escrito por | em [Viagem] Peru/Bolívia 2011 | Nenhum comentário

19/set/2011 – dia 6
Cusco/Machu Picchu

Assim que terminamos o almoço, entramos na cidade histórica.

A frase acima traz a única impressão de normalidade possível em Machu Picchu, porque logo após os primeiros passos já é possível avistar a clássica imagem das duas montanhas ao fundo, e as ruínas logo à frente. Algo que desde pequena toda e qualquer criança sabe o que é, assim como a praia de Copacabana ou a Estátua da Liberdade. Copacabana, quando eu conheci num final de tarde num longínquo 2001, me emocionou profundamente por concretizar aos olhos algo que nenhuma foto, filme ou desenho são capazes de fazer.

Machu Picchu não foi diferente. Pelo contrário.

Da mesma forma que creio eu, seja absolutamente impossível descrever o que se sente no primeiro contato com a cidade. A emoção sim se apodera de você, e naquele momento eu, a Dé, a Mel e minha mãe de uma forma ou de outra fomos afetados diretamente pela grandeza e magnitude daquele lugar. Qualquer pessoa sonha, e realizar um sonho é sempre algo cuja plenitude de sensações e emoções só cabe a quem vive. Eu não seria responsável se tentasse explicar o que sentimos, acho que nem mesmo o que eu senti. Esqueçam os nomes, as explicações históricas, as curiosidades… eu não consigo descrever Machu Picchu dessa maneira.

Consigo sim dizer que a grandeza e a imponência da cidade te deixa com a clara impressão de sua insignificância perante o mundo. Seus níveis e caminhadas são feitas quase que na totalidade subindo ou descendo para algum lugar. Tente (eu sei, não dá, mas tente) imaginar o que significa uma cidade vertical no alto de uma montanha, cujo visual em qualquer um de seus arredores é o cume de uma cadeia montanhosa enorme e absolutamente linda. Lá embaixo, um rio corre minúsculo (nessa perspectiva), mas se faz ouvir. Somos paulistas desacostumados com tanto verde. As paredes de pedra são enormes, impossíveis de serem construídas numa época e altitude tão grandes. Mas estão lá, assim como um sistema de escoamento de água que faz frente a qualquer projeto moderno. Respira-se história de uma forma densa, mas isso não predomina sobre o deslumbre que é estar ali, inserido num cartão postal – ou num sonho real, se preferirem.

Por isso mesmo, vou tentar colocar em palavras alguns dos acontecimentos da tarde, pra identificar nossa viagem com nossas coisas. A começar pelo ímpeto de explorador que dominou todos nós… existem setas e umas indicações de rotas sugeridas pelo caminho em toda a cidade. Todas foram solenemente ignoradas, e fizemos nosso passeio. Os “degraus” das “escadarias” são sim conjuntos de pedras, e os incas eram altos, ou seja… sim, cansa o sobe-e-desce. Mas não se esqueça: você está na pilha por estar ali, e esse cansaço só é sentido na hora que você volta pro hostel, portanto fique tranquilo. Leve água, porque é necessário. E no mais, simplesmente aproveite… foi o que fizemos. Pouco a pouco fomos descobrindo cada um dos locais, as casas, seus caminhos, curvas e becos. Em alguns pontos – muitos deles – é possível observar todo o vale, e parece que cada visão é cada vez mais especial e diferente. Não é exagero.

O dia vinha meio nublado, e a cidade estava com bastante gente. Percorremos uma linha geral, nos aproximando de Huayna Picchu inclusive, que seria a montanha a ser vencida no dia seguinte. Subimos, descemos, demos voltas atrás de voltas e fizemos questão de “nos perder” entrando onde bem entendêssemos. No meio da tarde, uma chuvinha chata começa a cair. Mas esse “chata” acabou dando um tempero a mais na tarde, pois havíamos nos preparado MUITO para aquele momento, e enfim poderíamos testar na prática nossos casacos impermeáveis. Parece coisa de bobo, eu sei, mas tamanha era a felicidade e a plenitude daquele momento que não havia chuvisco que nos atrapalhasse. O passeio ganhou nova cara. Subimos ainda mais, e lá de cima tivemos uma visão geral daquela cidade fantástica. A tarde foi passando e pouco a pouco as pessoas foram embora, até resolvermos fazer o mesmo – a fome já voltava a perambular e em determinado momento a Mel percebeu que ela e o curry não serviam um para o outro. Saímos aos poucos, tirando mais e mais fotos (pois a cidade estava esvaziada e enevoada agora, e essa era uma combinação absolutamente fantástica para qualquer registro). E quando nossa integrante germânica se livrou de todo o curry de sua alma, estávamos plenamente cansados e prontos para descer e jantar. Havia ainda uma manhã e metade de uma tarde naquele lugar, e o dia seguinte prometia ser ainda mais especial. Ainda havia muito a se fazer por ali.

Uma tarde que não seria (e não será) esquecida.

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