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02/jan/2009 – dia 8
Avenida Corrientes, Buenos Aires

Parte 1: OS COMES

Imagine uma pessoa que gosta de batata. Agora imagine que essa pessoa não apenas goste , mas goste MUITO de batata. Então, imagine que durante uma viagem, pesquisando recomendações culinárias, essa pessoa encontre um lugar chamado Palácio das Batatas Fritas. Pois é. Eu namoro essa pessoa.

E eu não sei onde estávamos com a cabeça (eu especialmente) quando resolvemos ir à pé para o tal restaurante. Andamos o que psicologicamente equivalia a uns 40 quilômetros, até chegarmos ao Palacio de la Papa Frita. Não era um pacote gigante de batatas, muito menos um lugar que só servia batatas. Era sim um restaurante de tiozão, tradicional e tudo mais. Debs fez biquinho, mas manteve o ânimo. Pedimos um Lenguado Al Roquefort, e para abrir os serviços, obviamente, uma porção de batatas (que segundo o velhinho garçom, eram as mais tradicionais de Buenos Aires).

E de fato, essas não decepcionaram. Elas são infladinhas, e bem boas. Não me pergunte como eles fazem… só sei que lendo as críticas ao local dias depois, vi que são praticamente uma unanimidade…

Acabaram-se as papas. Pedi o tal prato e enquanto a Debs ia ao banheiro o besta aqui resolveu pedir um vinho portenho, pra não terminar a viagem sem antes experimentar uma das especialidades do país. O problema, é que, na empolgação, acabei optando por um tipo que é sim o que eu mais gosto (e não o que a Debs gosta). E com isso, quando a garrafa chegou, a pequena experimentou da minha taça e em seguida mandou um “…não…” típico de quem não vai mesmo encarar a aventura.

Parte 2: OS BEBES

Éramos eu e aquela garrafa ali, inteirinha. E eu pensando, depois daquele dia desgastante pra burro: “não vou deixar essa criança aqui… é um absurdo desperdiçar tudo isso de vinho…”. Com essa dedução, me pus a beber a dita a goles generosos, e pouco acostumados à iguaria de Baco. A Debs se deleitava, e acabava com a pouca reputação que eu já tinha naquele momento, com fotos que realmente traduzem o sentimento do momento:

Ao fim da garrafa, eu já não acertava a comida no prato, sendo que a última garfada foi o primeiro de uma série de motivos para o ataque de riso sem fim da Debs. Após a conta (que ela pagou, eu realmente não me lembro), olhei para a porta, lá distante, e pensei “em linha reta não tem erro, é só ninguém me atrapalhar”. Eis que os garçons vieram fazer um tipo de “corredor de agradecimentos”, assim que levantamos da mesa. Eu devo ter dito a série mais longa de “gracias” da viagem, culminando num quase-tropeção na porta da rua.

E sei sim que no caminho de volta (que fizemos a pé, e qual seria o motivo pra isso, meu Deus?) eu cumprimentei absolutamente TODOS os pilotos do Dakar que cruzavam nosso caminho, com gritos entusiasmados que eu não lembro o que diziam. A Debs também me contou que eu quase arranjei briga na rua, tirando sarro da galera da calçada e aloprando cada um que passava na minha frente. O que eu lembro mesmo é que o caminho pro apartamento foi muito, muito longo, e demorou quase 10 horas pra ser cumprido; que andamos mais ou menos uns 30 quilômetros até o hotel, que eu ria desenfreadamente por motivo nenhum, e ao chegar ao hotel caí de bruços na cama, e assim fiquei até a Debs (mostrando mais uma ve o porquê de tê-la escolhido pra casar comigo) pacientemente descer até a Drugstore mais próxima e comprar os dois alfajores mais doces e pesados da viagem, que eu devorei mastodonticamente antes de cair no sono, feliz e travado de bêbado.

Um porre de vinho na Argentina. E quem disse que pobre não viaja com estilo?

*O título do post foi alterado por motivo de spam. Nem entrarei em detalhes aqui…

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