escrito por | em Vidinha | 2 comentários

Das incapacidades mentais dos seres humanos, uma das que pessoalmente mais me incomoda é a amnésia pós-sonhos. Depois de horas e horas envolvidos na realidade imaginária, tudo se esvai ao abrir do chuveiro. Péssimo hábito, por vezes inconveninente (dado que alguns sonhos são bem bons de se sonhar), que involuntariamente fazia parte do meu dia-a-dia, e responsável pela primeira frustração de vários dias.

Fazia. Pois pelo jeito a coisa mudou.

E eu lembro bem que tal problema começou a acontecer quando a vida boa acabou. Aquela, de cuidado de mãe e despreocupação com responsabilidades de adulto. E por anos e anos foi assim, quando sono significava pausa de rotina, fuga da realidade e descanso momentâneo. Mas as preocupações, paranóias e receios afundavam a cabeça no mesmo travesseiro que eu, e interferiam na memória, que era apagada ao abrir dos olhos.

De uns tempos pra cá a coisa toda começou a mudar. E os sonhos (absurdos de sempre, como eu cantando Vinícius de Moraes de fraque num aniversário, ou dirigindo no meio da favela, entre outras bizarrices que só minha imaginação é capaz de fazer piada) começaram a fazer parte do dia, trocando a cara de frustração pela primeira chacota da manhã.

Mente em paz. Coração em dia. Algumas certezas na vida. E acho que a rotina vem ajudando muito para que a minha sanidade mental não tenha lacunas indesejáveis…

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P.S.: E falando em piada, ontem à noite, jantando no Esfiha Imigrantes nos deparamos com a cena mais do que inusitada da família sentada à nossa frente: as crianças e a mãe comendo as (fantásticas e insuperáveis) esfihas, enquanto o pai conversava com todos chupando seis ou 7 nacos de limão. Purinho. Não colocou uma esfiha na boca, não bebeu nada, abriu a carteira, pagou a conta e foram-se todos. Ficou o dinheiro, e a nossa cara de “como?”…

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