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E quem não quis mudar seu próprio passado, e corrigir as injustiças sofridas durante a vida? Brincar de Deus é nosso sonho comum, algo que nem o mais ingênuo ou o mais puro algum dia não cogitaram, mesmo que utopicamente. Sonhar em reatar uma paixão, recuperar uma amizade, desfazer um equívoco, trocar mentiras por verdades e recapear os buracos que nós mesmos cavamos… enfim, tudo valeria a pena por esta vida perfeita e sem imprevistos.

Mas quem seríamos nós sem nossos erros? Sem nossos riscos, o que restaria para que pudéssemos satisfazer esse desejo incontido de revelia à rotina e à mesmice da qual somos escravos?

Filmes. Sonhos. Devaneios que desde crianças tomamos contato, e nos esquecemos que são impossíveis (até que nos provem o contrário). Temer o amanhã sabendo que ele pode ser consertado quando se tornar o dia de ontem torna-se desnecessário, mas nesse contexto onde ficam nosso instinto, nossa cobiça, nossos objetivos?

O ser humano se preocupa demais com sua conduta. Não que isso não seja necessário, mas a perfeição é algo que nunca atingiremos. Não existe uma mente completamente pura, atos sem segundas intenções ou virtude plena. Então, nos contentemos com o que somos, busquemos nossos próximos passos e saibamos que os tropeços, os buracos, as perdas, a saudade, enfim – tudo isso sempre fará parte da nossa vida. Não existe história sem acidente, acaso, coincidência. Ou então teríamos todos os mesmos fatos, os mesmos caminhos e os mesmos finais para histórias que deveriam ser diferentes.

Eu lembro de ter escrito algo aqui sobre o “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” há um bom tempo (11/03/2005). Hoje, devido a uma amigdalite Mike Tyson, fiquei em casa mofando de dor e assistido “Efeito Borboleta”. Essas coisas sobre destino, rumos e afins sempre me deixaram baratinado. Quando vêm disfarçadas em bons filmes, mexem ainda mais com esta cabeça quase loira…

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