escrito por | em Música | 3 comentários

Apesar da demora, acho mais do que necessária a resenha sobre o show do Slash – uma vez que eu tive em mente algum dia escrever sobre o dele E o do U2, que aconteceram na mesma semana. Mas no segundo a tentativa tardia de acompanhar não deu certo. Então, vamos àquilo que de fato eu vivi.

Começando pela escolha do lugar. O HSBC Brasil é um lugar isolado. Meio bizarro até, pois não tem estrutura de apoio para um show desse tipo (e de nenhum outro). A casa em si comporta, apesar de pilastras no caminho e alguns obstáculos estruturais. Mas o entorno é um prato cheio pra flanelinhas, e meus 40 Reais pagos a um deles deixou saudades e um gostinho amargo logo no início da noite.

Fomos eu e a Mel no dito, e assim que entramos, o show estava começando com “Ghost”. Lugar lotadíssimo, mas um som muito bom. Três câmeras no palco, sendo uma delas exclusiva para o protagonista da festa. Depois de três músicas levando cotovelada, a gente desistiu e se conformou em tomar cerveja na entrada da sala enquanto ouvíamos o show. Porém, após comprar nossos copos, um segurança que deve ter vindo de algum lugar do céu perguntou:

– Vocês não estão conseguindo ver nada daqui né?
– Como você pode notar, não…
– Então venham que eu vou colocar vocês num lugar melhor…

Ok né? E em questão de segundos fomos acomodados no meio do camarote, que corresponde a assistir ao show de lá do fundo com meio metro de altura de vantagem em relação à pista. Perfeito. Explicar o contexto ajuda a entender o show, e sim, nosso contexto que parecia fadado ao fracasso foi arrebatado por um puta golpe de sorte. E assim sendo, ao show:

Slash montou uma puta banda. Myles Kennedy é um vocalista que não deve em nada aos monstros que já acompanharam o cabeludo durante a carreira. E assim sendo, era uma questão de repertório e receptividade da plateia – o que nesse país, convenhamos, dificilmente é um problema. E as músicas seguiram em parte o repertório tocado no Rio, na noite anterior. Porém, tivemos surpresas. Gratas surpresas. Ganhamos “Beautiful Dangerous” de bandeja, numa versão tão foda quanto à do disco. Não faltaram as pancadas pra lá de aguardadas. Derramaram “Mean Bone”, “Back From Cali”, “By The Sword”, “We’re All Gonna Die”(cantada pelo baixista), e a espetacular “Dirty Little Thing” sem grandes pudores, e o lugar virou uma sauna. A besta “Watch This” foi serpenteada sem dó, e ganhou novos ares aos meus ouvidos. E obviamente, os momentos de tranquilidade não foram esquecidos, com “Starlight” e “Fall To Pieces”, que foi magnífica.

E ele, o protagonista, se diverte como eu ainda não havia visto. Já assisti seus shows com o Guns N’ Roses e com o Velvet Revolver, e nada se compara à alegria que ele demonstra nesse vôo solo. O que é ótimo, visto aos olhos de seus fãs (me incluo), e mina completamente as expectativas daqueles (ainda existem?) que sonham ver uma formação original do Guns N’ Roses de volta algum dia.

Guns que se fez presente sim no show, em “Civil War”, “Nightrain”, “Mr. Brownstone”, e obviamente, em “Sweet Child O’Mine” (cantada a plenos pulmões por absolutamente TODOS os que estavam no lugar, e aquela cena foi absolutamente incrível) e “Paradise City”, que fechou um show apoteótico. Slash não aliviou nos solos, na performance, nas dancinhas e até com o público, com quem por diversas vezes fez questão de conversar. Não havia ali a responsabilidade de uma banda estelar, como o Guns N’ Roses de 1992, e menos ainda a briga de egos que é um Velvet Revolver sob qualquer circunstância. Havia sim um punhado de caras tocando suas músicas, alegres e empolgados, suando horrores, e recebendo daquele lugarzinho lotado a devida reverência que mereciam. O rock puro e denso como caras como eu gostam está em muito boas mãos.

3 comments

  1. Mel
  2. Buragina (Nash)

Trackback e pingback

No trackback or pingback available for this article

Comente