19/set/2011 – dia 5
Cusco/Vale Sagrado
Pegamos o microônibus e seguimos viagem até um restaurante no meio do Vale Sagrado, afinal, almoçar é algo tão sagrado quanto qualquer sítio que visitássemos… Nossa parada foi em Urubamba, onde pudemos durante uma hora desfrutar mais um pouco do rango local, com seus milhos gigantes e até um feijãozinho apimentado (que estava meio duro, mas quem se importa nessas horas?). Vale o registro que no restaurante “tocavam” uns artistas locais – sim, música ao vivo era um dos atrativos – porém, num playback descarado, e ao lado obviamente aquela pilha imensa de CDs. Comida, xixi e baterias renovadas, bora seguir viagem.
Pouco mais à frente, o ônibus faz uma pausa rápida num lugar todo bonito, de onde sai Grant, nosso herói americano que havia comprado um pacote mais chique que o nosso e havia almoçado coisa bem mais gourmet. Obviamente o fato somou-se às piadas internas que já fazíamos. Segumos em frente. E o tempo foi fechando…
…até nossa chegada a Ollantaytambo. Não havíamos levado nossos casacos impermeáveis, dado que pela manhã estava um Sol bem do bonito. Conclusão? Capas de chuva, que os locais avançaram oferecendo sobre a gente assim que descemos do coletivo. Não lembro quando pagamos, mas foi coisa ridícula de barato. Porém, ridícula também era a capa, como vocês podem notar nas fotos seguintes. Mas protegidos que estávamos, era hora de encarar a pedreira. Literalmente.
Vou colar a definição da Wikipédia pra facilitar o trabalho sobre as explicações necessárias – e são necessárias mesmo:
“Ollantaytambo ou Ullantaytanpu é uma obra monumental da arquitetura incaica. É a única cidade da era inca no Peru ainda habitada. Em seus palácios vivem os descendentes das casas nobres cusquenhas. Os pátios mantêm sua arquitetura original. Trata-se de um dos complexos arquitetônicos mais monumentais do antigo Império Incaico. Comumente chamado “Fortaleza”, devido a seus descomunais muros, foi na realidade um tambo ou cidade-alojamento, localizado estrategicamente para dominar o Vale Sagrado dos Incas. O tipo arquitetônico empregado, assim como a qualidade de cada pedra, trabalhada individualmente, fazem de Ollantaytambo uma das obras de arte mais peculiares e surpreendentes que realizaram os antigos peruanos, especialmente o Templo do Sol e seus gigantescos monólitos. Algumas das rochas utilizadas na construção são somente encontradas a alguns quilômetros da cidade, o que revela o domínio de técnicas avançadas de transporte de rochas. As pedras eram trabalhadas antes de serem transportadas e nesse trabalho eles deixavam sulcos para facilitar o transporte, mediante amarração de cordas.”
Um lugar lindo, impressionante e alto pra burro. E naquele momento, molhado. Começamos a subir as escadarias* e logo no primeiro recuo minha mãe resolveu (sabiamente) não encarar o desafio. Enquanto ela ficou lá embaixo, subimos junto com o guia e o grupo para conhecer o complexo. Entre muitas explicações sobre as portas, as estruturas e tudo mais, ficou um sentimento de frustração implícito pela chuva. Aquele lugar é realmente muito bonito, mas a água não ajudava e as paisagens estavam todas enevoadas. Subimos um pouco mais, vasculhamos alguns cantos mas certamente não aproveitamos aquele local como gostaríamos. Descemos, reencontramos a véia, tomamos um pouco mais de chuva e o grupo então regressou.
Minha mãe, que é tão dada quanto eu, ganhou a simpatia do nosso guia – que lhe entregou a bandeirinha do grupo e emprestou seu lugar a ela por alguns instantes. Pra desmentir qualquer possibilidade da Paquinha não ter se divertido durante a viagem, ou achado ruim que choveu, que estava frio, que estava desconfortável, enfim… algumas imagens, que valem sim mais do que qualquer palavra escrita.
É impossível negar que a gente já estava num razoável bagaço, e que a tarde com esse tempo não prometia muita coisa além daquilo que já havíamos vivido. Porém, viagem é viagem, e a gente sempre acaba se surpreendendo quando menos espera. De volta ao ônibus, ainda havia um último destino antes de cair a noite.
*Sempre que esse tipo de referência surgir num sítio arqueológico, entendam como sendo um conglomerado de pedras nada simétricas que possui a mesma função de uma escada. Porém, seus acessos são absolutamente distintos. Os incas eram altos – e os degraus também são. Da mesma forma, são pedras pouco trabalhadas, apenas na suficiência de atingir a esses objetivos de acesso.
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Eu fui um duende verde.