O efeito Macca

set
2010
27

escrito por | em Música | 2 comentários

Ventila-se a algumas semanas que enfim aconteça um show do Paul McCartney no Brasil, mais especificamente lá do lado de casa. Hoje, a equipe proprietária do panetone anunciou que as datas (21 e 22 de novembro) estão reservadas pela equipe do rapaz para os tais shows, mas até agora nenhum anúncio oficial, nenhuma prova concreta, nada. Estou tenso.

Porque é um dos acontecimentos mais aguardados da minha vida. O show definitivo. O beatle preferido (ok, eu vario entre Paul e George, mas acho que o show do primeiro seria bem melhor, então a classificação cabe). E essa coisa de realizar sonhos é justamente o que faz a vida valer a pena. Esse show é sim um dos maiores e melhores desejos, coisa que me faz arrepiar de pensar, e querer escrever textos e textos sobre o assunto. Coisa meio que uma declaração de amor utópica, daquelas que a gente imagina fazer em momentos impossíveis, a pessoas tão especiais que sequer conseguimos concretizar. Momentos mitológicos.

Que invariavelmente me fazem lembrar de 1998 e 2001, quando nessa ordem pude assistir aos Stones e Eric Clapton. Época em que eu não tinha blog (nem sei se isso existia), e portanto, os únicos registros de ambos estão naquilo que lembro dos shows. Os Rolling Stones tiveram a companhia de Bob Dylan, na abertura e durante o show, o que fez daquela noite uma coisa surreal, absurda, que me fez acreditar na existência física de mitos – principalmente quando vi de perto as botas roxas de camurça do Keith Richards cruzando a ponte de “Bridges to Babylon” a poucos metros de onde eu estava. Da mesma forma, o show do Clapton em 2001 trouxe duas horas de deleite após longos meses de espera. Comprei meu ingresso mais caro até então poucos minutos após a abertura das bilheterias. Cento e oitenta dinheiros pela cadeira (sim, cadeira) A5 no gramado do Pacaembu. Época de aprofundamento musical, onde eu estudava com gosto a obra do rapaz nos meses seguintes até o dia do show. Fui sozinho, e sequer me importei em ir à pé da Funchal ao estádio, cantando alegremente as músicas que tocavam no meu discman. Chorei por duas horas, desacredtando mais uma vez na possibilidade de alguém daquela magnitude existir de fato, e estar logo ali.

Foram muitos e muitos shows, grandes ou nem tanto, festivais, gente de todos os lugares e de vários estilos. Assisti a muita gente, mas o sonho maior sempre foi presenciar um beatle. Ainda acho impossível, pois não aconteceu. Nada foi confirmado, e assim como aquelas promessas de fim de ano, continua parecendo discurso de vontade, sem fatos. E se de fato nada disso se concretizar, não acharei estranho, muito menos frustrante, pois existem coisas que a gente desacredita até acontecerem: a morte de alguém que se ama, casar, sair de casa, segurar um bebê no colo e notar que os papéis se inverteram. Mas esses rumores estão me deixando completamente fora de mim, e sei que, caso aconteça e se acontecer, e quando os ingressos mais caros dessa joça estiverem em minhas mãos, eu poderei dizer que um dos mais improváveis e desejados sonhos da minha vida está prestes a ser realizado.

Daí em diante, não esperem nada diferente de uma lavagem cerebral diária. Um assunto só até o dia do show, e a repercussão do mesmo por mais alguns vários dias. Um cara descontrolado, fanático na alma e doente de emoção por vivenciar as duas horas musicais mais felizes de sua vida. Não existe comparação ao Beatles. Nunca existirá. Nada é tão grandioso e revolucionário na história da humanidade, e por isso mesmo, ter a perfeita noção do que poderia ser viver Paul McCartney de perto é algo que muda meus conceitos, meu jeito de viver, minha noção de valores, e redefine causas e consequências.

Porque os Beatles podem ser mais populares que Jesus, sim. Mas eu nunca orei tanto pra que houvesse uma troca de gentilezas entre ambos como agora. Quem sabe eu não possa sonhar com um novo texto por aqui, inédito e ensandecido, narrando o início de um sonho vivo? Esperemos.

2 comments

  1. Bruna Costa
  2. dea

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