escrito por | em [Viagem] Peru/Bolívia 2011 | 1 comentário

19/set/2011 – dia 5
Cusco/Vale Sagrado

Dentro do ônibus, a sensação era de cansaço. A tarde caía aos poucos, e o caminho era sempre pra cima. Em curvas sinuosas, áimos aos poucos cada vez mais alto. Quando parecia que estávamos chegando, não estávamos sequer na metade da subida. E assim foi. O céu acinzentando, e lá fora parecia cada vez mais frio. Algumas vezes a Debs ou a Mel tentavam uma foto externa. Abriam um pouco o vidro, e o vento vinha cortando como navalha. A chuva havia cessado, e caía agora uma garoa gelada – nada comparável ao aguaceiro do nosso destino anterior, e por isso mesmo havia esperança de coisa melhor em nossa chegada.

E enfim chegamos a Chinchero, um distrito que fica a mais de 3700m de altitude. Descemos do ônibus e o frio de fato era descomunal. Minha mãe já estava num ritmo mais devagar que a gente, e foi preciso um pouco de calma pra acompanhá-la até o ateliê que ficava localizado no alto de uma escadaria logo após a entrada. Subimos e ao chegar lá em cima, nos acomodamos ao redor de duas artesãs, que nos explicariam durante alguns minutos como são feitas as peças de lá tecidas pelos locais, e seu jeito absolutamente rústico e natural de coloração, que humilha qualquer processo mais moderno, tal a força que as cores ganham após o tingimento – que é feito com sucos naturais, seivas e até com bichinhos esmagados. Um barato.

Vale também atentar que assim que todos chegam e se acomodam para a demonstração, duas ou três cholas vão distribuindo chá de coca para os turistas – para esquentar um pouco o corpo naquele frio todo, e para amenizar os efeitos da altitude. Sim, porque não é por ser de um lugar simples que as pessoas tratam mal seus visitantes (e potenciais clientes). A demonstração foi divertidíssima, com a artesã/mestre de cerimônias brincando com todos, mostrando suas ferramentas de trabalho e contando um pouco mais da história do povo peruano. Após concluir a demonstração, dá-se uns 20 minutos para as compras – que são volumosas, praticamente de todos, e nos incluímos nisso. As peças são lindas e valem o investimento. Mas esqueça a pechincha: as artesãs são duras na queda e o preço só baixa depois de muito bate-boca.

Nosso guia então nos levou à igrejinha (Iglesia Virgen de Natividad) no alto do distrito, onde antes mesmo de nos reunirmos pudemos observar a chegada da noite lá do alto. Uma paisagem absolutamente fantástica, pra fechar de forma maiúscula um dia espetacular. Entramos, e na igreja soubemos maiores detalhes sobre as crenças, deuses e significados da cultura peruana, e de que forma eles foram capazes de camuflar seus próprios credos de forma que os espanhóis não notassem que sua cultura sobrevivia implícita em obras e mensagens aparentemente européias. Pra gente se emocionar, tamanha a capacidade e força de um povo que a gente conhece tão pouco. Saímos de lá babando por mais informação, e querendo mergulhar de cabeça no universo dos incas. Se existia alguma dúvida de que tanta correria durante a viagem valeria a pena, ela acabava ali. E o dia também.

Jajá, as despedidas e umas novidades.

1 comment

  1. Mel

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