Rosedal

abr
2009
10

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

28/dez/2008 – dia 3
Palermo, Buenos Aires

Chegamos a Palermo após uns 20 minutos de Subte. Vale um toque que na chegada à estação (cujo nome preencherá este espaço assim que eu me lembrar do seu nome), naqueles pequenos armazéns/lojinhas que existem no metrô daqui também, eu cismei de experimentar o tal do “suco de pomelo”, que é mais ou menos o guaraná dos cucarachos. Eu, crente que aquilo era algo próximo a melão (dada a cor amarelinha do dito), tomei um susto com o azedume do bichinho. Mas pra quem gosta de uma limonada e de coisas mais exóticas, é uma experiência bem bacana. Eu viciei e mandei vários pra dentro até o final da viagem.

Saindo do Subte, o que se vê em direção ao Rosedal é uma imensidão de áreas verdes (onde também se encontram o Jardim Zoológico, o Jardim Botânico e o Jardim Japonês). É uma espécie de complexo de parques, frequentado assiduamente pela população. Famílias inteiras, muitas crianças, grupos de turistas, casais de idade, e todos os tipos de pessoa passam a tarde nesse complexo, bem como em todos os outros parques de Buenos Aires. E com tamanha frequência, o que não se vê é vandalismo e desrespeito com os bens públicos: não há marcações com estilete nas árvores, gente mijando nos canteiros, fulano tacando espiga de milho no chão entre outras atrocidades tão presentes e comuns em nossa megalópole. As pessoas cuidam do que têm, e se respeitam. De certa forma, aos forasteiros, estressados e paranóicos paulista, parece a sociedade ideal por diversos momentos. Coisa que gostaríamos de viver mas que temos certeza que não será possível durante os próximos séculos.

Andamos horrores até chegar ao Rosedal – os parques são enormes, e o sol continuava castigando sem a menor piedade. Mas quando você vê um jardim florido daquele naipe, gigantesco e extremamente bem cuidado, com cores a se perder de vista, a experiência passa a valer a pena. O parque possui um lago, com pedalinhos e caiaques, uma pontezinha branca que atravessa esse mesmo lago e que te permite uma visão geral daquela verdadeira imensidão colorida. Ficamos meio bobos com o visual do Rosedal, que lembra muito os jardins dos castelos da realeza européia.

Cansados que estávamos de termos encarado San Telmo pela manhã até a metade da tarde, resolvemos sentar à sombra na beiradinha do lago, onde nosso descanso não durou dois minutos, até sermos abordados pelos guardas do Rosedal, dizendo que não podíamos pisar ou sentar sobre a grama. E de nada valeu aquele argumento de que “todo mundo ao redor está fazendo o mesmo”, porque um a um todos foram educadamente abordados e retirados do gramado do Rosedal.

Pareceu um excesso à primeira vista, mas não foi preciso muita reflexão pra entender que aquilo que estávamos fazendo era de fato coisa de turista. Aquele cuidado todo era justificado no vislumbramento que tivemos ao chegar, e enquanto estivemos no local. Um pequeno passeio e algumas fotos depois, fomos buscar um lugar à sombra pra deitar um pouco e olhar pr’aquele céu azul que combina direitinho com as cores da bandeira.

Atravessamos a ruma e nos estabelecemos no parque ao lado. Nas alamedas que rodeiam esses parques muita gente anda de patins (e não apenas aqueles atletas playboys que estamos acostumados aos finais de semana), joga futebol e desvia dos sorveteiros de plantão.

Capotamos à sombra de uma árvore e por lá ficamos por deliciosos 15 minutos, sabendo que são de momentos assim que uma viagem ideal é feita. O céu estava lindo, e até um ventinho embalou a preguiça. Com muita tristeza, nosso estômago nos lembrou que a “hamburgueza” do almoço já era uma lembrança distante, e que aquele calor merecia uma cerveja trincando. Num bairro bonito e gostoso como Palermo, não seria problema que juntasse essas duas necessidades e completasse nossos prazeres.

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