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(Ou como meu desenho ganhou vida)

Tudo começou exatamente aqui.

Foi no texto sobre a mudança de Fórmulas (da Um pra Indy) que eu resolvi fazer uma caricatura do Barrichello. E foi um rabiscão mesmo, que virou um vetor rapidinho e pronto: bora ilustrar o texto, que nem era lá essas coisas. Mas foi pro ar, os de sempre deram uma vasculhada e o desenho chamou a atenção de alguns amigos – amigos esses que tinham outros amigos, sendo alguns deles envolvidos com o universo da comunicação e do jornalismo esportivo.

E um deles me manda algo como “vai rolar uma entrevista com o Barrichello semana que vem… tá a fim de encontrar o cara e dar o desenho pra ele?“, enquanto outra me diz algo como “tenho uma amiga que pode te colocar em contato com ele… ele não costuma receber muito desse tipo de coisa, então é certeza que ele vá curtir!“.

Pausa. Preciso explicar uma coisa:

Eu já falei trocentas vezes nesse raio de blog sobre a minha paixão por Formula Um. Coisa de gente fanática mesmo, de acordar de madrugada pra assistir corrida no frio e quase em silêncio. Ficava puto durante a Copa do Mundo do Japão/Coreia porque estavam passando futebol em horário de corrida. E de repente, ventilam a possibilidade de eu conhecer o Rubinho. Mais ainda: de eu “presentear” o cara com um negócio que eu fiz em 20 minutos. Eu pirei.

E rolou aquela expectativa básica. Passaram os dias, e nesse meio tempo dei um tapinha no desenho. Deixei mais ajeitado… afinal de contas, se é pra virar presente, que pelo menos seja bonitinho. Dias viraram semanas, e a história esfriou. Essas coisas acontecem… bola pra frente, desenho pro portfolio.

Eis que semana passada a mesma amiga entra estabanada do MSN. Dia de Corinthians e Santos, semifinal da Libertadores. A pergunta é “teu coração tá em dia?“… Já pensei “puta merda, pode me dar ingresso que eu não vou nesse jogo nem fodendo… não vou zicar o Corinthians agora“. Respondi que estava, e em seguida a frase que tirou meu chão:

– Semana que vem você vai entregar o desenho pro Rubinho.

Ok, aí eu não sabia mais o que escrever. Minha primeira reação depois do fôlego voltar foi abrir o Illustrator e começar a arrumar o desenho. Tudo o que me incomodava, que dava pra fazer melhor, precisava encher cenário, caprichar em detalhes, fazer aquela joça ficar boa. Mexi na quinta, na sexta, aproveitei o fim de semana e pisei fundo segunda. Pedi ideias, sugestões e opiniões à minha cúpula criativa pessoal, e a coisa andou. Terça corri atrás de gráfica rápida, e imprimi a bagaça (com menos qualidade do que de fato gostaria, mas o tempo urge e a gente só quer ter as coisas na mão na hora certa). Cheguei em casa e durante o resto do dia descansei.

Quarta-feira, gravação do Linha de Chegada. Estamos lá.

Pra começar a tremedeira, o programa é o do Reginaldo Leme mesmo. Equivale mais ou menos ao católico que vai apertar a mão do Papa cruzar com o cara, e o besta aqui já patina na tremedeira. Chega para a entrevista Emerson Leão, que acabou de ser mandado embora do time do Jardim Leonor. “Good for him”, dado que prefiro a imagem dele como goleiro zebrado do meu time, e não como comandante das madames. Pouco depois chega o Rubinho, todo humilde e falando baixo.

Aí a amiga da amiga que me levou lá diz que “esses caras vieram aqui por sua causa“. Ele continua todo quietão e sorridente, e vai pra entrevista. Vamos pra trás do set, e disparamos trocentas fotos da entrevista. Leão dá o tom, é o Maluf da triangulação. Rubinho fala, os fãs se deleitam. Termina a entrevista, vamos entregar o desenho pra ele. O cara vem cumprimentar, e eu preocupado em não engasgar:

– Rubinho, é uma lembrança, a impressão saiu uma merda.

Disse a amiga que os meus olhos brilharam, que os do cara também quando viu os detalhes todos. Eu não lembro de nada disso, pois estava ocupado demais tentando parecer tranquilo, mesmo com as mãos tremendo daquele jeito – a esperança era falar que eu tinha Parkinson…

– Porra, os capacetes todos, até meu pai tá aqui…
– Tem até o do Kanaan, pra ele não encher teu saco.

Ele conta a história da aposta com o Kanaan, sobre o primeiro futuro pódium dos dois. Que ele vai deixar a barba crescer, e o Kanaan os cabelos. E que o cabelo do Kanaan é ruim, e que ele vai parecer um Globetrotter quando isso acontecer…
– Tem tudo aqui.
– E a flâmula, óbvio.
– Putz, hoje vai ser foda… e o Dudu tem prova amanhã!
– Deixa ele dormir mais tarde, vale a pena.
– Vou sim. Cara, valeu mesmo, muito legal! Eu vou postar no Twitter, posso?

PORRA RUBINHO! COMO “POSSO?”!

Aí sai em foto, o cara tira foto com todo mundo. Assinou a camisa do Corinthians do cara que estava lá por ele também. Humilde chegou, humilde saiu, e eu fiquei com uma baita cara de idiota, todo emocionado. Passou um dia, meu desenho saiu no Twitter dele mesmo: “Love my fans…obrigado Marcelo pelo lindo desenho/pintura ‪#Tamojunto‬ pic.twitter.com/hILdMpd2“.

Corinthians empatou com o Boca 10 horas depois. Eu quase infartei, naquele que foi possivelmente o dia de maior ansiedade da minha vida. Estive pleno no espaço entre acordar e dormir, e realizei um dos (possivelmente, aquele até então dos) melhores momentos profissionais que já tive. Quando um ídolo teu recebe um presente mais teu ainda, gosta, espalha e se mostra melhor do que qualquer imagem que você já viu na mídia, saiba: você venceu.

E eu venci, muito, ontem. Valeu Rubinho. Foi sensacional.

*Especialmente pra Fê, pra Erica e pro Bucha, que fizeram o caminho entre sonho e realidade virar uma memória das mais legais que já tive na vida.

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  1. A amiga da amiga
  2. Ana Celia
  3. Cris Garbelotto

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