O agora

jul
2011
21

escrito por | em Trabalho, Umbigo, Vidinha | 4 comentários

De uma hora pra outra, tudo muda.

Foi assim que aconteceu comigo, há oito dias. Terça eu tinha um emprego, quarta estava na rua. Circunstâncias não serão expostas, porque convenhamos, depois de um fato dessa natureza, de que vale a gente ficar pensando nos porquês (principalmente quando eles não são tão simples de serem encontrados)?

No fim, acaba-se agradecendo aos céus pela “sorte” de não se ter entrado naquele consórcio, de ter-se feito uma economia voluntária de uns trocados que agora fazem toda a diferença. Ainda estou passando por um fato inédito na minha vida, que é cobrar aquilo que eu nem deveria exigir, dado que me é de direito. Mas esquecimentos e confusões alheias à parte, eu espero que tudo fique bem. E é única coisa que espero mesmo, uma vez que esperar não era opção dessa vez: reagir imediatamente ao ocorrido foi o que me restou. Contei com a ajuda dos de sempre, dos nem tão de sempre, e uma ou outra surpresas que me fizeram saber quem de fato continua comigo. Sou grato, todos os dias, por essas pessoas. Uma ou outra falsidadezinha ali, um oportunismozinho aqui, e ignoradas as miudezas, as rodas giraram quase instantaneamente.

Devido à viagem em setembro, acho quase uma utopia conseguir um emprego até o início de outubro. Quem em sã consciência contrataria um cara que tiraria folga de três semanas um mês depois? Sim, esse é o buraco em que fui jogado, mas que acabou revelando uma outra face completamente contrária àquilo que normalmente eu esperaria de situações desse tipo.

Trabalhar por conta é um tremendo desafio. Quase uma insanidade, pra quem está começando há pouco mais de ano uma vida a dois. Mas eu tenho todos os dias me conscientizado de que sim, pode dar certo. Incomodo diariamente meus clientes – cultivados ao longo do tempo com bastante esforço – e aos poucos entrego aquilo que faço de melhor. Tenho aprendido tecnicamente e profissionalmente em dias coisas que muita gente não foi capaz de me mostrar em anos (ou meses, dependendo da paciência ou capacidade de lidar comigo). A vida continua, e de fato, se fosse possível escolher sobre ter ou não que depender de outras pessoas, certamente a independência predominaria sobre os demais sentimentos. Pode ser mais difícil, mais inconstante e dar muito mais medo. Mas se eu, sem medo, de uma hora pra outra tive metade dos meus sonhos de curto prazo jogados pela janela, de que adianta considerá-lo nessas decisões?

Medo a gente tem de ser passado pra trás. De não receber o que é nosso. De bancar o bobo. E isso pode acontecer, qualquer que seja a situação. O que a gente não pode é temer nossa capacidade, nosso talento, e nossa vontade de transformar os tais desejos em realidade. Somos o que somos, e pra melhorar, que sejamos melhores. Colecionemos boas histórias. Tenhamos boas pessoas por perto. Façamos o que sabemos, e não tenhamos medo de aprender e recomeçar. Eu poderia me acovardar agora, bancar o coitado e bradar aos ventos sobre a canalhice desse mercado prostituído, ou culpar as injustiças do mundo por ter me tornado mais uma vítima desse contexto podre.

Foda-se tudo isso. Eu só quero (e vou) trabalhar. E bem.

4 comments

  1. Mel
  2. dea
  3. jan

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