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Nas quartas de novo. E não, nenhuma surpresa. Assim como todo mundo, obviamente eu torci, e bastante, pelo nosso sucesso. E quem torce o faz porque é inevitável: a camisa tem o nome do país, a seleção já mostrou dias muito melhores, e a esperança é inevitável, por mais medíocres que sejam os jogadores, os comandantes, o presidente. Levamos um sabugo laranja de uma seleção igualmente ruim (no meu ponto de vista – a Holanda já viveu dias bem melhores, e assim como a Itália em 2006 e a própria Espanha em 2010, está entre os quatro jogando um futebol pra lá de duvidoso).

Fácil mesmo é analisar e detonar depois do resultado. Assim como fizeram ontem com a Argentina, me dizendo que de nada valeu a passionalidade dos hermanos. Cada um com a sua opinião. Maradona, assim como Dunga, não é e nunca foi técnico. E assim como Dunga, é líder. E líder lidera, mas não resolve quando do outro lado existe um líder E técnico. Ao contrário do Brasil, pelo qual torci naturalmente, mas que não me emocionou em momento algum dessa Copa, gostei dos jogos da Argentina, sim. Assim como os dois últimos do Uruguai (contra Gana, com Loco Abreu matando meio mundo do coração, e o jogo contra a Coreia do Sul, que foi emblemático). A Alemanha encaçapou a seleção de Maradona ontem com propriedade, e um futebol de quem é virtualmente tetracampeã. Futebol bonito. Assim como foi o dos Argentinos enquanto sua defesa não foi testada. E o dos uruguaios, que vêm melhorando a cada partida. E como não foram os de Itália, Inglaterra, França, África do Sul. E Brasil.

Não entendi a diferença de levar um gordo (como Ronaldo e Adriano em 2006) e um contundido (Kaká em 2010 – e aposto que, quando defenderam a convocação do pobrezinho do ex-sãopaulino, essa comparação incômoda não foi feita). Muito menos essa antipatia e a imagem militar de uma seleção com quase nenhuma criatividade que tivemos nessa Copa. Os volantes nem eram os melhores. O meio-campo, longe de ser o mais confiável. Enfim… quando não se tem o melhor num lugar onde o que se exige é justamente o máximo, fracassamos. Felipe Melo fez exatamente o que vivemos execrando nos botinudos argentinos. Vamos crucificá-lo. E se ele for o melhor da posição daqui a quatro anos, não vamos chamá-lo. Porque ele é Judas. Assim como Roberto Carlos em 2006, Ronaldo em 2002 e o próprio Dunga em 1990: os três, já campeões pela seleção. Enfim, nada de lógica. Assim como com Dunga, que foi sensato, ético e comprometido até o segundo gol da Holanda, e dali em diante substituiu mal, deu chilique no banco e deixou o cargo. Ou Jorginho, que de excelente auxiliar, mostrou pela última vez seu lado de “cavalo do Senhor”, com uma falta de educação digna de quem sabe não ter competência para estar ali, mas por estar, afasta as críticas aos coices.

A Copa está sim muito boa. Sobraram o valentíssimo e cada vez mais admirado Uruguai; as pragmáticas, eficientes e modernas seleções (certamente admiradas por Dunga, Mourinho e outros “treinadores” da escola de bons resultados em detrimento do bom futebol) de Espanha e Holanda; e a surpreendente e massacrante Alemanha, que joga um surpreendente futebol bonito (também jogado pela seleção de Jürgen Klinsmann em 2006, devidamente melhorada e evoluída por seu ex-assistente Joachim Löw). Torço por Uruguai e Alemanha, e ironicamente, em caso de fracasso de ambas, teremos um novo e inédito campeão mundial, o que é sempre muito legal. A Copa está sim viva e muito boa. O bom futebol, infelizmente, foi pouquíssimas vezes apresentado. Pela nossa seleção, que eu me lembre (pois já estou esquecendo dos poucos momentos de alegria proporcionado), talvez somente sobre a Costa do Marfim, com aquele resultado de 3×1. Com um gol “de mão”. Mas Copa é Copa.

Inevitável é a torcida, sempre. Mas dessa vez, já diria Flávio Gomes, nem muito orgulho, nem muito amor. Por dias melhores, e um futebol falado em Português, torcendo por dias de mais futebol, menos volantes, com jogadores de mais talento, mais simpatia, e menos picuinhas com a imprensa. É só futebol… nada mais do que isso. Que seja, pelo menos, emocionante. Não essa coisa chata e insípida que assistimos.

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  1. Bruna Costa

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