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Obrigado, Azulão.

Coincidentemente no momento em que eu estou devorando Fome de Bola do Nick Hornby (acho que encontrei um autor que me faz gostar de ler – espero que seja um bom início nas minhas empreitadas literárias) e me apaixonando pelos causos que envolvem o Arsenal, justamente porque envolvem em muito a minha história com o futebol, o São Caetano sapeca um chocolate no São Paulo (sim, respeitosamente não me referirei ao time como Bambizada, Bicharada ou qualquer outro adjetivo pejorativo).

Logicamente palmeirenses e nós, corinthianos, estamos rindo à toa com isso. E antes que me digam que estamos gozando com o pau dos outros, eu mesmo digo: estamos, e é bom sim. Hornby por diversas vezes no livro cita os acontecimentos da sua vida e os relaciona à “experiência futebolística”. Não é exagero. Quem gosta do esporte e o acompanha de alguma forma, seja elegendo um time de coração e batendo no peito, indo ao estádio, fazendo festa num título, mordendo os dedos durante a Copa do Mundo, trocando figurinhas ou tendo que ouvir as piadinhas dos colegas de trabalho depois de uma piaba sabe bem que a mística de cada jogo encerra um pedacinho de história que, enumerando após algum ou muito tempo, pode servir de análise pra muito daquilo que chamamos modo de vida.

Da minha rivalidade natural aos palestrinos, cultivada durante toda a minha infância e boa parte da adolescência, hoje o sangue sobe a cada vitória dos bamb… ops, são-paulinos. Porque eles têm a organização que uma equipe vitoriosa deve ter, mas são asquerosos, pedantes, metidinhos… bom, são exatamente tudo aquilo que a gente odeia. Os santistas têm sim o melhor técnico desse país (coisa que o São Paulo ainda não teve, e graças a Deus, porque resulta normalmente em uma ou duas estrelas a mais acima do escudo). Nosso time de administração caótica tem um punhado de jogadores bons vindos normalmente de nosso futebol de base (coisa que nós, corinthianos, adoramos – é identidade pura com nossa camisa uma coisa dessas), e uma diretoria caoticamente incompetente. Invejamos a organização alheia. Até mesmo o Palmeiras parece acenar com um princípio de planejamento a longo prazo, enquanto nós continuamos ali, cheios de fé e esperança que São Jorge nos ajude. Por sinal, um parabéns especial ao aniversariante…

Então, quando um São Caetano da vida (já que estamos falando de organização, nada mais contextual do que o Azulão) enfia uma pancada nesse timinho de fruta, daquele goleiro narigudo e daquele iletrado perna-de-pau do Souza, e cala a boca da minha vizinha esganiçada que a cada gol desses caras corre pra janela que fica em frente ao meu quarto e grita um “VAI SÃO PAULOOOOOO PORRAAA…”, poder dizer hoje que são-paulino dá, dá e dá até levar de quatro é um prazer quase sexual. Porque pior do que jogar mal, é jogar bem e morrer na praia. A gente é medíocre mesmo, mas a graça do futebol é essa: quem torce, não quem faz. Já torci pro Palmeiras, já torci pro Santos, sempre em situações limítrofes. Mas não consigo torcer pro São Paulo. Me dá raiva. E me faz desejar que exista alguma possibilidade de derrota dupla nos jogos desses caras.

E que quinta-feira nosso São Jorge nos ajude a passar pelo Náutico lá no Pacaembú. Eu estarei por lá pra ajudar, rezar e torcer. Porque se der merda, este blog na sexta será agredido com saquinhos de purpurina que eu bem sei.

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