escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 2 comentários

Provavelmente nossa viagem de ano novo será contada por completo até o próximo ano novo. Sinceramente? Não ligo. É um diarinho mesmo, e cada um anota o que bem entende. Pra ajudar na saudade dessa deliciosa e inesquecível viagem, a Luana me mandou um vinil do Gardel pra acompanhar meu resgate de memórias. E é ele que embala essas palavras neste momento.

Aos interessados, mais um pouquinho da Argentina:

28/dez/2008 – dia 3
San Telmo, Buenos Aires

Se você vai ao Rio de Janeiro e não visita o Pão de Açúcar e/ou o Cristo Redentor, você não esteve no Rio de Janeiro. A Avenida Paulista em São Paulo. A Torre Eiffel em Paris. O Big Ben em Londres. E é lógico, a feirinha de San Telmo em Buenos Aires era ponto obrigatório em nossa passagem pelo país.

Saímos bem cedo do hotel (coisa de 8h), e pegamos o Subte com destino à estação San Juan. Das histórias que nos contavam antes e durante a viagem, San Telmo não era exatamente um lugar muito chique e portanto nosso cuidado com os pertences (leia-se máquina fotográfica e equipamentos complementares) deveria ser um pouco maior do que o que tínhamos no “nosso bairro”. Ao chegar, estranhamos um pouco a distância da feirinha em relação ao metrô (no centro de Buenos Aires, as estações te deixam literalmente na porta de tudo), mas nada que um par de perguntas não resolvesse, e poucos minutos depois estávamos na “entrada” da mitológica feirinha.

– Um adendo importante:

Paulistas são mal-acostumados. Deixemos nossa modéstia de lado: São Paulo tem de tudo, e normalmente em porções tão grandiosas e imponentes como seu tamanho. A feirinha de San Telmo não é nada mais do que uma mistura das feirinhas do Embu das Artes e da Benedito Calixto, com um leve toque de Mercado Municipal. Se você tem um pouco de repertório urbano nesta cidade, muitos dos atrativos de (por exemplo) Buenos Aires acabam perdendo um pouco o caráter surpreendente quando existem equivalentes por aqui. San Telmo foi um desses casos – o outro eu conto mais pra frente.

Voltando…

E naquele vislumbre de desbravar mais um dos míticos pontos do país hermano, assim que entramos na feirinha uma senhora muito simpática e falastrona veio falar comigo. E contou uma história cujo conteúdo eu sequer me lembro, mas de tanto falar e falar e falar eu me liguei que naquele lugar, qualquer abordagem, foto ou apresentação exige dos turistas de plantão uns trocadinhos em retribuição – a maledeta da propina, à qual nos exigiu preparação prévia (estávamos com algumas várias notas de 2 pesos no bolso). Assim que terminou, a velhinha pregou na minha camiseta uma faixinha com a bandeira argentina e me deu um santinho, pedindo educadamente uma contribuição “àquilo”, que eu nem sabia direito o que havia sido. Sem ação e ainda assustado com tamanho discurso, mas simpático à figura daquela senhora, arranquei do bolso uma das notas e dei a ela. A velhinha pegou a nota e, indignada, disse que “aquilo” não eram 2, mas 10 PESOS! Eu, obviamente, disse que não tinha os 10, e assim que ela se convenceu disso virou as costas e saiu andando. Olhei pra Debs e, sem saber muito bem o que tinha acontecido ali, disse:

– Essa filha da puta me levou no papo e ainda me arrancou 2 conto!

Claro que ela morreu de rir em me ver passando por uma cena tão bizarra. Passado o “susto”, fomos aos poucos descobrindo a tal feirinha, que é sim muito charmosa, e cheia de bugigangas locais. Algumas, muito bonitinhas, como o presepinho Asteca que eu trouxe pra casa. E lógico, muito Homer Simpson, Maradona, Carlos Gardel, Mafalda e Boca/River.

Das apresentações bacanas de rua, vimos somente um casal dançando tango. Mas os outros artistas locais eram excelentes, e renderam ótimas fotos (e algumas moedas – essas sim, justas – a menos em nossos bolsos):

Como pode-se notar, não há muitas fotos justamente pelo fato de San Telmo ser… uma feirinha. E o adendo resume bem o pensamento: o lugar é ultra explorável – inclusive nas redondezas, existem ótimos restaurantes a preços muito convidativos, pesando contra somente o fato da luta por conseguir uma mesa num lugar bacana, e ter que dividir o ambiente com uma penca de brasileiro. Imageticamente falando, vale muito mais o ambiente do que qualquer outra coisa. E é numa feirinha como essa que a gente treina pra valer (e se diverte muito) com nosso portunhol.

O saldo final da feirinha foi: um presepinho pra mim, um bichinho de serragem muito simpático e uma faixinha de cabelo pra Debs. Camisetas? Cuias de chimarrão? Badulaques e piripocas? Em outros lugares, com muito mais qualidade e com um precinho mais baixo. Recomenda-se sim, mas nada que você, meu amigo paulista urbanóide, já não tenha visto coisa muito parecida aqui nas redondezas.

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  1. Loo

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