Arquivos da categoria "‘Umbigo’"

Reaprendendo a andar

maio
2011
23

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Num início de manhã gelada, eu baixei a cabeça na mesa e acordei no meio de um pátio. Doía, doía muito, existia ali uma angústia assustadora me sufocando mais e mais e mais, e essa é a única lembrança que eu tenho daquele dia. E diagnosticarem (não sei se naquele dia ou em outro, esses dias pra mim são completamente turvos e confusos) que eu precisava de ajuda foi somente uma constatação. Eu já não tinha mais controle sobre diversos aspectos da minha vida. Meus nervos pulsavam, a cabeça não funcionava mais e tudo o que eu queria era que aquilo parasse. E quando parava, tudo o que vinha era um vazio enorme. Não é simples você admitir que perdeu a mão sobre sua vida, e que precisa e muito de gente que saiba como te ajudar a voltar pros trilhos. Porque esse trabalho é seu, e cada um dos problemas que se acumulam numa hora como essa devem ser atacados, um a um, até que mais nada te impeça de ser novamente alguém são e inteligente, a ponto de saber pra onde sua vida deve ir, e que você – e somente você – é capaz de cuidar dela e fazer com que esses planos (que você teve em algum momento de sanidade lá atrás) funcionem de fato. Não é simples, e não é fácil. Essa coisa de depressão machuca demais, e eu não quero passar por isso mais uma vez. Respirei fundo, e dei meu primeiro passo há alguns minutos.

Está na hora de fazer alguma coisa por mim, antes que eu faça mal pra quem não tem nada a ver com isso. Mesmo já fazendo, e que merda é isso.

abr
2011
28

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Não foram poucas as pessoas que passaram pela minha vida nessas pouco mais de 3 décadas. Família numerosa, amigos nem tanto até 1995, muitos mais dali em diante, a gente pára de contar após confundir o primeiro nome. Tem gente que não liga pra essas coisas. Eu ligo. Gosto de colecionar nomes. Gente que eu conheço, que só vi uma vez, que ainda vou conhecer. Pessoas são meu valor mais precioso, e menos explicável. Não sei de onde saiu esse apego pelo coletivo, mas ele está aí, desde sempre me acompanhando, agradando e por vezes, me fodendo.

Li há um tempinho sobre a nossa capacidade de fazer amigos, e lidar com eles. Cultivar esses laços. Modéstia fora, eu me tornei um cara bom em iniciar e prosperar amizades. A dificuldade que tinha enquanto tímido foi compensada por uma habilidade inesperada de tirar o atraso nesses últimos quinze anos. Mudança de ambiente – passei minha primeira década enfurnado na mesma escola que uma avalanche de crianças cujo estilo de vida era separado do meu por quilômetros; a vida profissional; o período pós-análise. Tudo contribuiu pra personalidade que eu tinha medo e vergonha de formar viesse sozinha, e deu no que deu. Sou bem feliz assim, muito obrigado. E quem teve contato comigo somente a partir dessa época jamais imaginaria o Jeca que um dia fui.

E vieram os laços. E a vida adulta. E as decepções, que começaram ainda na adolescência, ainda dentro da própria família. Junto dela, a contestação de “como era possível isso acontecer numa família?”. Sim, acontece. É o que mais acontece. Depois de algum tempo, a primeira grande amizade traída. E sem me importar muito, abri mão do meu então melhor amigo já há 9 ou 10 anos. Lacunas surgiram. Perde-se o ponto de equilíbrio, parece que faltam peças no jogo, mas como a vida não tem pausa pra respiro, a gente segue mesmo que manquitolando. Outras pessoas. Novas grandes amizades. Traições pontuais. Trocam nomes, chegam e saem pessoas, e quando você vê, seu ambiente caseiro e cômodo com “aqueles amigos de sempre” e sua família faz parte de um passado inexplicavelmente distante.

Eu me apego a pessoas.

