Use filtro solar

fev
2009
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escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

27/dez/2008 – dia 2
Puerto Madero, Buenos Aires

Em qualquer circunstância, um sol daqueles amedronta. Se estivéssemos em casa, provavelmente cairíamos de cabeça no sorvete e na preguiça, mas como inserir-se no contexto exige uma adaptação imediata, saímos dos diques de Puerto Madero decididos a conhecer a tal reserva ecológica do Parque Natural Costanera Sur, que é uma tremenda área verde localizada entre os diques e o Rio de La Plata.

Passando pelo Acesso Viamonte, o côco já tostava. Apesar da enormidade de árvores, muito sol e muito calor. Esse calçadão, que ladeia toda a reserva, possui trocentas mesinhas de calçada e trailers daqueles bem pé-sujo, que a gente vê na porta do Pacaembu sábado à tarde às vésperas do jogo do Timão. Todo o tipo de comida, de bife de chorizo a hamburguesas (mas principalmente os churrasquitos) aromatizam o passeio, e nessas horas você vê o quanto o povo argentino cultiva o hábito de aproveitar os parques da cidade. Com cerveja ou chimarrão, poucos eram os que não traziam suas coisas pra se instalar em algum cantinho de sombra, pra ler um livro ou curtir a família. Admirável, e deu até uma pontinha de inveja…

Enfim… durante o passeio, o calor foi tomando conta da nossa alma. Quase no final do calçadão, vimos um caminhão onde faziam aluguel de bicicletas. Ficamos sabendo por um dos guias que havia um mirante no lado oposto do Parque, beirando o Rio de La Plata, em que via-se o landscape de Buenos Aires num ângulo bem bacana para fotos. Namorando uma fotógrafa, decisão óbvia: alugamos duas bicicletas (a $ 8,00/h cada, sendo a dela com cesto, pra câmera não matar as costas), e nos enfiamos na reserva.

Caro amigo: reservas ecológicas são lugares… ecológicos. Banheiros na entrada, e só. Lá pra dentro, vá com a cara e a coragem de quem não vai encontrar nada que não seja… ecologia. Visto pelo nosso mapa (que o próprio chicano que nos alugou as bicicletas, na faixa), a trilha do Parque parecia grande, mas encarável. Mas após 10 minutos de pedalada, vimos novamente que não manjávamos absolutamente nada do clima portenho.

Estávamos cada um com uma garrafinha d’água (que virou memória mais rápido do que atravessar a rua), e sem filtro solar. Eu arranquei a camiseta e arregacei as calças (sim, calça – pela manhã no hotel o tempo parecia ameno), mas de quê adiantou? Claro que na metade do caminho já estávamos mortos. Encontramos o tal mirante, e a Debs tirou as fotos…

…mas naquele momento, o que a gente mais queria era sombra e paz. Com metade da volta pelo Parque, o desânimo de imaginar que o trabalho para sair dali seria dobrado nos desanimou de tal forma que pedalamos como se estivéssimos competindo na Volta da França. Pelo caminho ainda conhecemos a costa do Parque, que dava para o Rio de La Plata, e então entendemos o porquê de dizerem que Buenos Aires fica “de costas para o mar”. Não é uma praia, mas um espaço de pedras e com chão meio lodoso, onde havia mais gente lendo livro e tomando chimarrão.

Pedalamos enlouquecidamente até voltar ao Acesso Viamonte. E de lá, com mais vontade ainda de encontrarmos logo o caminhão, que estava exatamente do outro lado do calçadão. A impressão naquele momento era de que esse outro lado equivalia à distância entre a Terra e Netuno, e somente hoje, eu encontrei em um link (este aqui) que essa sensação não era de todo errada.

Enfim, vai sair em Buenos Aires? Informe-se sobre o clima, e não passe pelo que a gente passou.

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