O gênio e o idiota

ago
2003
27

escrito por | em Brasilidades | Nenhum comentário

O dia estava terminando, gelado e úmido. Às 21h30, após um croissant de calabresa pra tapear esse frio, fomos para a aula do já legendário Mazza (em breve explicações sobre o meliante). Fomos brindados com a obra prima de Charles Chaplin, Luzes da Cidade (City Lights, 1931). Sinceridade minha: morria de curiosidade pra algum dia assistir pela primeira vez uma obra do Chaplin, e essa foi a primeira oportunidade que tive.

Simplesmente lindo. Desde as tomadas de câmera à dramatização perfeita de todo o sentimentalismo envolvido no filme. Cinema mudo, e uma comédia deliciosa e emocionante. A sequência da luta de boxe continua hilária após 80 anos, perfeita tecnicamente e com uma concepção digna do gênio que Chaplin foi. Um roteiro primoroso, envolvente e desenvolvido dando importância a cada quadro, cada cena. Um cuidado que com certeza os Blockbusters produzidos hoje em dia simplesmente ignoram (para azar daqueles que prezam pela qualidade da história e não dão tanta importância aos efeitos especiais).

23h05. O filme termina e nenhum aluno arredou o pé até o letreiro anunciando o fim do filme aparecer. Até os viciados em Matrix deram o braço a torcer e valorizaram a verdadeira obra de arte que estava sendo exibida. Porém…

…vocês me perguntam: e o tal IDIOTA do título desse post, cadê?

Óbvio que não é o sr. Chaplin, que até quando banca o idiota é gênio. Ao sairmos da sala, meus amigos Soul e Glass relatam a besteira que um imbecil acabara de cometer. Um tal de DIEGO, também conhecido como LAMBIDINHA (faltou citar o rapaz no post de apelidos bizarros), provavelmente querendo aparecer para os (cof! cof!) amigos, profere a seguinte pérola sobre o filme:

– Esse bagúio é mó Chaves!

Bagúio…
Chaves…
Digno de apedrejamento em praça pública. Acho que o Chaves nunca teve um grau de importância tão grande em toda a sua longa existência (ele é quase um Highlander), e creio que nem a mais feroz crítica colocaria Chaplin em um patamar tão subterrâneo.

E esse infeliz , o tal do DIEGO, frequenta o mesmo ambiente acadêmico que eu. Após tal comentário, isso me faz pôr em dúvida se a Universidade Anhembi Morumbi é realmente uma faculdade, ou um zoológico. Elelê…

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