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(texto que deveria ter entrado no ar quinta-feira passada)

Algumas poucas vezes eu acabo passando o dia inteiro sozinho – sozinho eu digo de acordar, sair de casa e daí pra frente não passar mais do que alguns minutos acompanhado de alguém: ver rapidamente os amigos, alguns conhecidos, chegar em casa e não encontrar mais ninguém acordado. É um tipo de situação que atormenta muita gente, mas que eu particularmente gosto.

É um bom momento para olhar pra dentro de si mesmo. A gente já não tem tempo pra nada hoje em dia, e menos tempo ainda pra cuidar de nós mesmos. Então, por que não aproveitar algumas horas em que impomos nosso próprio ritmo e fazemos nosso caminho? Mudar o lado da calçada, seguir um quarteirão à frente, parar por alguns segundos para observar o gato no muro – pode não parecer, mas seu dia pode tomar uma cara totalmente diferente.

E então você percebe as conversas sobre o jogo do Santos na padaria (todo mundo falando de Boca cheia!), dá uma olhada numa promoção de tênis numa loja em frente ao serviço, dá uma parada na banca de jornal pra folhear as revistas da semana, fala sozinho durante o caminho inteiro… e fica estranhamente feliz, por perceber que sua vida não anda tão ruim quanto você pensava.

Matar a saudade de si mesmo é necessário. E óbvio demais (e talvez por isso seja tão bom).

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