destruir é coisa que a gente não devia fazer, mas faz. Alguns, por engano ou por algum desvio idiota que deve ser corrigido sempre que possível; outros, por esporte. Faço parte do primeiro exemplo, convicta e felizmente. Conheço minha índole. Mas em nenhum dos casos, você readquire a esperança sendo assim. E nem o respeito.

Coisas que ultimamente, eu tenho buscado e muito. E conseguido, pra quem quiser ver.

Sweet and sour

jul
2011
25

escrito por | em Vidinha | 1 comentário

Meia noite e vinte e seis minutos.

Param as máquinas: a eletrônica, e a de carne e osso. O final se semana inexistiu, do ponto de vista do descanso. Não há tempo a perder, e de fato o que não se faz é o que não se ganha atualmente. Pra compensar um pouco tamanho cansaço, carinho de sobra. Da pequena, dos velhos amigos, das amigas de sempre. Carinho que tem me feito seguir em frente dignamente, e nessa pressa eu não tive tempo ainda pra remoer o que houve, muito menos me deixar abalar. Talvez a ficha caia daqui a pouco, a revolta aconteça na primeira real necessidade que eu não consiga atender. Ainda não sei o que vai acontecer amanhã. Esforço não tem faltado, nem meu nem dos meus. Poucas vezes pude contar com tamanho apoio, e isso também serve de força pra continuar em frente e não desanimar.

Mas esse “não desanimar” não é simples assim. Ainda mais pra quem há pouco tempo andava se debatendo pelas paredes por aí, procurando algumas verdades pra própria vida. As respostas vieram, o mundo parecia no prumo, e de repente a coisa desaba. Não é mole. Chegar em casa, ter que encarar a esposa e ficar com vergonha de si mesmo é uma sensação que eu nunca havia sentido. E é ruim, machuca. Saber que nem tudo depende de você, mas que grande parte desse todo é sim tarefa sua, e você não poder cumprí-la por algum motivo (quer ele exista ou não) é coisa pesada. Nessas horas, a gente coloca tudo à prova: a própria coragem, a consistência de um casamento, os laços de confiança. A desilusão com algo tão repentino te faz repensar muita coisa. Se arrepender de algumas outras. E te choca.

Com esse choque é que a gente no final das contas tem que lidar: sofre o impacto, e vai ou pra frente, ou pra baixo. Acabei não me deixando cair, e continuei andando. Mas o peso e o cansaço agora são muito maiores, e cabe a mim resistir a ambos o quanto eu puder. Não sei de onde veio essa postura de levar a coisa adiante; esquentar a cabeça com as coisas certas; repensar e fazer algo a respeito. Talvez seja a idade. Talvez seja o casamento. Ou talvez ainda seja o saco cheio que vez ou outra me pesa ainda mais, como se já não bastassem as complicações diárias.

A gente segue. À base de Dorflex, de ânimo (que surge de uma forma bizarra nas horas em que estamos completamente fodidos), de trabalhos. Os dias parecem mais longos quando não se sabe o que virá amanhã. E curtos nos intervalos das contas. Mas é isso… ou a gente faz por si, ou espera o final da história. Novamente: esperar não é opção dessa vez.

Música, beleza e poesia. Pra aliviar a segunda que começa, e dar esperança a cada novo dia. Esse amargor todo é um desabafo tão pessoal que eu escrevo pra mim mesmo. Pra registrar. E pra cada vez que eu reler um texto desses, que subitamente troca dúvidas e incertezas por um pouco de magia, possa traçar um paralelo e criar dentro de mim a esperança de uma virada iminente, prestes a acontecer, mas que eu não sei como, se e quando virá. Essa é a ansiedade boa. É essa a que eu quero ter.

Curtam a semana. Eu vou curtir e construir a minha, de novo. Nesse ritmo.

O agora

jul
2011
21

escrito por | em Trabalho, Umbigo, Vidinha | 4 comentários

De uma hora pra outra, tudo muda.

