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Quando hoje, pouco depois das 10h, meu envelopinho vermelho do Gmail ficou azul e acusou uma nova mensagem, corri pra minha mailbox – à qual tanto maltratei ontem após a até então reserva do voucher que dá direito aos ingressos para o show do Paul McCartney ficar somente na reserva, sem confirmação de coisa nenhuma. Ao abrir a tela, lá estava ele: o tal do voucher.

A paranoia da noite anterior justificou-se no nó na garganta ao ler ali no mesmo lugar o meu nome e o do baixista dos Beatles. Já passei dor de cabeça demais com aquela palhaçada que foi o show do U2 alguns anos atrás, e parece que dessa vez alguma conspiração divina me premiou pelo esforço daquela vez. Eu sou correntista Bradesco. Não tinha cartão de crédito, mas podia liberar o dito no meu cartão de débito, e pra isso serviu meu feriado não emendado. Minha esposa botou meu nome na praça de novo, tirou do Serasa pra onde nunca mais pretendo voltar. Os clientes estão pagando. Minha internet não caiu. Meu wireless não falhou. O site continuava no ar durante a madrugada. Estava escrito.

Aí a gente gagueja mesmo. Pensa em quanto quis fazer parte disso, quanto sonhou e desacreditou graças à desordem que permeia esse país, e que inflaciona absurdamente qualquer oportunidade pontual de vez ou outra a gente assistir a um troço desses. Não leva a sério os boatos, mas lá dentro acredita que possa ser dessa vez. Destrói as unhas esperando datas, preços, pré-vendas, horários malucos. Reza pra que nada de errado aconteça no dia em que você esteja lá, lutando por tudo isso.

McCartney é coisa que eu não vou tentar explicar. Assim como é impossível explicar o que se passou nessa manhã quando o sonho virou realidade. Lembro de quando comprei o “1” dos Beatles, e fui mostrar o CD ao meu pai. Ele me perguntou o porquê de eu em tantos anos nunca ter comprado um cd dos Beatles. E eu respondi algo do tipo: “Quando vier o primeiro, virão todos os outros em seguida. É um caminho sem volta e eu ainda não sou responsável o suficiente pra isso”. Parecia exagero, e ainda parece pra quem não compartilha dessa doença transmitida pelos besouros. Quis o destino que, anos e anos depois, eu casasse tendo como tema “I Will“.

Eu estava certo. Ainda não era a hora. Agora, é.

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  1. dea

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