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(Intervalo)

Dá pra notar que nada melhor do que uma análise psicológica coletiva pra parar o mundo. Uma possibilidade mesmo que mínima de invasão e bisbilhotagem nas vidas alheias é algo, no mínimo, atraente (e você estaria mentindo se dissesse que nunca pensou em fazer isso com uma pessoa que fosse sequer).

Na semana de estréia dessa birosca na TV, é nítida a mudança de comportamento das pessoas no horário da novela das 8. Ao menos pra mim, que costumo estar em casa e no micro nesse horário, metade do MSN esvazia quando o BBB começa. No ônibus, não se fala de outra coisa (com exceção de dias em que rola uma rodada de fuebol, ou em dias pós-missa, como segunda por exemplo).

O que eu acho mais engraçado (e trágico) nessa história toda é o fato das pessoas levarem a vida desses “personagens instantâneos” a sério. Tá, os mais esclarecidos (e talvez você se identifique com eles) sabem muito bem do grau de falsidade e dissimulação de um programa desse gênero, e não se deixam influenciar. Mas existem outras pessoas que pensam bem diferente, e crêem que todos os dias uma nova investigação no cotidiano de cada um lhe permitirá tirar diversas conclusões sobre quem é o quê ali dentro.

Até onde isso é ou não é bom eu sei lá, e também não me sinto apto a fazer qualquer tipo de análise a respeito (tem gente que estuda a vida inteira pra isso, e certamente se sentiria ofendida por qualquer pataquada que eu soltasse aqui). Mas o fato é que nessa hipnose coletiva eu insisto em me manter alheio. Acho que o mudo todo ganha muito mais com atividades paralelas e muito mais necessárias do que assistir a um bando de modelos com QI negativo trancados numa mansão, brincando de bem-me-quer, mal-me-quer.

Tem gente que não acredita na lisura das competições esportivas. Que não crê nos políticos, em reality shows e em sorteios de loteria. Mas a moeda historicamente sempre teve dois lados. E esse tipo de realidade não dá pra ignorar.

Que ao menos possamos respirar nos intervalos. Afinal, se eles não podem ler outras coisas lá dentro, azar. Nós podemos, mesmo que isso não nos renda um milhão de Reais. Ainda.

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