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Daquelas coisas que acontecem de repente. Sexta a Debs me encaminha um e-mail com o convite pra um show que a Caixa (sim, onde ela trabalha, e pelo jeito para sempre trabalhará) promoveria ontem, em comemoração aos 150 anos da instituição. E perguntou se eu queria ir. O convite foi distribuído, a coisa toda era de graça, e o show era um tributo ao Chico Buarque, enfim… me pareceu uma boa ideia, mesmo não sendo da minha total preferência o cast de artistas que fariam o tal show. A imagem abaixo diz muito sobre tal desconfiança…

Explica Daniela: que porra de pose é essa?

Eu tenho dois cds da Roberta Sá na minha máquina lá em casa. Canta bem a indivídua, mas nada que me faça sentir saudades quando fico tempos e tempos sem ouvir. Paula Lima…? Sim, eu ouvi um pouco de Funk Como Le Gusta na vida (até no show deles eu fui), mas não lembro dela. Margareth Menezes, bem… essa eu só ouço falar no Carnaval ou em algum grande evento na Bahia (a.k.a. Carnaval de novo). E Daniela Mercury, que é a Elba Ramalho da próxima geração. A noite valeria mesmo pelo programinha alternativo outdoor com a pequena, já que a gente dá risada até do lado de fora de show de banda irlandesa. Fizemos nosso pit stop no McDonalds e em seguida fomos encarar o programa. A Debs não conhecia o Credicard Hall, e pela ida ao dito o passeio já teria valido a pena, dado que aquele lugar é de fato muito legal. Chegamos, demos uma tateada na pista, que estava bem sossegada, em seguida resolvemos ir às cadeiras superiores, dado que entre esforço e preguiça, a opção da pequena é sempre pelo mais confortável. E após comprar um saco de pipoca e uma coquinha, estávamos prontos.

Uma breve apresentação da diretoria (sim, festa da firma é festa da firma) depois, e surge a primeira atração. Maior nas fotos e nome de maior projeção entre as quatro, Daniela Mercury adentra ao palco e rapidamente nota-se ali um erro de trajeto. Aquela voz não era pra Chico Buarque. Aquelas cacarejadas vocais típicas de trio elétrico não faziam sentido. E aquela falsa emoção dava a entender que seríamos massacrados, caso o tom do show fosse de fato esse. Pra nossa sorte, o martírio durou apenas 4 músicas.

Veio Roberta Sá. Toda correta, bonitinha e até tímida, mas com uma voz limpa, correta e gostosa. Chico estava salvo, e a moça levaria em frente aquele show, que mais do que nunca nos era uma dúvida: o que seguiria dali em diante? E Roberta cantou 3 músicas, sendo a última com Daniela, que estranhamente se chegava e se esfregava na menina – coisa que faria durante o restante do show com todas as outras. E não, não era sexy. Se alguém avisou a moça que aquilo parecia convidativo à imaginação masculina, me perdoe, não foi. Foi sim vulgar, quase promíscuo. Daniela Mercury de fato não combina em nada com Chico Buarque.

Era a vez de Paula Lima. E eu não conhecia nada dela mesmo, nem aquela voz que parece um travesseiro, nem o jeitinho dengoso/safado que colocou fogo em quem faltava se ligar, naquela noite fria e gostosa. Alegrou o ambiente, fez o povo cantar, sambou fácil. Uma delícia de surpresa, e a naquele momento parecia que havíamos chegado ao máximo de um show ao qual não dávamos a menor bola uma hora antes, mas cujos bate-pés entregavam nossa empolgação inesperada. Ainda faltava uma. Faltava a tal da Margareth Menezes…

…que entrou no palco com uma cara de fúria, e eu não entendi o que acontecia, até os primeiros acordes de “Geni E O Zepelim” começarem. E ela cantou. E tudo fez sentido, pois eu não esperava uma voz tamanha, e tanta fúria numa interpretação. Aquela mulher era capaz de cantar sem microfone se quisesse. Um furacão. E ao final da música, os aplausos até então mais entusiastas da noite. Sim, era o ápice. Não, não era, pois em seguida veio “Cálice”, com mais fúria ainda. E com um final à capella. Explêndida. Ninguém mais lembrava do começo do show. E foi bem bonito, pois dali em diante as quatro cantaram juntas mais um punhado de músicas, em duas horas de show somadas.

O que traz a seguinte conclusão: nunca jogue fora a oportunidade de conhecer alguma coisa que possa ser em algum momento prazerosa. Ignorar, só na evidência de mico. Os tais 150 anos da Caixa me trouxeram duas pulgas a serem descobertas e desbravadas aqui coçando: Paula Lima e Margareth Menezes. E uma barata, chamada Daniela Mercury, que merece uma bela de uma chinelada.

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  1. Cris Garbelotto

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