Doutor

dez
2011
04

escrito por | em Futebol | 1 comentário

Estávamos no aeroporto de Congonhas. Eu, possivelmente no colo da minha mãe, ou caminhando meus primeiros metros (ou nem tão primeiros, realmente eu não me recordo). E Paquinha sempre me contou essa história com um sorriso na cara… que avistou aquele rapaz e me levou até ele. Um cara barbudo, cabelo desgrenhado, magro de dar pena. Se aproximou, e me disse:

– Olha Celo, é o Sócrates…
– Que homem feio, Paquinha…!

E o doutor, que poderia emputecer, vira pra minha mãe – que já estava completamente sem jeito – e com toda a calma do mundo, após me dar um beijo no rosto, diz:

– Esquenta não senhora. Criança é sincera mesmo.

Foi esse o meu vexatório encontro com o Magrão. Eram meus primeiros dias como corinthiano, e aquele cara feio de doer se tornaria na minha vida um dos nomes mais importantes da minha paixão alvinegra. Num dia como o de hoje, onde disputaremos uma final ideal contra nosso arqui-rival, num Pacaembu todo preto e branco, lotado e lindo, valendo nossa quinta conquista nacional e com enormes probabilidades de terminarmos o dia em festa, é absolutamente triste pensar que esse cara não estará aqui, neste plano, com a gente. Seja pra comemorar ou pra xingar. Sócrates foi uma das personalizações mais perfeitas desse time do povo, e um brasileiro daqueles que todo mundo devia se orgulhar. Imperfeito como todo ser humano, um monstro com a bola nos pés, uma voz completamente respeitável.

Vai em paz Magrão. Que puta sacanagem você nos deixar.

1 comment

  1. Carol

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