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E por um incrível acaso do destino fui parar no cinema hoje com a minha mãe – sim, porque é bom cuidar um pouco dos pais depois deles cuidarem tanto da gente. E a velha mãe teve o direito mais do que justo de escolher o filme. Mal sabia eu que a escolha seria tão boa:

Momento “pipoca e Nestea pêssego”:
Cazuza – o poeta está vivo

trilha sonora:
Barão VermelhoO tempo não pára

Este é, pra minha surpresa, um belíssimo filme. E digo isso porque normalmente biografias se perdem no glamour das bilheterias e da pipoca. Não foi o que aconteceu no belíssimo Diários de Motocicleta, que madrinha me recomendou e eu não me arrependi nem um pouco*, e agora com Cazuza.

Nascidos em 1980 como eu não ficam sem cantarolar todos os sucessos do Barão que fazem parte do filme; não se empolgam com a efervecência da descoberta do Brasil pós-generais (apesar dos generais ainda mandarem no país); não morrem de rir com aquele monte de carro velho e modas que fizeram da década de oitenta uma das mais bizarras da História.

E também não se emocionam com a história do cara, que viveu com tanta alegria e sem se perocupar com as consequências daquilo que fazia, que acabou “morrendo na idade dos heróis”. Muita alegria, muito amor e loucura, muito cigarro e bebida e outras drogas – exagerado. E as letras do cara mostram o quão superiores os trabalhos do Barão e solo dele foram à porcaria da Legião Urbana, com suas musiquinhas de amansa-corno e seu medo de subir ao palco. O Barão deixou a deliciosa impressão de ser uma banda que funciona muito mais ao vivo do que em estúdio (a cena do Rock In Rio I é de se cantar junto).

É um filme pra toda a família. Mas principalmente, pra quem acha que este país ficou devendo personalidade e atitude na história mais recente da nossa música. Ainda acredito que o rock é pra ser feito lá fora (tanto que a “admissão” do Cazuza no Barão é feita após rolar “Smoke On The Water”do Purple), mas nosso pop acabou deixando um gosto de saudade com a perda de um cara como Cazuza.

*Fiquei devendo aqui um post especial deste filme, mas não consegui fazê-lo a tempo. Tentando me redimir agora, Walter Salles é um poeta, e o filme, maravilhoso. Um retrato social, político e extremamente HUMANO do nosso continente, aos olhos de um Ernesto Guevara que se afasta do business das camisetas e demistifica o ícone por detrás de um homem dos mais humanos – e esta é a grande sacada do filme. Se você não assistiu ainda e mora em um dos grandes centros do país, procure nos circuitos alternativos. Vale, e muito.

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