Malas prontas

set
2011
14

escrito por | em [Viagem] Peru/Bolívia 2011 | Nenhum comentário

Num churrasco, há muito tempo, surgiu o papo. Debs e Lu estavam nele, e num momento todos queriam ir a Machu Picchu. Todos se empolgaram, e o assunto, assim como nasceu, morreu naqueles ímpetos de sonhos coletivos que a gente vive por alguns instantes e desaparecem em seguida. Mas eu lembro, e até fotos eu tenho desse tal encontro.

Passaram-se (muitos) anos.

Amanhã ambas embarcam. Eu, que casei com uma delas, também. Minha mãe, idem. Lu sempre carrega a Sol – que topou a empreitada, e eu há pouco mais de ano carrego a Mel. Foram meses e meses de um aprofundamento absurdo nesse sonho que começou coletivo e de fato agora se realizará coletivo, mesmo que sejam coletivos diferentes. Não importa.

Nesse meio tempo, venho tentando descobrir o que será essa viagem na minha vida. Porque tem gente que viaja de um jeito relativamente fácil, e nem sempre se empolga tanto com uma nova empreitada. Não é meu caso. Estou indo novamente sob a sombra do desemprego (duas viagens até agora, e ambas assim – porque emoção não falta, né minha gente?), e nem um pouco preocupado com isso. Lembro bem do que foi o impacto de pisar fora do país pela primeira vez. Que se dane se era no país vizinho, fato é que foi espetacular – e mesmo em somente oito dias, poucas foram as vezes em que pude contar tantas histórias acumuladas num período tão pequeno de tempo. Conquistamos uma nova oportunidade. A minha segunda.

E meus significados aos poucos foram surgindo, tão óbvios que citá-los me parece redundante. O maior de todos, sem dúvida, é estar próximo de tanta gente querida em lugares absolutamente espetaculares; dividir minha primeira grande viagem após o casamento, numa pseudo lua-de-mel tardia mas especialíssima; inaugurar minha mãe ao mundo, 64 anos após esse mesmo mundo tê-la recebido; inaugurar também a mais nova e nesse momento mais próxima amiga da mesma maneira; ladear a pseudo-irmã de cabelos coloridos em locais capazes de nos unir ainda mais; aprender um pouco da latinidade sempre exaltada pela chileninha estando junto dela; reencontrar a outra amiga chilena no meio da viagem, e conhecer um novo amigo pelo caminho. São óbvias essas percepções, mas relembrá-las mesmo antes de embarcar já deixa essa nova conquista ainda mais especial.

De tudo isso, uma coisa já aconteceu: o vício pela vida. O mesmo que a Debs me mostrava a cada nova descoberta, fosse onde fosse a pesquisa, a qualquer momento. O valor de uma inquietude que nunca tive alimentada em meus sonhos, ela trouxe. E trouxe com força. Mostrou ser possível sonhar E realizar, mesmo que para que essa soma se tornasse possível meses de esforço fossem necessários. Nenhum esforço é em vão, e a prova está aí, a poucas horas de tornar-se história. E da mesma maneira, esse sonhar junto que hoje a gente vê no que dá nunca esteve atrelado a rótulos: namoro, casamento, fosse o que fosse, tive nela a base do conciliamento entre planejamento e execução. De um sonhar contínuo que renova espírito(s) todos os dias. E hoje, vendo que tudo o que cogitamos, planejamos, adaptamos e executamos está aí, pronto a acontecer, só me mostra que sim: é possível, pequenininha. Olha a gente aí, voando de novo.

Então fica assim: meu último texto por aqui nas próximas quase 3 semanas. Um período sabático se inicia agora, quando ao lado de cinco pessoas que eu posso entregar amor, carinho e essência sem meias-palavras, vou lá viver essa experiência que foi citada aqui mesmo, nos primeiros minutos desse ano. Não é somente um tempo pra mim. Mas sim, alguns dos possíveis dias mais marcantes das nossas vidas. Um sonho coletivo, mas cujas imagens cada um vai guardar do seu jeito.

Falta um dia. E em breve, cada um dos outros 17 seguintes eu faço questão de descrever, derramar e esmiuçar por aqui, daquele mesmo jeito que fiz há quase 3 anos. Possivelmente de uma maneira ainda melhor, e mais compartilhada. Fico feliz que palavras não sejam capazes de quantificar essa experiência: só isso já prova o quanto ela é especial. E vem sendo, desde novembro, quando pela primeira vez conversamos, eu e a Debs, sobre isso.

Taí. Agora é pra valer. Até a volta, molecada.

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