Foi assim que aconteceu comigo, há oito dias. Terça eu tinha um emprego, quarta estava na rua. Circunstâncias não serão expostas, porque convenhamos, depois de um fato dessa natureza, de que vale a gente ficar pensando nos porquês (principalmente quando eles não são tão simples de serem encontrados)?

No fim, acaba-se agradecendo aos céus pela “sorte” de não se ter entrado naquele consórcio, de ter-se feito uma economia voluntária de uns trocados que agora fazem toda a diferença. Ainda estou passando por um fato inédito na minha vida, que é cobrar aquilo que eu nem deveria exigir, dado que me é de direito. Mas esquecimentos e confusões alheias à parte, eu espero que tudo fique bem. E é única coisa que espero mesmo, uma vez que esperar não era opção dessa vez: reagir imediatamente ao ocorrido foi o que me restou. Contei com a ajuda dos de sempre, dos nem tão de sempre, e uma ou outra surpresas que me fizeram saber quem de fato continua comigo. Sou grato, todos os dias, por essas pessoas. Uma ou outra falsidadezinha ali, um oportunismozinho aqui, e ignoradas as miudezas, as rodas giraram quase instantaneamente.

Devido à viagem em setembro, acho quase uma utopia conseguir um emprego até o início de outubro. Quem em sã consciência contrataria um cara que tiraria folga de três semanas um mês depois? Sim, esse é o buraco em que fui jogado, mas que acabou revelando uma outra face completamente contrária àquilo que normalmente eu esperaria de situações desse tipo.

Trabalhar por conta é um tremendo desafio. Quase uma insanidade, pra quem está começando há pouco mais de ano uma vida a dois. Mas eu tenho todos os dias me conscientizado de que sim, pode dar certo. Incomodo diariamente meus clientes – cultivados ao longo do tempo com bastante esforço – e aos poucos entrego aquilo que faço de melhor. Tenho aprendido tecnicamente e profissionalmente em dias coisas que muita gente não foi capaz de me mostrar em anos (ou meses, dependendo da paciência ou capacidade de lidar comigo). A vida continua, e de fato, se fosse possível escolher sobre ter ou não que depender de outras pessoas, certamente a independência predominaria sobre os demais sentimentos. Pode ser mais difícil, mais inconstante e dar muito mais medo. Mas se eu, sem medo, de uma hora pra outra tive metade dos meus sonhos de curto prazo jogados pela janela, de que adianta considerá-lo nessas decisões?

Medo a gente tem de ser passado pra trás. De não receber o que é nosso. De bancar o bobo. E isso pode acontecer, qualquer que seja a situação. O que a gente não pode é temer nossa capacidade, nosso talento, e nossa vontade de transformar os tais desejos em realidade. Somos o que somos, e pra melhorar, que sejamos melhores. Colecionemos boas histórias. Tenhamos boas pessoas por perto. Façamos o que sabemos, e não tenhamos medo de aprender e recomeçar. Eu poderia me acovardar agora, bancar o coitado e bradar aos ventos sobre a canalhice desse mercado prostituído, ou culpar as injustiças do mundo por ter me tornado mais uma vítima desse contexto podre.

Foda-se tudo isso. Eu só quero (e vou) trabalhar. E bem.

Leena. Carol Leena.

jul
2011
05

escrito por | em Amigos | 5 comentários

Vou pedir licença pra publicar um e-mail que recebi de ontem pra hoje. Antes de explicar qualquer coisa, melhor que vocês leiam.

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o comentário que não foi pro teu blog.
Carol to me – 1:57 AM

Amigo meu veio aqui hoje.

Saiu há pouco, ficamos de conversa mole: vida, música, séries, trabalho. Citei você duas ou três vezes.

“Já ouviu o cd do Hugh Laurie? Amigo meu passou pra mim. Puxa, outro dia comecei a ver Dexter, amigo meu postou a trilha de abertura no Facebook e me recomendou. Aquele mesmo que me mandou o cd do Hugh Laurie. Aliás, um puta ilustrador, designer dos bons, cheio dos talentos, amigo queridíssimo. Vou te mandar o blog dele.”

