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E teve um cara lá, há muito tempo atrás, que inventou esse papo de trabalhar todo dia. Nesse dia provavelmente não estava chovendo, muito menos era uma segunda-feira (e mesmo que fosse, provavelmente o início de tudo não se deu na razão de 5:2 – ninguém seria tão idiota logo de cara).

Também é de se apostar que pra alguém pensar uma coisa dessas devia de fato ter muita coisa pra fazer: fracionar o tempo pra evitar uma briga com a esposa (sim, certamente foi um homem – as mulheres não têm idéias tão cretinas, a não ser quando possuem um cartão de crédito que não esteja em seu nome em mãos), ou então corria algum risco de morte. Não dá pra saber ao certo…

O indivíduo em questão também devia morar em algum paraíso tropical. Andava na praia às 7h, tomava um café bacana às 7h30, e às 8h, com o nascer do dia, sentia-se disposto a encarar seus afazeres após olhar aquele horizonte todo azul. Então fazia suas coisas atá a hora da fome, quando descansava e comia alguma coisa. Aí o trabalho prosseguia à tarde, com o vento e a maresia lhe dando sobrevida atá às 17 ou 18h, quando ele, não mais resistindo à tentação, abandonava as ferramentas e se jogava ao mar pra um último banho antes do cair da noite.

Claro que esse cara não faturava um puto com isso tudo. Era coisa dele, pra ele mesmo. A satisfação do dito cujo era a mesma que a de qualquer pessoa quando come um chocolate: o prazer do sabor no esforço da mordida.

Mas aí dia desses passou alguma besta pela praia, observou o sujeito e com aquele olho do tamanho de um elefante, já pensou mil histórias quanto à felicidade do rapaz. Frustrado com sua vidinha medíocre, deve ter imaginado que todo aquele bafuá funcionava do jeito que conhecemos hoje. Aí, espalhou pra uma cambada de invejosos e algum deles, com grana suficiente ou algum outro bem material sem importância, decidiu que se daria bem com aquela história toda. Comprou o roteiro, chamou os atores e se tornou o primeiro chefe (ou gerente, ou qualquer outro cargo que não signifique necessariamente alguma coisa útil, mas que faça um belo afago no ego e se imponha perante os mais fracos) de toda a História.

E quando hoje choveu, eu lembrei de amaldiçoar mais uma vez o coitado do cara da praia, que não soube guardar segredo ou ser discreto enquanto era feliz.

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