1991

ago
2003
15

escrito por | em Vidinha | Nenhum comentário

Eram manhãs como a de hoje que me faziam acordar cedo quando era menor. Adorava dias tristes e frios, pareciam muito mais aconchegantes e “educados” do que os quentes, pois ao invés de te incomodarem com o clima, delicadamente te convidavam a buscar abrigo nas coisas boas de se fazer quando se está em casa. Camiseta velha, calça de moleton e sem meias. Pegava uma revista daquelas grossas e grandes, algumas folhas de papel e derramava a caixa de lápis de cor no chão. Ligava a TV e ficava lá, assistindo desenhos, e fazendo desenhos.

Normalmente a minha casa era o SBT, com seus velhos e maravilhosos clássicos (Pica-Pau, Patolino, Tom & Jerry, Papa-Léguas). Mas o que eu mais gostava eram os Muppet Babies… além do delicioso desenho e de roteiros inteligentíssimos, todos aqueles bichinhos simpáticos também estavam em um quarto. Não um quarto como o meu. Eles tinham gavetas enormes, brinquedos gigantes, um piano (!) e um quarto cujo espaço, eu tinha certeza, era maior do que todo meu apartamento. Todos moravam juntos, todos amigos, a porca apaixonada pelo sapo, o esquisito apaixonado pela porca. E o que era aquele bicho azul, o Gonzo? Parecia legal… e eu me divertia com tudo, inclusive os musicais deles. E desenhava. Antes e depois de cada história.

A manhã só terminava depois de mudar de canal e assistir He-Man na Globo, que era o que fechava a sessão matinal de bons desenhos. Hora do almoço, e a manhã parecia ter tido umas 7 ou 8 horas. Uma tremenda bagunça no quarto… mas eu adorava. Alguns brinquedos no chão, muitas folhas de sulfite rabiscadas. Normalmente pouca coisa boa saía, mas não me importava. O que valia era viver cada momento de paz e de uma alegria que, quando crianças, vivemos sem notar, e hoje desejamos reencontrar quando estamos atolados em nossos próprios problemas, nos perguntando como conseguíamos ser felizes de uma forma tão simples.

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