Rede Globo dedicada desde o início da semana. Presidente por lá. Pelé falando merda. É, o Rio já está eleito (duvidam? Aguardem mais algumas horas…). Todo mundo falando que a Copa trará desenvolvimento pro país. E que os Jogos Olímpicos trarão o mesmo ao Rio de Janeiro. Polianas de plantão: em que mundo vocês vivem?
Um país que não oferece educação (de qualidade) nem saúde a seus habitantes não é capaz de evoluir com um evento pontual. Explicação óbvia, batida e rebatida essa: sem educação, não há cidadania. Um não-cidadão não é capaz ter opinião própria, e ser independete tanto em suas ações e escolhas quanto no cuidado com os seus e os mais próximos. Um povo que não é povo, e numa sociedade onde a coisa funciona no cada um por si, e que se foda quem está abaixo de mim não é capaz de evoluir com um sonho esportivo, muito menos baseado no tal “espírito olímpico”.
E nesse pensamento, temos dois líderes dos maiores eventos do país na próxima década: Ricardo Teixeira e Carlos Arthur Nuzman. Detalhes sobre a biografia de ambos não são necessários aos mais esclarecidos, e aos menos também. Enfim, falar de impunidade, favorecimento, enriquecimento ilícito e toda essa punheta é chover no molhado. Sabe tudo aquilo que a Globo não fala? Então.
Por isso que eu digo e repito: potência esportiva é o cacete. Paga-se quase cinco meses de imposto pra se fazer trabalho voluntário num evento desses? Botar exército na rua pra segurar traficante? Fazer acordo com bandido pra que não estoure uma bomba e queime nosso filme lá fora? Batemos joelho pra… Honduras. A molecada continua se prostituindo nas esquinas. A câmara permanece intacta. Ninguém (que de fato importe e tenha dinheiro) vai preso… e vocês querem Copa e Olimpíadas?
Repito: quer ser voluntário e honrar um país que investe no esporte? Vá trabalhar de graça então, mas na China, na Romênia, na Rússia ou em qualquer outra porra em que neguinho tenha meios para tal, e que isso seja de fato um agregador do sentimento de cidadania (e vale ressaltar aos preguiçosos intelectuais que citar “China” e “cidadania” na mesma frase é uma ferramenta barata de ironia). Qualquer coisa fora disso é fumaça.
Uma grande chance pra desenvolver Norte/Nordeste. Pra distribuir riquezas. Pra desenvolver a educação no país com investimentos a médio prazo. Pra despertar o nacionalismo. Mas não. Vamos fazer a Copa no eixo de sempre e a Olimpíada na Zona Sul do Rio – aquela mesmo da novela das oito.
A aposentadoria de Teixeira e Nuzman está garantida. E quanto ao desempenho olímpico… bem, vocês sabem o que a gente é capaz de fazer. E que bom saber que não sou só eu que penso assim.
O Fininho, o Juca, o Quartarollo engrossam a lista. O Galvão, certamente não.
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Tirem o Cristo Redentor, botem uma estátua de São Marcos e tudo se resolve.
É tudo isso e muito mais. Brasileiro tem visão limitada, memória curta, é surdo e não tem tato pra nada. As necessidades de seu próprio país lhes são alienígenas. Brasileiro é bizarro, enfia festa na própria goela, pois lhe faz bem pro ego. Ignora problemas, pois problemas são um atraso: prefere ficar ali tomando uma cerveja, afinal, é mais divertido. Brasileiro é um paradoxo. Ama o caos alheio, adora ver as cretinices e sensacionalismo no seu jornal favorito, mas é cego para seu próprio drama.
São tantas coisas a dizer que nem sei por onde começar. Talvez falando sobre algo que me atinge diretamente que é quando você falar de trabalho voluntário. Eu fui voluntária do Pan não porque sou patriota e queria ajudar meu País. Sim, eu queria que aquele evento desse certo, porque acho que podemos fazer um evento tão bom quanto os outros países, mas eu fui principalmente porque sou apaixonada por esporte. Mesmo chamando trabalho, participar daquilo foi um prazer e irei de novo quantas vezes puder.
Outra: não é a Olimpíada ou a ausência dela que vai mudar o País. A votação de hoje não tem absolutamente nada a ver com a política de educação ou de saúde. Isso tem a ver com o resultado da urna em 2010.
Mas a vitória de hoje só mostra que a imagem do Brasil mudou completamente. Porque o Brasil já esteve nessa mesma votação há alguns sombrios anos. E voltou com o rabo entre as pernas, porque era o que restava para nós.
Hoje quem saiu com o rabo entre as pernas foi o Obama. Novos tempos. Yes, we can. No, they can’t.
Aí vão dizer que os Estados Unidos estão bem melhores que nós, que a educação é melhor, que não tem traficante no morro, que isso, que aquilo. A esses, só me resta dizer: mudem. É simples.
Eu me emociono com Copa, com Pan, com Olimpíada, com cada vez que eu ouço o hino nacional. O que não significa que eu tenha visão limitada, memória curta, seja surda e não tenha tato, como sugeriu o amigo aí em cima. Ele diz que brasileiro é assim, como se todos fossem iguais, mas deve ser achar diferente, porém resta saber que ações ele faz que o colocam como diferente. Ou ele reclama de quem faz festa, mas cruza os braços para tudo?
Eu não sou PSDB, nem PT, mas é impossível não notar que o país mudou nos últimos anos. Ainda assim, meu voto não é da Dilma, porque certos aspectos do planejamento desse governo não me agradam. Quando vou escolher para quem vou dar o meu voto, não uso como critério o “ah, eu não gosto do Lula, então vou votar no Serra” ou “eu odeio tucanos, então vou votar na Dilma”. Eu me informo sobre as propostas de cada candidato e voto em quem direciona suas ações para o que eu acredito.
A Olimpíada é mais uma chance de mostrar um outro Brasil (acredite: se fosse algo tolo e dispensável, o Obama não tinha levado o Air Force 1 pra Dinamarca). Mas é apenas uma ação entre as várias outras que precisam ser feitas.
Porque criticar é muito fácil. Difícil é encontrar as formas e trabalhar para mudar.
E é por termos opiniões completamente opostas que batemos tanta boca. E quem dera todos fizessem o mesmo. Certamente seria mais fácil mudar o país assim do que novamente apostar tudo numa eleição em que mudam os nomes, mas não as intenções.
Um beijo.
Pensei em te mandar um email com uma única frase: “Continue escrevendo sobre cores, músicas, filmes e definitivamente deixe a politica pra lá”.
Estou com Ariett, e muito. Apesar do meu voto em 2010 ser da Dilma, pelos motivos que ela mesma cita no comentário. Por conta desse Brasil diferente, desse Brasil melhor que a classe média no geral teima em não querer enxergar.
Otimista em demasia? Tenho certeza que não, só tenho observado com muita atenção a realidade do país de alguns anos pra cá.
Não é discussão sobre política não moça. E nem tentaria fazer isso contigo, dada a disparidade de conhecimentos sobre o assunto. É questão de opinião e desesperança mesmo. E acho mesmo que debaixo desse pré-sal tem muito mais do que petróleo: tem um baita trunfo (merecidíssimo) nas mãos do barbudinho. E repito: é questão de opinião, e opinião é que nem bunda – cada um tem a sua. Mas isso é assunto pra mesa de bar, ou não.
Um beijo pra ti também.