Amigo foi embora, voltei pro computador.
Google: 3 minutos + masili.

Blog.

Oito anos. wow. Vários layouts – lembro de alguns – a sua onda é essa mesmo. Uma vidinha. Como gosto desse blog e como agradeço a ele por termos, sabe-se lá como, caído um na janelinha do outro.

Beijo em você, queridíssimo!


Carolina Andrade

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Feitas as honras, a minha reação ao ler a última linha foi óbvia: “eu tenho amigos que ninguém tem”. E não que eu precisasse de um e-mail pra saber disso.

Tenho esse blog há quase dez anos. DEZ. E encontrei a Carol somente duas vezes (e uma terceira, que foi tão rápida que não entra nas estatísticas). Ela mora no Rio, e foi uma das primeiras pessoas cujo blog foi de fato o responsável por nos colocar em contato. Eu só escrevia. Ela escrevia bem desde aquela época (e escreve bem demais até hoje, sofre do mesmo mal dos vinhos). E não lembro bem quem se meteu na vida de quem, mas fato é que até hoje conversamos muito, o tempo todo, sempre que a gente pode. E esse carinho todo que ela demonstrou no e-mail é recíproco e autêntico. Mesmo com somente dois encontros. Coisas da vida.

Lembro de ter falado pouco dela por aqui. Mesmo por saber que associar carinho ao sexo oposto sempre causa fofoca aos desavisados. Seria assim com ela, como sempre foi com qualquer amiga que eu tenha – mesmo depois de casado. Lamento amigos: as mulheres são de fato mais interesantes. Escrevem melhor, vivem mais, entregam-se com mais intensidade, e sim, são muito mais complexas do que nós. Nesses dez anos, foram escritos capítulos da mesma pegada com outras pessoas: Vanessa, Bibi, Su (que resultou no meu único namoro interestadual), Caróis (não só essa, tiveram outras três que acabaram desencadeando minha primeira viagem by myself pra conhecê-las, mas isso dá pra recordar aqui), Luana, e mais recentemente com a Cibele e a Mel. Mais do que “agradecer à internet”, acho que aquilo que de fato importa é ter sabido cultivar esses laços. Próximos, distantes, com muita, pouca ou quase nenhuma frequência, não importa. Muitas histórias já foram contadas nas entrelinhas desses posts. Dessa vidinha, como disse minha amiga. Coisas que nem sempre são explicadas ou expostas aqui. Dramas e conflitos pessoais, comemorações particulares, grandes decepções, fúrias e segredos.

Nem sempre a gente se mostra por inteiro. Devo contar nos dedos de uma mão as linhas que dediquei à Carol por aqui nessa quase década. Mas a amizade dela, assim como as dessas outras meninas citadas ali atrás, é tão ou mais importante do que qualquer história de mais de vinte anos da minha vida. Pessoas são mais importantes do que qualquer rótulo. Contatos virtuais ou não, estamos lidando com gente. E seja num abraço, num carinho, ou mesmo ali por e-mail, esse carinho chega, aquece e nos orgulha de termos levado a sério e em frente pessoas que poderiam perfeitamente fazer número em nossas infindáveis “redes sociais” (mas que cada vez menos têm essa função, servindo sim para nos acomodar na distância e na impessoalidade que somente a vida digital é capaz de proporcionar).

Existe algo mais. E esse algo mais é uma coisa que anda bem fora de moda por aí. Mas que essas pessoas – essas, de verdade – sabem cultivar como ninguém. Adorei o e-mail, Carol. Mais ainda: obrigado por tantos anos de carinho. Um beijão pra você.

Vinte e oito.

jun
2011
18

escrito por | em Debs | 4 comentários

Motivos.

