escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 3 comentários

27/dez/2008 – dia 2
Recoleta, Buenos Aires

Na volta do passeio ao inferno, a passagem pelo hotel foi mais do que obrigatória – pra avaliarmos o quanto havíamos nos arrebentado no Sol, e praquele banho que nos possibilitaria voltar à dignidade no convívio social. Confesso que não lembro muito desses momentos, tal a exaustão.

Os estragos não foram extremos, mas nos deram um bronze ridículo – daqueles que só o típico turista consegue. De qualquer forma, ao contrário do imaginado, dores e ardências não se manifestaram nos dias seguintes, sendo o Sundown elemento indispensável na já cheia mochila da Debs dali em diante.

Andamos o suficiente para que se abrisse um buraco em nosso estômago, e estávamos determinados e não sair do bairro para matarmos quem queria nos matar. Nas idas e vindas pela Recoleta, observamos alguns dos trocentos restaurantes, bistrôs e bares que existem no bairro. E nisso, um em especial nos cativou um pouquinho mais…

O eleito foi um restaurante chamado Costa Verde, que fica na esquina da Juncal com a Junín – por sinal, uma esquina das mais charmosas e aconchegantes… a Recoleta é toda gostosa, mas tem uns cantinhos que merecem algumas linhas a mais de atenção. Enfim… adentramos ao recinto e prontamente fomos atendidos por um mozo que de moço não tinha nada – um senhor que certamente tem a idade de muito vovô por aí.

Notando nossa portunhol ridículo, sugeriu por etapar e com muita calma cada ítem do menu, descrevendo cada prato da forma mais didática possível – e não que decifrar o menu fosse coisa complicada demais, mas um ou outro detalhe podem sim fazer toda a diferença, como notamos alguns dias depois. Ao final das explicações, lembrei da sugestão da sogrinha e pedi o tal bife de chorizo, com papas a la alguma coisa que eu não lembro. A Debs preferiu não arriscar tanto e pediu um poyo en roquefort.

Enquanto esperávamos, o mesmo senhor nos serviou as entradas: os pãezinhos argentinos são sensacionais, mas além do pão em si, os caras servem um requeijão da iLolay que é uma coisa que não se explica. Dá vontade de morder o plástico de tão bom que é.

E se deliciando com uma simples entrada, você pode imaginar a ansiedade de se comer o mitológico pedaço de boi no país que é reconhecido mundialmente por ser um dos melhores nesse tipo de prática. A expectativa tornou-se realidade depois de uns 20 minutos de espera – o que aquele senhor trazia em mãos era pra ser degustado de joelhos…

É sério: não dá pra explicar o sabor da parada. Junte picanha, cupim, costela, baby-beef e tudo o que as vacas têm de bom, que a gente conheça e que dê água na boca. Nada se compara. A suculência da criança não é imaginável nem por fotos.

E a Debs, que pediu o franguinho no queijo, ganhou esse cara aqui de presente:

O tal molho de roquefort (que existe aos 4 cantos por lá) do Costa Verde foi outra experiência. O sentimento é que um feixe de luz divina nos cobriu enquanto devorávamos os pratinhos quadrados da casa. Obviamente que depois dessa orgia gastronômica, o tiozinho simpático que nos atendeu ganhou a segunda propina mais polpuda da viagem, com méritos, e os devidos louros – e a fidelidade de que voltaríamos lá antes de embarcarmos de volta pra casa. Promessa que foi cumprida por mais duas vezes durante a viagem.

E pode parecer exagero dizer isso, mas experimentar a culinária de outro país – mesmo que os pratos e as misturas sejam comuns aos nossos hábitos – já deixa um sabor diferente implícito na própria experiência, a cada nova descoberta. E quando a descoberta acontece e tem um resultado superior à expectativa, esse sabor fica ainda mais gostoso.

Depois disso, só fazendo digestão. Fomos andar…

3 comments

  1. Van

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