A ponto de até hoje a Debs não entender bem de onde saem tantos nomes o tempo todo. Minha mãe já disse que “sou dado demais”. Eu confio antes de desconfiar, e novamente, não pergunte-me o porquê. Nessa brincadeira, já cansei de passar por bobo, de me arrepender por contar ou abrir certos aspectos da minha vida, de achar que uma consideração igual e recíproca é coisa natural. Vieram as porradas. E tudo o que eu costumo fazer, antes de esquecer e colocar de lado, é passar nervoso.

Tenho meus cinco amigos de mais de vinte anos de convívio. Uns outros dez que são sim referência na minha vida, com os quais eu costumo caminhar junto com certa frequência. E ao redor desse universo, aquela enxurrada de gente que parece tão importante de uma hora pra outra. Momentaneamente alguns dão a entender que desbancarão o pessoal da roda de dez, pra fazerem parte dela e desfrutarem de seus benefícios. Com cada vez mais raridade, isso acontece.

Tantas linhas para resumir o quê, afinal de contas? Que sim, eu ainda acredito nas pessoas. Mas sim também, eu acredito cada vez em menos pessoas. E aquelas em que eu não boto fé, simplesmente descarto. Porque no fim das contas, a gente consegue qualificar uma mesa de bar com um pouco mais de dezena de pessoas queridas. Um número bom pra gente dar atenção, se dedicar e receber o devido carinho. Minha paciência com gente que dá de ombros, fala uma coisa e faz outra, duvida do seu caráter quando bem entende, mantém sempre o mesmo assunto, e acha que a gente não nota quando muda de postura por conviniência é nula, de gente descartável. Amizade de plástico.

Não tenho problemas pra descatar gente. Já fiz isso com amigos realmente importantes por motivos diversos. Tenho e mantenho meus valores, que por sinal são bem claros, comuns e confiáveis. Nunca prestei contas pros tais 5 de mais de 20 anos. Nunca precisei. Nos vimos crescer e sabemos quem somos, uma desvantagem para quem chega agora. E o mesmo ocorre em sentido inverso. Porém, eu acabo entregando às vezes a mesma confiança que esse punhado de gente conquistou em mais de duas décadas. Um ou outro faz por onde merecer. A maioria nem se liga. E eu também não ligo mais. Estou num ponto da minha vida que presto satisfação a quem devo, e essas pessoas sabem disso.

A quem não devo, o resultado é conhecido. E não me perguntem o porquê desse fim, sem antes pensar em como é possível jogar confiança e amizade no lixo. Fico com os meus, de sempre. E pra sempre, porque coisa boa a gente cuida.

E coisa ruim, a gente descarta. Lixo é sempre lixo, de um jeito ou de outro.

Boa noite, bom dia

fev
2011
27

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Acordei com isso na cabeça. Dane-se que eu já postei essa música trocentas vezes. Minha vida é isso mesmo, de poucos e bons momentos. E de músicas inesquecíveis.

:)

Pinheiros

jan
2011
05

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Procurando lá em 2007, acabo de notar que nunca escrevi nada sobre minha saída do Pinheiros. Não que isso pareça importante a alguém hoje (ou em qualquer dia), mas a mim pareceu um tremendo lapso não escrever uma página final sobre um capítulo importantíssimo da minha vida. E digo isso hoje estando num contexto bastante “peculiar”, que explica-se a seguir…

Nunca estive – nem planejei estar – por 5 anos e meio trabalhando num mesmo lugar. Pra um mesmo cliente. Lá, eu estive. Trabalhei em Tecnologia, mais tarde em Comunicação, e pra ser bem sincero eu nem precisaria falar sobre isso se não fosse justamente o meu trabalho a segurar minha memória por lá até hoje, o que é um negócio legal pra cacete de se saber.

E acho que isso acontece pelo fato das pessoas saberem que além do trabalho, era eu o palhaço boca-suja ali a estar sempre presente, correndo de um lado pra outro, ignorando ramais em busca de um bom networking ao vivo (coisa que por sinal eu faço até hoje). Logicamente tudo o que eu fiz lá dentro, fiz com o capricho e a atenção e competência devidas – não me segurei num cargo por meia década por ser um cara legal, ter um rostinho bonito e um corpinho gostoso. Mas ao mesmo tempo em que trabalhei muito desenvolvendo o visual de um lugar que aparentemente até então nunca tinha se importado muito com isso – e sim em ganhar medalhas olímpicas, coisa ninguém nessa país faz tão bem – fiz também muitos amigos. De verdade. Daqueles que a gente não abre mão, marca almoço, acompanha crescer.