1 – Seu abraço naquele boteco sujo de Pinheiros.
2 – Seus abraços posteriores, que foram muito melhores.
3 – Seu sumiço, que causou saudade, e deixou nosso reencontro melhor.
4 – Nosso reencontro, e seu carinho em minhas mãos.
5 – Seu sorriso, aceitando uma cerveja na segunda-feira.
6 – Sua malandragem, não fugindo do primeiro beijo.
7 – Sua valorizada, demorando a aceitar o segundo, cinco dias depois.
8 – Seu cuidado, em não aceitar um namoro logo de cara.
9 – Sua confiança, me fazendo esperar três meses por um “sim”.
10 – Sua sutileza, em aos poucos me confiar seus segredos.
11 – Sua coragem, em aceitar mudanças e retomadas.
12 – Sua força de vontade e dedicação, pelas decisões tomadas.
13 – Seu mérito, em tirar o colchão do chão.
14 – Sua humildade, em me confiar seus segredos mais íntimos.
15 – Seu companheirismo, em contar comigo e dividir o peso pra resolver problemas.
16 – Sua cumplicidade, nas minhas horas de dificuldade.
17 – Sua fortaleza, me carregando quando meu pai partiu.
18 – Sua paciência, pra me reerguer e me devolver a vida.
19 – Seu bom humor, fazendo dos dias uma busca constante.
20 – Sua simplicidade, que fez parecer simples comprar um apartamento e casar.
21 – Seu bom gosto, escolhendo apartamento e marido tão qualificados.
22 – Seu jeito, de fazer uma casa se tornar um lar tão rapidamente.
23 – Seu purê de batata.
24 – Seu soninho às 22h, que me permite assistir ao Corinthians sem dor na consciência.
25 – Sua paz, que controla minha eterna inquietude interna.
26 – Sua companhia, pro resto da vida.
27 – Seu amor, que é absolutamente perfeito, e feito pra mim.
28 – E essas fotos, que são imbatíveis.

Feliz aniversário, amorzinho. Que seus 28 anos tenham valido a pena, assim como esses quase quatro últimos valeram pra mim. Amo muito você. Um beijo e vamos aproveitar esse sábado.

Um.

jun
2011
17

escrito por | em Debs | Nenhum comentário

– Eu nasci às 7h28*.
– Por que você nasceu tão cedo, amor?
– Nasci cedinho pra poder dormir depois.

*Acho. Ela me falou mas não tenho certeza dos minutos.

É um dos motivos pelos quais a gente deu certo. Não falta bom humor. Nem dengo. Nem carinho. Nem sono. Nem seriedade, muito menos companheirismo. Não falta cumplicidade. Não falta inquietação, nem vontade de realizar um sonho depois do outro. Não falta amor. Não falta nada. O que falta mesmo é uma hora.

Um dia.

Dois.

jun
2011
16

escrito por | em Debs | Nenhum comentário

Saímos pela manhã para ver dois apartamentos. Estávamos enamorados por um (que eu nem vi, mas que me foi vendido com propriedade pela moça aí da foto). “É um predinho lindo, e o apartamento vai precisar de uma reforma boa, mas vale muito… e o preço tá pra gente”. Achei que a busca enfim já tivesse terminado, mas as corretoras quiseram nos levar pra ver mais dois. E fomos, dessa vez, juntos. Dois apartamentinhos no Jardim Monte Kemel, exatamente entre a casa da minha mãe e a casa dos pais dela. Cinco quilômetros e meio pra cada lado. Duas ruas de diferença entre eles. Chegamos ao primeiro, e ficamos encantados com aquele predinho vermelho de oito andares. Jardim arrumadinho, garagem coberta, poucos carros. Subimos, e ao entrar naquele lugarzinho, algo balançou. Dizem que você escolhe um lugar pra si quando se sente em casa assim que o conhece. É a mais pura verdade. Ficamos com cara de bobo, muito provavelmente, e saímos de lá com um sorriso idiota estampado no rosto. Sim, havia um lugar pra rede na sala. Havia uma parede preta pra se escrever com giz. Havia uma cozinha montada novinha. Havia espaço pra dois, que poderia até ser pra três. Havia ali um motivo bom pra gente encarar essa bucha. Saímos decididos. O segundo, coitado, até que era bonitinho também. Mas a dona fumava, e esse negócio de cheiro de cigarro espanta quem compra e não faz parte do movimento. E depois de meses de luta (contra a greve da Caixa Econômica, contra a burocracia que uma aquisição dessas exige, e contra agentes imobiliários nascidos de chocadeira), assinamos a escritura. Tiramos um elefante das costas, e fomos comemorar na churrascaria. E não sei se eu ou ela que lembramos de um detalhe besta, que não havíamos nos preocupado até então: “Agora a gente precisa casar né?” Verdade. Precisávamos. E assim, sem nenhum glamour e com pedaços de picanha e fraldinha sangrando em nossos pratos, instantaneamente havíamos decidido: vamos juntar as escovas.

