A tal Operação Satiagraha mostrou-se mais uma das inúmeras armações da justiça deste país. Foi feito um carnaval quando da prisão de Celso Pitta, Naji Nahas e Daniel Dantas (que eu bem gostaria de saber o que estavam fazendo em liberdade ATÉ HOJE, já que com o povão se o cara é suspeito de roubar galinha vai pra jaula e de lá ninguém se lembra de tirá-lo). Agora, dois ou três dias depois, soltam os dois mais conhecidinhos e prendem novamente o que já havia sido solto (e que daqui a pouco será libertado também, se não o for até o momento em que eu terminar este texto).
Me parecem manobras das mais oportunistas situações como esta, em que uma equipe de jornalismo consegue um furo de reportagem (e de onde seria essa equipe, senão de lá, daquele lugarzinho de sempre?), explode um escândalo e dois dias depois a festa acaba, sem ninguém explicar os porquês, e a gente fica aqui, esperando a próxima bomba.
O mesmo oportunismo das exclusivas pro Fantástico, do “casais Nardonis“, e da mãe que oportunamente e por uma “incrível coincidência do destino”, dá seu depoimento justamente no dia das mães, o que aumenta a comoção nacional, sem que contudo até esse momento alguém tivesse sido julgado – sendo que o tom de ambas as reportagens foi completamente diferente, incluindo as abordagens, os entrevistadores (convenhamos que se enquanto os dois cabeçudos eram entrevistados pelo Valmir Salaro – aquele da Escola Base, lembram? – a mãe da Isabella era entrevistada pela Patrícia Poeta, que até de mim arrancaria lágrimas, de tão bonita que é aquela mulé), e até os tipos de pergunta. Obviamente que o veredicto da justiça nacional não desmentiria tamanho furo de reportagem, e daria ainda mais credibilidade ao jornalismo da casa.
Não é de hoje que os noticiários, os meios de comunicação impresso e até os digitais tomam suas verdades pra si (obviamente com uma visão macro, que grande parte da população não nota ou não procura julgar por pura preguiça de tomar alguma posição a respeito), e a mobilização geral ocorre por inércia.
E não que eu esteja querendo ligar uma coisa a outra, e nem botar a credibilidade da emissora em jogo, afinal, cada um acredita no Deus que lhe convém. Mas não custa lembrar que já enfiaram repórter em camburão disfarçado de policial, que qualquer margem de concorrência lhes dá motivo para processos dos mais descabidos entre tantas outras coisas. Portanto, não seria de se estranhar que no momento de ascenção da emissora dos Fiéis, a galera do logo de metal com arco-íris desse uma dessas, mostrando a competência inalcançável da sua equipe de jornalismo, conseguindo mais um furo de reportagem.
E audiência é importante, enquanto não começa o novo BBB, não é mesmo?
3 comments
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O_o
Caraaaaka!!! Ta ai uma ótima analise do cenário!
Eu como “assisto” mais a internet que qualquer outra coisa, sempre fico meio de fora das conversas de bar geradas pelos novos escândalos!
No geral não faz falta.. Só entre uma ou outra conversa de bar…
Mas fica sempre minha tentativa em perguntar no meio da conversa se alguém viu o último episódio de Mythbusters na discovery ou aquele documentário sobre cinema no History Channel! =(
=*
Então, legal mesmo é a Veja e o Mainardi, que falou mal do Dantas em 2005, depois (vai saber o motivo, né?) defendeu o cara até 2007 e agora diz “oba, prenderam o Dantas”.
Ai, o jornalismo acabou, Marcelo!
A Veja publicou um sonoro FORAM ELES pros pais da menininha que saiu voando ANTES da reportagem do Fantástico. Precisa falar alguma coisa?