Vi o Saulão, meu estagiário, ficar no meu lugar. E agora a Aninha, que ficou no lugar dele e com quem eu nem trabalhei junto, tornou-se minha amiga. A Yara, minha primeira chefe lá dentro, além de líder por competência – aquela pessoa pra quem você joga sem perguntar porquê – acabou dando o empurrão definitivo na minha carreira, me incentivando e buscando meu crescimento por vezes mais do que eu mesmo. Jamais terá ideia da dimensão da gratidão e carinho que tenho por ela. Abriu mão de mim na equipe por eu estar sendo subaproveitado lá dentro, e então junto com o Miltinho, desenvolvemos praticamente do zero um setor problemático, que era o de Comunicação Institucional. Que hoje é uma house, que faz trocentos projetos bacanas todo ano, e tem um reconhecimento excelente lá dentro, tanto dos diretores quanto dos associados. Eu acompanho de longe, mas ainda dou meus pitacos, direta ou indiretamente, e pago geral quando alguma coisa dá errado.

No fim das contas, um período tão grande num lugar te traz o sentimento de família, mais do que qualquer outra coisa. Uma família nesse caso gigante, pois muitas foram as pessoas que tive a oportunidade de conhecer e compartilhar um pouco das minhas coisas. Um ambiente completamente diferente dessa coisa sanguinolenta e impessoal que é o universo publicitário é você estar num lugar em que, mesmo elitista como é um Clube desse porte, você trata com famílias. Onde os funcionários possuem as mais diversas idades e origens. E onde todos trabalham num sistema que é basicamente auto-sustentável. Éramos o Pinheiros, trabalhando para o Pinheiros. E era sim muito bom isso tudo.

Em nenhum outro lugar eu esbocei um pingo de saudade na minha saída. Por melhores que tenham sido minhas histórias (e piores, em outros locais), os finais não doeram. Sair do Pinheiros foi foda. Mesmo sabendo das minhas necessidades de crescimento, de precisar mudar de cores e de ambiente, de fazer algo novo pra outros lugares que não fosse aquele. Foi e é impossível desvincular minha vida à daquele lugar que é secular e poderoso sim, não só em resultados esportivos, mas em colocar na vida de algumas pessoas valores que a gente não costuma mais ver por aí. Eu tenho sim muito orgulho de ter passado por lá. Uma saudade incômoda das pessoas (e até de algumas rotinas), e a certeza de que, assim como tive que um dia sair, ainda tenho muito a fazer por aquela casa. Porque não há outro nome para um lugar desses.

O velho e o novo

dez
2010
30

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As decisões certas

Saber onde ir, e com quem. Construir sem ficar reclamando da vida, e se sujeitar a tomar porrada em prol de um bem maior. Baixar a bola e tentar ser um pouco menos estrela. Fazer resultado usando a encheção de saco alheia. Calar a boca algumas vezes. Falar abertamente tantas outras. Não espalhar meus males. Levar em conta o que de fato faz diferença. Tolerar mais. Pensar um pouco além. Agregar pessoas boas, e desencanar de quem caga e anda pra mim.

As decisões erradas

Já fiz virarem coisas boas. Não adianta ficar se lamentando por cada besteira que se faz, ou no fim das contas ao invés de aprender a gente se torna chato. Além do mais, minha vida já não é um livro tão aberto assim há algum tempo, visto que dentre tanta coisa que a gente aprende pelo caminho, pra mim a mais valiosa diz respeito a saber separar o que é meu do que é de todos. E acho que é exatamente aí que mora a diferença de tudo.

As pessoas

São o que de fato importa. E quem me importa sabe. Dane-se o resto. Já cansei de me explicar pra todos e fazer de tudo pra remediar ou ajustar certas coisas. E apesar de me cansar, continuo (e continuarei) fazendo o mesmo. Nem sempre tudo sai como a gente quer, e muito menos nos satisfaz plenamente. Mas isso eu também já aprendi, e o que vier em paralelo a isso tudo é lucro.