Dos dois.

Três.

jun
2011
15

escrito por | em Debs | 1 comentário

Foram exatamente 3 meses de bateção de cabeça. De uma tentativa desenferada de fazer alguma coisa dar certo de fato pela primeira vez na minha vida. Começamos meio perdidos… dois amigos que resolveram promover a amizade a algo um pouquinho mais gostoso. Nada além…? Não na minha cabeça, que comecei a insistir na tal da menina quietinha da turma, mas cujo abraço fazia qualquer esforço valer a pena. E assim foi. Fomos pra praia, saímos pra beber, enfim, fizemos o básico. Até uma mini-viagem a gente resolveu fazer, e eu ali, tentando desesperadamente fazer com que ela cedesse e me tornasse oficialmente seu namorado. Nada. Primeiras lágrimas, primeiros desconfortos. Primeios papos mais sérios. Algumas barreiras caíam lentamente. Devagar e sempre: assim que a vida funciona com ela. A paz da Debs é o oposto ao meu destempero, e por isso mesmo ela me coloca na linha. Não é tarefa pequena diminuir minha velocidade, mas ela consegue. Como consegue acalmar o coração, e fazer com que os minutos durem horas. Ali tudo é mais calmo. Tudo é mais tranquilo. Parecia um problema, mas quando foi nessa paz que eu encontrei a minha, as coisas fizeram todo o sentido. Eu não sabia que demoraria tanto… e após 3 meses, ela é que me pede em namoro (após eu ter ouvido vários “nãos”), por MSN mesmo. Coisa que eu sempre achei terrível, mas que naquele momento me fez sim muito feliz. Ela fez parecer com que uma oficialização de compromisso fosse tão simples quanto pedir pão com manteiga. Pro meu alívio, que adoro pão com manteiga.

Foram três.

O som e o silêncio

jun
2011
13

escrito por | em Música | Nenhum comentário

Setenta e oito mil músicas em quatro anos. É o que aponta o contador da minha Last.FM daqui a alguns instantes. Multiplique esse milhar por 3 minutos (o tempo médio de uma música, o tempo médio de leitura dos textos que coloco aqui há quase 10 anos, e essa combinação não é uma coincidência), e você terá um apanhado daquilo que pode-se dizer “a trilha sonora de uma vida”. Uma vida que foi de altos celestes a profundos mergulhos. Que teme o silêncio da solidão, e grita num coração por pouquíssimas vezes tranquilo, e eternamente inquieto (pra explicar o conceito, e não deixar nada mal-entendido). Sim, eu tenho medo do silêncio, que normalmente traz a dúvida, envenena o pensamento, soca o estômago. A vida não merece essa inércia de marasmo, e pra isso serve a música. Música que me ajuda, me atrapalha, me inspira, me traduz e me sufoca por tantas e tantas vezes, mas que nunca me abandona. A companhia de sempre, em todos os momentos. Não existe nada de grandioso, muito menos que mereça comemoração num momento desses. É apenas um registro. Números são números, e pouco dizem normalmente. Mas certamente se algum dia, alguém quiser perder tempo escrevendo sobre mim, um conselho: não o faça. Aperte o play.

Isso autentica de fato quem eu sou.