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Diga, com toda a sinceridade: você acreditava mesmo que duas horas de favela venceriam milhões e milhões de dólares, efeitos especiais e figurinos absurdos, uma história consagrada e elaborada em forma de um único filme de 12 horas de duração, que tinha “só 11 INDICAÇÕES” ?

Sejamos francos: Frodo e sua turminha (Gandalf e Gimli continuam no topo da minha preferência) ganharam TODAS as categorias em que concorreram – e com méritos, diga-se de passagem, uma vez que Peter Jackson realizou uma loucura sem precedentes ao filmar a obra de Tolkien de uma só vez, com atores desconhecidos, e acabou fazendo a melhor trilogia que se tem notícia até os dias de hoje.

E quando eles não estavam concorrendo, havia Russel Crowe (sim, o Gladiador preferido dos tiozinhos da Academia), Nicole Kidman com seu belo Cold Mountain ou ainda a pequena e maravilhosa Dory em Procurando Nemo. De quebra, ainda um certo cowboy com seu Sobre Meninos e Lobos estava logo ali, nas primeiras fileiras. E onde estavam os brasileiros? No fundão, claro – afinal, quem seria esse povinho que recebeu quatro indicações com um filminho sobre favela e violência?

E por mais que digam que somos originais, criativos e autênticos (que nunca duvidemos disso, por favor – afinal, é isso que nos faz diferentes do povo de Hollywood, e que bom que as coisas são assim), não vamos JAMAIS ganhar um Oscar com um filme falado em português, falando de um Brasil que eles não conhecem (ou não querem comprar, ao contrário das imagens sempre belas, saudáveis e RICAS do Carnaval carioca).

Tanto que nossa (?) única estatueta foi para O Beijo da Mulher Aranha, com um ator que (ora ora) não é brasileiro. Coincidência? Talvez, para os tolos…

Acreditar na Academia é o mesmo que esperar que um político seja honesto, que uma emissora de TV seja imparcial, ou que algum dia haja paz no mundo. Beira a utopia torcer para algo da gente, quando quem manda naquela joça é uma cambada de velhinhos que vive compensando injustiças com prêmios absurdos. Não foi o que aconteceu ontem com Peter Jackson e seu épico, que após 2 anos e pouco desde o lançamento do primeiro filme da série, teve seu justo reconhecimento.

Temos muito o que nos orgulhar sim de Cidade de Deus. Mas não pelo fato fde termos “sido indicados ao Oscar”, e sim por ele ser DUCACETE independentemente de prêmios que ele possa (ou não) ganhar. Assim como a grande maioria de filmes que lançamos por aqui, comédias ou dramas, que a nossa melhor resposta aos Blockbusters americanos seja racharmos as salas de cinema daqui de frente com eles. Porque lá tem muita coisa boa, mas aqui também tem.

(E que fique registrado desde já – por maior que seja a bilheteria que consiga The Passion of the Christ, do Mel Gibson, filmes que MEXEM com opiniões, que possuem contexto religioso e que NÃO SÃO EM INGLÊS (méritos para Gibson, que fez um filme em ARAMAICO e LATIM), não ganham a estatueta. Anotado?)

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