Dois.

jun
2011
16

escrito por | em Debs | Nenhum comentário

Saímos pela manhã para ver dois apartamentos. Estávamos enamorados por um (que eu nem vi, mas que me foi vendido com propriedade pela moça aí da foto). “É um predinho lindo, e o apartamento vai precisar de uma reforma boa, mas vale muito… e o preço tá pra gente”. Achei que a busca enfim já tivesse terminado, mas as corretoras quiseram nos levar pra ver mais dois. E fomos, dessa vez, juntos. Dois apartamentinhos no Jardim Monte Kemel, exatamente entre a casa da minha mãe e a casa dos pais dela. Cinco quilômetros e meio pra cada lado. Duas ruas de diferença entre eles. Chegamos ao primeiro, e ficamos encantados com aquele predinho vermelho de oito andares. Jardim arrumadinho, garagem coberta, poucos carros. Subimos, e ao entrar naquele lugarzinho, algo balançou. Dizem que você escolhe um lugar pra si quando se sente em casa assim que o conhece. É a mais pura verdade. Ficamos com cara de bobo, muito provavelmente, e saímos de lá com um sorriso idiota estampado no rosto. Sim, havia um lugar pra rede na sala. Havia uma parede preta pra se escrever com giz. Havia uma cozinha montada novinha. Havia espaço pra dois, que poderia até ser pra três. Havia ali um motivo bom pra gente encarar essa bucha. Saímos decididos. O segundo, coitado, até que era bonitinho também. Mas a dona fumava, e esse negócio de cheiro de cigarro espanta quem compra e não faz parte do movimento. E depois de meses de luta (contra a greve da Caixa Econômica, contra a burocracia que uma aquisição dessas exige, e contra agentes imobiliários nascidos de chocadeira), assinamos a escritura. Tiramos um elefante das costas, e fomos comemorar na churrascaria. E não sei se eu ou ela que lembramos de um detalhe besta, que não havíamos nos preocupado até então: “Agora a gente precisa casar né?” Verdade. Precisávamos. E assim, sem nenhum glamour e com pedaços de picanha e fraldinha sangrando em nossos pratos, instantaneamente havíamos decidido: vamos juntar as escovas.

Dos dois.

Comente