Dois mil e doze

jan
2012
03

escrito por | em Vidinha | Nenhum comentário

O ano que tinha tudo pra começar mal resolveu subverter minhas certezas e começar bem. Mesmo com planos de comemoração frustrados, o dia 31 resolveu amanhecer chuvoso e promissor a um bode dos mais mal-encarados. Encarnamos a preguiça e assim seguimos até o início da tarde. A Debs resolveu me ajudar na cozinha após as compras da manhã – frutas pras caipirinhas e a macarronada do final de semana – fazendo seu momento Kylie Kwong na célebre frase: “This is my own version of linguiça picadinha”. Mitológico.

A tarde veio, e eu fui até minha mãe colocar uns pingos nos is. E acho que é assim que a gente resolve algumas coisas na vida: entre nós, de frente e com o coração aberto. Eu precisava disso, e assim nos despedimos antes do ano novo para nos reencontrarmos aqui em casa no dia seguinte. Ser responsável pelos próprios atos. Dessa vez eu fui, conscientemente, e deu tudo certo. O ano de 2011, que foi absolutamente incrível, poderia ser comemorado de fato.

Chego em casa, e a Debs me prepara uma surpresa da qual eu vou guardar aqui pra mim e vocês não precisam saber. Nossa lousa nunca teve palavras tão bonitas, e eu vi aquilo como uma baita recompensa a um ano tão bonito. O Sol saiu. Chamem-me de brega, mas eu vi naquilo tudo uma resposta. O ano que terminava dava passagem a outro ainda mais promissor, e as coisas se sucediam de uma forma que eu de fato gostaria que acontecesse.

Fizeram falta o restante da família que estava lá em Floripa, assim como a irmãzinha de olhos claros que fez muito bem em ficar com as outras flores em casa, e os padrinhos que foram churrascar em outro quintal. Estávamos só nós dois, e o clima que tinha mudado em questão de horas fez a gente descontrair com tanto desencontro. Resolvemos sorrir, e fomos pra cozinha. Pra boa surpresa, de repente (assim, separado, viu povo do Facebook e do Twitter?) toca o interfone e os padrinhos estão lá embaixo. Sobem, e temos docinhos, um tal de Valdorella (que eu nunca tinha ouvido falar, e que foi o melhor espumante que eu tomei na vida), mas principalmente um brinde – a um ano devidamente vivido e viajado. Sim, fomos pro Perú, todos nós, em momentos e situações diferentes. Tivemos por lá um banho de mundo real. Umas imagens inesquecíveis, e histórias únicas pra contar. Foi incrível, e a gente SABE disso. Obrigado, 2011.

A noite passou, eles infelizmente saíram, e nós resolvemos preparar a comida. Nós? Sim, nós, e a Debs limpou a carne com a habilidade de um Top Chef. Dia inspirado, não? Batatas da vovó, arroz e um naco de boi. A casa cheirosa, o ano vira e a gente sabe: deu tudo certo sim. Quem a gente ama se faz presente, sempre. Fizemos muito bem a nossa parte. Ligamos pra mães, ligaram pra gente, falamos o que devíamos, enviamos fotos aos amigos mais especiais. A vida seguiu, e 2012 começou. A comida ficou pronta, e jantamos de madrugada assistindo TV Pirata.

Lembro que começamos o ano passado convidando todos a participar de um sonho. Esse ano, fazemos diferente. Porque mudar é bom, e melhorar, necessário. Planos, acho que todos temos. Mas aprendemos – eu e ela – a valorizar algumas coisas especiais. Algumas pessoas especiais. Nos aproximamos de algo mais autêntico e essencial, eu pude ver isso lendo aquela parede. Crescemos. Um ano a mais, mais um em nossas vidas. Temos muito o que fazer, mas começamos bem. Vai melhorar. A viagem – aquela que eu vinha descrevendo – vai voltar pra cá agora. Entre outras coisas, afinal, estamos vivos.

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