Corpo fechado

set
2007
21

escrito por | em Vidinha | Nenhum comentário

Não há muito o que se dizer né.

Afinal de contas, uma foto dessa já deixa bem claro o tamanho do susto. E tentar descrever o susto de perder o freio no início da descida do Túnel da Juscelino Kubitschek, e a reação de jogar o carro no muro ao invés de puxar o freio de mão… enfim, reflexo, puro e simples reflexo. Ao mesmo tempo em que cometi a cabacisse de desligar o carro na descida – como pede a placa na entrada do túnel em dias de trânsito – e acreditar que meu freio funcionaria a seguir (coisa que, nota-se, não aconteceu), uma seqüência de sorte me livrou de capotar o bundudo aí de cima: um puta trânsito, que possibilitou que o carro estivesse em baixa velocidade; uma mureta inclinada, o tempo suficiente de desviar do carro da frente, uma viatura do CET a 15 metros logo acima – e com guincho, e uma turma de motoboys prestativos (sim, isso existe), além do sangue frio e do desapego material ao pensar no “fodo o carro e me fodo sozinho, mas não pego ninguém no caminho” que sabe-se lá de onde eu tirei durante o segundo de reflexo que eu precisei pra fazer isso aí. E após o resgate vir rebocar meu carro, fui avisado que quando puxado, sua frente poderia arrebentar na mureta. Não tem jeito, vai assim, eu pensei. E puxamos o carro, sem tombá-lo, e ele foi recolocado na pista. O absurdo de tudo isso está nos estragos causados. Uma imagem vale mais do que mil palavras:

Esse detalhe assinalado aí é o quanto de pintura ficou no muro. Nenhum amassado, nada quebrado. Se eu jogo menos pra direita, arregaço a lateral. Se jogo mais, arrebento a frente. Mas eu tive a capacidade de estacionar em duas rodas, literalmente. Susto sanado, fui passar a noite fora. E ao acordar hoje, tirei essa linda foto antes de vir trabalhar. Eis que quando vou abrir a porta do carro, percebo que o console central está no banco de trás, e minhas balinhas estão todas jogadas no chão do dito. Sim, tentaram levar o carro. Isso tudo em menos de doze horas.

Mas como o ladrão era de galinha, abriu a porta direitinho mas não conseguiu arrancar a Mul-T-Lock. Bancou o Rei Artur, muito provavelmente, mas certamente é mais fácil arrancar uma espada duma pedra do que aquele teco de ferro da caixa de câmbio. O dito fugiu sem mexer em mais nada além do console e do miolo da chave, que provavelmente eu terei que trocar nos próximos dias.

Eu lembro que ia ganhar um São Judas pra colocar no carro. Minha mãe está enrolando pra liberar esse presente, portanto peço doações. Qualquer coisa que vá contra essa maré de olho gordo em que me botaram será muito bem-vinda: trevos, pés-de-coelho, enfim… minha cota de milagres do ano certamente está esgotada depois dessas últimas 24 horas.

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