A alegria

dez
2012
17

escrito por | em Futebol, Vidinha | 1 comentário

Ontem o Corinthians foi campeão mundial, de novo.

Ontem eu não seria capaz de escrever nada. Por isso mesmo resolvi escrever hoje, após um longo, tenebroso e silencioso período onde eu preferi ouvi a falar por aí. Porque acho que mais do que o futebol, merece o registro a manhã de ontem.

Ontem, que acordei cedo e feliz num domingo. Eram 7h, e a Dé virou pra mim, ainda na cama e perguntou “Amor? Você tá bem? Tá nervoso?”, num primeiro momento dos já quase 3 anos de casamento onde lembro que, pela primeira vez, ela (não) acordou mais lúcida que eu. Tomei meu banho, vesti a camisa e saí pra buscar minha mãe, que mora a pouco mais de 5km daqui de casa. Pouca gente na rua, sendo metade com o manto alvinegro. Poucos minutos depois estava na casa da Paquinha, onde ela e a Pimpolhinha (a cachorrinha) estavam prontas pra vir pra cá. Entre um “vai Corinthians” daqui e um “é hoje!” dali, chegamos rapidamente em casa.

Ontem a Dé decidiu deitar na rede, e de lá acompanhar meu sofrimento. A mãe na poltrona, o sofá pra mim e meus tapas, berros e pulos. E lá ficamos, todos, calmamente sofrendo por um time cirúrgico e cuja eficiência já não preciso mais detalhar. A esposa curtindo a bagunça, a mãe que dizia estar muito preocupada comigo a cada jogo, mas que se mostrou mais nervosa que eu por tantas vezes. Eu? Nem sei descrever como eu era naquele momento. Mas fomos, todos, Corinthians a cada defesa do Cássio, e no gol do Guerrero.

Ontem eu chorei feito criança a cada momento que pude. Fosse no gol, num milagre, no apito final, na taça erguida ou no hino, tocando alto e lindamente no outro lado do mundo. Acabou ali, saímos pra comprar a cerveja e a carne pro almoço. A festa na rua sempre miúda e silenciosa, o cumprimento provocativo mas extremamente gente boa do santista da adega, do pessoal do mercadinho, do cara no ponto do ônibus que eu nem conhecia, mas que me deu um abraço. Quem era essa gente “que estava tão feliz por nada…?” Essa gente é aquela que não se incomoda em comemorar um momento de pura alegria como se fosse o último, não importando sob qual motivo.

Ontem o motivo foi o Corinthians – um motivo que quem vive sabe o quanto é capaz de unir uma família num momento espontaneamente perfeito. E sem dúvida, desde ontem, eterno. Que seja hoje o registro dessa felicidade, e que seja eterna a lembrança de umas 4 ou 5 horas das quais eu não seria capaz de retocar uma vírgula.

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  1. Serginho

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