A paz e a altitude

out
2011
05

escrito por | em [Viagem] Peru/Bolívia 2011 | 3 comentários

15/set/2011 – dia 1
São Paulo/Santa Cruz de la Sierra/La Paz

Se você, caro amigo, assim como eu culpou a seleção e não a altitude por aquela vexatória derrota nas eliminatórias para a Copa em 1993, deveria reconsiderar sua decisão após nosso pouso em La Paz. Descemos do avião num frio do cão (extremamente bem-vindo após o calor relatado na primeira perna da viagem), e ao sair da pista nos deparamos com uma rampinha, que conduzia os passageiros à área de desembarque. Uma rampinha, que quase matou quem não considerou aquilo um obstáculo. Sim, esse papo de altitude é real. Muito mais do que qualquer um de nós imaginaria.

Pegamos nossas malas, e saímos do aeroporto em dois táxis, que fizeram a precariedade desse tipo de condução na Argentina parecer tecnologia de ponta. O fato de termos tirado dinheiro em Santa Cruz garantiu nossa viagem até o hotel, dado que estavam na minha carteira as únicas moedas bolivianas do grupo – e assim fomos.

O trânsito em La Paz merece destaque nesse texto.

Algo que se assemelha a andar à pé no meio de algum mercado indiano. Nunca vi tamanho caos e desordem num mesmo lugar. Pra vocês terem uma ideia por cima, depois de voltar tenho achado o trânsito de São Paulo coisa tranquila, de primeiro mundo mesmo. Os carros – em sua grande maioria, sucatas, e cuja maioria da maioria é sim de táxis e vans – são movidos a buzina. Nego muda de faixa, passa por cima e desvia na contramão com a naturalidade de quem descasca uma banana. Os pedestres esperam os carros se aproximarem para exercitarem a arte do drible. Criança e velho valem tanto quanto um pedaço de jornal. A coisa é sem controle. De repente, no meio da rua, um monte de areia, um monte de pedra, uma barricada. Semáforo e sinalização são ítens de decoração. Se funcionam, ninguém nota. Cinto de segurança? Capacete? Esqueçam… Descrever é impossível, mas eu resumo: foi uma das “viagens” mais emocionantes dessa história toda.

La Paz é uma cidade no meio de um vale. O aeroporto fica no topo, o que nos fez descer numa espécie de Marginal em espiral, que vai adentrando o vale. As cores da cidade só saberíamos posteriormente, mas a descida perante aquele universo de luzes numa noite bem escura e fria foi coisa das mais bonitas. Não perceberíamos ali que haviam outras coisas que a faziam mais bonita, mas as coisas acontecem aos poucos. O trânsito quando chegamos lá embaixo (uma cidade congestionada numa noite qualquer me trouxe lembranças imediatas de onde vinha) era absolutamente caótico. Porém, poucos minutos depois, já estávamos em frente ao Loki.

Sim, o táxi parou no meio da rua. Descarregamos sob o som de infindáveis buzinas. E aquilo seria coisa cada vez mais normal e frequente dali em diante. Valeu para estrearmos um de nossos vários e novos hábitos. E chegamos ao hostel. O qual descrevo depois.

3 comments

  1. Vanessa
  2. Yara

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