As músicas e as cores

Variam, se renovam, aumentam. Explicações são desnecessárias.

O que virá

Será o resultado da consciência de tudo isso, somado a uma infinidade de novidades diárias, inexperiências concretas, cabeçadas na parede e derrapadas pelo caminho. Ninguém imagine que o ser humano é algo tão simples que possa se resumir em alguns parágrafos, ou num surto de lucidez. Ainda mais aqueles seres humanos cujo coração é maior e mais ativo que o cérebro. Me incluo. E sou bem feliz assim. O ano que vem, vem semana que vem. Mudam os números, renova-se o ânimo, limpa-se o espírito, e a vida continua. A minha, dessa vez, termina esses dias de uma maneira muito maior do que se pode explicar, mais complexa do que se possa compreender, e com desejos maiores e cada vez mais impossíveis pra daqui em diante. E o impossível pode até não acontecer, mas até se chegar nele, tanta coisa boa acontece, que é só saber valorizar, cultivar e aumentar cada fragmento e cada passo. Ignorar o crescimento é esquecer a história. E a minha, dessa vez, foi escrita a letras grossas.

Que venha 2011.

Pílulas

dez
2010
02

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Mais uma noite que eu sonho com meu pai. E não meu pai, mas aquele cara que o câncer transformou numa espécie de ameaça, a pessoa que mais me causava receio do que simpatia, e trazia mais medo que saudade. Mais do que qualquer sonho, que costumeiramente eu não lembro logo após abrir os olhos, me entristece que sejam esses os poucos detalhes que eu saiba depois de acordar. A sensação de desconforto, a vergonha que sejam essas as lembranças mais recorrentes, o medo que seja essa a frequência de memórias, e mais do que tudo, o ódio e a revolta que eu tenho de tudo isso ter acontecido dessa forma. Meu pai não era uma pessoa que merecia esse tipo de destino, mas em momento algum fugiu dele, ou tomou pra si a responsabilidade que acompanha essa porra desse vício – da qual eu já falei aqui e não preciso repetir, apesar de alguns acéfalos virem apontar dedo na minha cara (e se eximindo da mesma merda de responsabilidade). Foi-mais de um ano, e como pode-se notar, não é na morte que as coisas se encerram. A vida continua sim, pra quem foi, pra quem fica e pra quem vem. Dia a dia. E às vezes, com manhãs muito indigestas. Porque não é só de coisa boa que a gente lembra: às vezes, as dores sobressaem-se aos prazeres.

E vida é isso mesmo. E às vezes, é bem foda.

Desopilando

ago
2010
27

escrito por | em Umbigo | 3 comentários

Com direito a musiquinha-tema e o escambau.

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Essa semana foi especialmente desagradável, graças a algumas pessoas às quais espero estar cortando laços daqui em diante. E graças a mim também, por ter certas convicções e, com elas, me tornar intolerante a coisas até então suportáveis. Coisas como essa maldita relação virtual, que destrói a imagem de pessoas que pessoalmente são diferentes daquilo que insistem em demonstrar via web.

Tem cara de competição essa coisa de parecer legal (ou mais legal, ou “bem-sucedido”) por trás de um avatar e de textinhos pretensiosamente polêmicos. Ou então aquela diarreia de xingamentos e inconformismos com o mundo, as pessoas, e tudo o que não é do seu agrado. Assim como aquela avalanche de relatos como “estou no banheiro”, “estou no médico”, “estou na rede” ou “estou na putaqueospariu”, que entopem a lista daquela ferramentinha dinâmica chamada Twitter, mas que cada vez mais dá voz a um besteirol desenfreado em detrimento a alguma coisa um pouco mais interessante. Ok, cada um que use as ferramentas como melhor lhe convier. Mas depois não venham encher meu saco se o desinteresse se fizer mais presente do que o real desejo em saber o que esse ou aquele “amigo” pode trazer a mais pro meu dia.

