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Voltamos de Buenos Aires com o que havia restado de nossas finadas economias: a Debs, com o que restou do último salário dela antes da demissão, e eu com as migalhas dos freelas que eu vinha levando durante os últimos meses. Arranjei um bico de dois meses na Elleven em seguida, e de lá exatamente no término desse prazo fui chamado pra trabalhar na Sunset.

Foram exatos dois anos entre o início e meu último dia, que começa hoje. De uma realidade da qual eu ainda não havia tido contato. Contas grandes, clientes idem, muita gente, enfim… aquela coisa que a gente imagina de uma agência líder no seu segmento. E entre os prós e contras que algo desse tamanho traz pra gente, a vida seguiu. Pressão, correria, divergências e convergências, e muitos trabalhos saíram de lá, Alguns mais bacanas que outros, mas o suficiente para que meu ciclo começasse, acontecesse e terminasse de uma forma ainda decente e bastante tranquila. A gente adquire experiência(s) em qualquer lugar que passe, e esse contato com uma agência de grupo como é a Sunset acrescentou sim e após esse biênio me esclareceu certos rumos que pretendo tomar pra minha vida daqui em diante.

Foi trabalhando lá que passei pelos dois períodos mais marcantes da minha vida pessoal também: o mais feliz, que foi meu casamento, e o mais triste, a morte do meu pai. Em ambos, contei com o apoio de pessoas que esperava, e outras com as quais passei a contar e reparar dali em diante. Por sinal, revelar esse tipo de surpresa foi uma especialidade da agência. A Sunset deixa pra mim principalmente aquilo que não se mede em resultados corporativos: um legado de pessoas. Histórias de almoço, risadas aleatórias, conversas disconexas, futebol mal jogado, premiações, festas da firma, e muitas lembranças de uma meia-dúzia que eu levo daqui em diante pra minha vida. Tanta gente que conheci, e algumas gratíssimas surpresas que surgiram sem pedir licença. Elas sabem quem são, pois já são há tempos, e continuarão daqui em diante – no que se diz respeito a cultivar amizades, eu sou bastante competente, sem falsa modéstia. E já sei quem me acompanha daqui em diante, naqueles que serão meus próximos passos.

Resolvi deixar essas linhas por aqui pra registrar um pouco desse dia do qual a gente costuma se preocupar em recolher as coisas, reafirmar algumas amizades, se despedir de algumas pessoas das quais a gente provavelmente não saberá mais nada a respeito, e despachar de vez algumas outras. E sempre dá um nó na garganta quando essa história não termina mal. A minha está terminando muito bem, com um saldo pra lá de positivo e promessa de dias melhores e mais bonitos muito em breve. O que eu levo disso tudo é muito maior e melhor do que poderia imaginar, e por isso mesmo essas linhas também são de gratidão. Que o sol se ponha amanhã pela última vez nas isoladas ruas do Brooklin. E que o dia, mais do que palavras, ganhe em significado.

Foi muito legal. Será ainda melhor daqui em diante, tenham certeza. Obrigado molecada.

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