Live8

jul
2005
03

escrito por | em Música | Nenhum comentário

Músicas tema deste post:
Thank YouDido
American IdiotGreen Day
Wish You Were HerePink Floyd
The Long And Widing Road / Hey JudePink Floyd

Eu podia ficar aqui filosofando, explicando a importância do que aconteceu neste sábado. Mas esperem um pouco: se vocês ainda não sabem que este foi o dia do Live8, tratem de se informar para que depois possam continuar lendo este “post emocionado”.

Porque foi uma causa nobre. Sim, em tempos de CPI e afins neste país que ainda não sacou o quanto é importante saber votar e cobrar, notamos de que forma nosso futuro está na mão dos caras do poder. E oito deles vão decidir (ou não) uma cacetada de coisas no próximo dia 6, na Escócia. Acompanhar essas coisas é chato, não é? Você acha que conseguiria cobrar alguma coisa de Mr. Bush? Nem… o cara tá longe pacas. E quem é você?

Utopias, inocências ou idealismos à parte, acho extremamente louvável qualquer iniciativa que mobilize um pensamento coletivo, por menor que seja. E quanto maior for a dimensão que ganhe, mais difícil de esquecê-lo, e perdê-lo de contexto. Ninguém tem o direito de se omitir diante de algo que seja injusto, que possa ferir nossa moral, nossos valores.

E assim foi o Live8. Uma maravilhosa defesa da justiça nos ideais pregados, de uma forma às vezes chocante, às vezes sutil, mas sempre contundente o suficiente pra causar uma mínima reflexão em quem não tem preguiça de pensar. Grandioso no formato, em shows simultâneos em diversas partes do mundo, e inesquecível, pois nesses shows (e em alguns de seus intervalos) que foi escrita mais uma página das nossas vidas.

E os shows foram muitos: Coldplay, Elton John, Green Day, Joss Stone, Velvet Revolver, Robbie Williams, Shakira, The Who, Stereophonics, Muse, Bon Jovi, Stevie Wonder, Keane, Annie Lennox, Dido, Alicia Keys, Madonna, Travis… Claro que também teve muita porcaria (Bjork, Scissor Sisters, Linkin Park, Black Eyed Peas, Celine Dion, Mariah Carey, Mötley Crüe… elelê viu), mas acima de tudo, aconteceram 3 coisas MARCANTES:

– U2 e Paul McCartney tocando Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band
Meu Deus. A parte londrina do festival começou com essa “reuniãozinha”. De arrepiar, até a alma… porque foi emocionante. Porque o Bono é simplesmente um monstro sagrado da minha geração, e a banda dele continua imexível e cada vez melhor. E quanto ao Sir McCartney, bem… leia o terceiro ítem…

– Os Porcos voltaram a voar
Roger Waters esteve no palco junto com os remanescentes do Pink Floyd. Em outras palavras: o Floyd voltou. A briga entre eles foi deixada de lado em prol do Live 8. E quando a banda tocou Wish You Were Here, eu, a Lu, a Carol e mais alguns milhões ao redor do globo choraram. Porque foi mágico. Foi lindo, especial, único. Não sei o que aconteceu, mas o mundo parou pra ouvir aqueles quatro senhores no palco, e se cada lágrima representar uma gotinha de esperança pro mundo, então teremos muito pelo que lutar ainda. Mas ainda não havia terminado…

– Quem subiria num palco após o Pink Floyd descer?
Um Beatle. O Beatle. Sir Paul McCartney subiu pra cantar quatro músicas dos besouros. Mandou Drive My Car, Get Back, Helter Skelter, e finalizou com um medley de The Long And Widing Road e Hey Jude. E novamente todos nós choramos, porque foi tudo o que o Floyd tinha sido, e por ser um Beatle. Ele tocou feliz, e todos nós estávamos felizes, porque nessa música que emocionou dos pais aos filhos, em todos os países e em todas as línguas, que dizimou distâncias e uniu todo o mundo na tal magia da música, a grandiosidade desse mestre e de todos os outros que transformaram Londres e todo o restante do mundo numa casa só serviram para que, pelo menos até dia 6, não esqueçamos que os caras do continente aqui do lado estão na merda, literalmente.

Que se a gente não fizer alguma coisa que sirva de exemplo, não serão os engomadinhos que farão. Que a culpa não é só do tio Bush, mas de todos os comodistas que acham que só prefeito, governador e presidente decidem as coisas, e a nós cabe apenas o “dever do voto”.

Se a África está distante o suficiente pra você desacreditar num ideal desse porte, comece exercendo sua cidadania, e ajude o nosso país. Pode ter certeza de uma coisa: sentir às vezes pode ser mais importante que pensar. E hoje a emoção que o Live8 trouxe para os que amam a música fez com que nos comovêssemos e nos sensibilizássemos muito mais do que qualquer outro tipo de reportagem. Nossos corações, nossos ouvidos e nossa esperança em dias melhores agradecem a este glorioso 2 de julho.

Post especialmente dedicado à Carol, à Lu, à Yara e à Van, que dividiram alguns dos muitos momentos desse dia inesquecível comigo.

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