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Há mais ou menos uma década atrás, eu dizia que MPB era coisa de velho, que Metallica era tudo de bom nessa vida, e lia (“lia?”) Playboy escondido dos meus pais. E quer saber? Eu estava completamente certo. Explico:

Algumas coisas na vida só ganham o valor que merecem com a maturidade. E um moleque de 14 anos tem que ter hábitos e vida condizentes com a sua idade: não ter a menor idéia do que vai fazer no futuro, ainda não ter um barbeador entre seus ítens de higiene pessoal, achar bonito falar palavrão, assistir à MTV o dia inteiro e ter um guarda-roupa monocromático. Coisas da idade, simplesmente.

…você já se sentiu excluído por sua TV não ter frequência UHF?

E sortudos os que curtiram essa fase com a devida irresponsabilidade que ela merece. Eu posso orgulhosamente dizer que era essa coisa bitolada e ridícula que vocês podem sacar no primeiro parágrafo deste texto. Porém, dizia Nelson Ned que tudo passa. E essa fase foi embora.

E cá estamos hoje, tão rockeiros quanto antes, mas menos “metaleeeeeeeeeeeeiros”… A cabeça abre e entram aquilo que antes eram sons estranhos e mal-vindos. Donos do próprio nariz, hoje dividimos o tempo entre trabalho, estudo para alguns, namorada para outros, às vezes os três ao mesmo tempo. Sem esquecer da família, da conta do celular, da comida dos periquitos. Responsabilidade é legal, mas aumenta a saudade da infância algumas vezes.

Mas nem tudo é saudade.

Afinal de contas, ninguém merece aquela voz indefinível e a competição inter-espinhas pela ponta do nariz. Sejam bem-vindos, Chico Buarque, Gillete Sensor, Holeriche e Camisinha. Foi bom, mas acabou há um algum tempo…

Se você ainda não se tocou disso, cuidado, amigo oitentista. Já não basta ter nascido na década mais bizarra da História da Civilização, você ainda pode sofrer de um mal-crônico: a oitentitis saudabilis saudadis, que causa entre outros efeitos colaterais, a total exclusão social e a ridicularização pública por seus amigos mais esclarecidos. Vacine-se (ou em outras palavras, ACORDE).

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