escrito por | em Vidinha | Nenhum comentário

Você já pensou no que aconteceria com o mundo, se tudo o que desejamos às pessoas durante um dia se realizasse? Hoje mesmo eu já teria cometido alguns homicídios, mandado gente pra depósitos de esterco, casas da luz vermelha e lugares bem piores, mais sujos, apertados e escuros.

Imagine se todos os desejos da gente fossem possíveis… se pudéssemos aterar o mundo cada qual a nossa vontade. Vivemos alimentando desejos impossíveis, algumas utopias, sadismos particulares… Inveja, ciúmes e adjacentes seriam as grandes pestes da humanidade, pois o “não querer” alguma coisa simplesmente proibiria a continuação de um relacionamento, de uma conquista, ou qualquer coisa do tipo. Teríamos “mais tempo” (hoje em dia, o desejo da grande maioria das pessoas), e um dia poderia durar décadas…

Algumas coisas são até engraçadas, de tão esdrúxulas. Os mais fúteis e sem simancol imperariam, montados em sua estupidez e pelo fato de estarem completamente ausentes de qualquer contexto que não fosse o seu. Ignorantes seriam líderes, e humildes e modestos, comandados. Não haveria fome, mas a gula explodiria algumas pessoas. Outras, ainda, morreriam de tanto sexo. Ricos não teriam mais onde gastar (e nem como manter a pose), pois não haveria mais miséria. Traição não seria mais problema, pois desejar uma pessoa seria o mesmo que possuí-la, e buscar pelo perdão de quem se trai seria encontrá-lo prontamente.

O poder seria de todos, mas aí que a coisa ia acabar descambando… o ser humano, em toda a sua história, pecou pela ambição e pela curiosidade. As guerras seriam particulares, e a solidão assolaria a todos. Não saberíamos mais compreender os defeitos ou imperfeições dos outros – afinal, a tolerância morre quando se tem o poder. Viveríamos em nossas próprias conchas, não saberíamos mais amar, gostar, perdoar, gozar, aceitar, aproveitar.

Portanto, se você está mais acostumado a que te aceitem do que aceitar aos outros, cuidado. Um mundo assim chega a ser exagero, mas você pode estar bancando um George W. Bush da vida sem perceber.

(Desabafo gerado por uma imposição esdrúxula – e prontamente ignorada – vinda de uma senhora nada humilde, e que divide o mesmo ambiente de trabalho que eu. Daí o meu nick no MSN ser por vezes “Assassino de velhinhas”, “Essa velha libera pra todo mundo” ou qualquer outra delicadeza que só eu seria capaz de produzir…)

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