E é engraçado como essas coisas funcionam. O desinteresse causado espontaneamente por esse bando de gente idiota e robotizada pode gerar duas consequências: aturar tudo isso de bico fechado, e caçar uma ou outra coisa bacana nadando numa piscina de merda; ou tomar uma providência, e ter sua “amizade”, seu humor ou até mesmo seu caráter contestados. Experimentei ambas as coisas, e optei pela sinceridade. Já deu.

Eu prefiro o telefone. Prefiro marcar almoços. Prefiro e-mails. Convivo muito bem com a tecnologia, mas não troco pizza por chat com webcam. Amo o idioma do país, e não aguento essa preguiça cada vez mais comum das pessoas de escrever. Fikdik, trollar, stalkear, kkkkk… isso é coisa de alienígena, ou dessa gente indoor que tem mais medo de ficar sem conexão do que de se olhar no espelho, e ver algo diferente da foto do MSN. Adicionar no Facebook é muito mais simples do que falar bom dia. Seguir no Twitter é mais conviniente do que chamar pro almoço. E se não há recíproca nesses casos (ou nos outros inúmeros e semelhantes), você é grosso, babaca, estúpido, antissocial.

E fora os cidadãos contemporâneos a este, mas com problemas dignos da molecada da sala C da 7ª série. É triste você ver as pessoas com a sua idade ou até mais velhas que você fazendo de uma noite mal dormida, de um problema no celular, de uma reportagem na TV, de uma opinião atravessada ou da “ondinha do dia” na internet um turbilhão digno de mudanças drásticas no rumo da humanidade. Essa gente nunca viveu um problema de verdade, não é possível… pagar as contas, lavar uma louça, oferecer ajuda pro cara do lado que está se fodendo no trabalho ao invés de acusar a consipiração universal como culpada pelo chororô diário, isso ninguém quer. Acordar pra vida nunca é tarde, porque hoje por exemplo eu não me preocupo mais se a menina de olhos claros me acha legal. Futebol não é a razão da minha vida. E eu cago montanhas quanto à minha popularidade perante “a galera”. Não sou obrigado a agradar a todos, GRAÇAS A DEUS.

Não ligo mais.

Resolvi limpar essa tranqueirada da minha vida. Tem muita gente com muita coisa legal por aí, e nem sempre se esforçando em aparecer como essa cambada de pipoca. Tenho uma família pra cuidar, uma casa pra sustentar, uns sonhos pra alcançar e amigos de verdade pra me importar, além de muita curiosidade por coisas novas. Esse papinho mais vazio que meu bolso no fim do mês pouco me interessa. Então, pra quem quiser se doer, morfina. E área.

Hiato

set
2009
14

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Sabe quando você quer soltar um texto quilométrico, falar de trocentas coisas e não sabe como? Pois é… Quem sabe soltando pílulas isso não funcione. Vou tentar aproveitar o dia mais calmo pra começar esse processo…

Mais de 40

ago
2009
06

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A gente veste um sorriso estranho, com gosto de dúvida, e sai pra luz. Bota a cara no vento, conversa com todo mundo, diz que está tudo bem. Recorre a lembrança, e uma polícia do pensamento toca a sirene pra prestar atenção no trânsito, pra não perder o refrão da música, pra chegar logo e se ocupar. Pra encher a cabeça, porque assim ela não reclama, não tem tempo pra ficar sozinha, pra lembrar daquele cantinho onde por tantas noites você se escondeu e chorou, e rezou, e quis morrer junto. Lembra que tem que ocupar aquele canto. Bota foto, bota mesa, mexe a geladeira, empurra móvel, faz a bagunça que tanto te incomoda, mas que hoje atrapalha o grito, que segura o choro, que te joga de volta pra vida. Lembra de que já foi pior, que assim é melhor (mentira, mas verdade), que tem que ser forte. Pra você, pra quem te importa, pra quem te protege. Você quer proteger também. Os dias valeram anos, e agora, com mais de 40, está na hora de fazer valer o que esses cabelos brancos significam. E talvez, porque essas coisas nunca se sabe, você tenha notado que por mais que tudo doa, que você pense por vezes que já passou por tudo, existe muita coisa pelo que passar ainda. E saber disso faz da curiosidade o teu combustível.

Ainda tem muita estrada pela frente.