escrito por | em Brasilidades | 2 comentários

As eleições estão chegando. E antes que se pense que tentarei bandeirar minhas convicções políticas nos próximos parágrafos, é bom deixar bem claro do que se trata esse texto: de descrença. Mais do que isso: trata-se sim de uma total e completa desilusão sobre as pessoas. E não só as que estão lá, dando a cara pra bater e loucas pra mamar nas tetas do governo. Talvez mais até as que estão aqui, do nosso lado, e eu me incluo nisso.

Porque é exatamente o nosso comodismo que abre caminho para que os aproveitadores de ocasião estejam lá, fazendo essa palhaçada chamada horário político obrigatório. Tiririca, KLB, Maguila, Marcelinho Carioca, Netinho de Paula, Mulher-Pêra, Moacir Franco. A gente merece isso mesmo. Talvez se tirássemos nossa bunda da poltrona e quiséssemos de fato mudar alguma coisa, houvesse ainda algum espaço pra isso – se bem que depois de conseguir entrar nesse circo pra lá de corrompido, ou entramos na dança ou dançamos sozinhos – o coronelismo mantém firmes e fortes os generais que lá habitam a décadas, e são deles as cartas, pra lá de marcadas. É muito difícil, senão impossível, mudar o contexto em que estamos inseridos.

Ceticismo é a palavra da vez.

Ou vocês acreditam na Dilma, que nada mais é do que um Pitta do Lula? Lula que por sinal, caso apóie um poste, elege o objeto inanimado pro cargo que for, tal a populariade do sujeito (e sim, méritos pra ele, que conseguiu dissociar sua imagem de qualquer partido político). Então que tal acreditar no Serra, de quem só se ouve falar quando uma eleição está próxima, e cujas alianças envolvem Orestes Quércia (cujo câncer talvez enfim faça uma boa ação afastando esse traste da vida pública) e Paulo Maluf? Vamos então de Marina Silva, que hoje é uma sombra daquela militante engajada e posicionada do primeiro governo do companheiro. Apática com receio de afirmar suas opiniões, sua fragilidade é lamentável. Então vamos do centenário Plínio de Arruda, que já tem rabo preso lá dentro, e por isso mesmo conseguiu dessa vez um lugarzinho ao sol. E isso porque estamos aqui discutindo somente a presidência do país. Mas quem define e defende projetos, fiscaliza as contas e bota a coisa toda pra funcionar são aqueles outros, de 4 e 5 dígitos em suas legendas.

Serão seis votos dessa vez… uma verdadeira confusão pro povo que mal sabe quais os seus direitos. Se já é difícil escolher um desse bando, o que se dirá de seis? Mas é a confusão o que se espera mesmo, e nessa bagunça a corja toda se mistura e volta de onde nunca saiu. As promessas de todos continuam as mesmas: “lutar pela educação, mais empregos, mais casas populares, mais saúde, bla bla bla…”. Balela. Daqui a algum tempo, muda-se nome de rua, nome de praça, algum projeto esdrúxulo é aprovado, depois outro e outro. As ruas continuam esburacadas, tráfico e criminalidade continuam dando o tom nos telejornais, a impunidade comendo solta, os ônibus superlotados, obras superfaturadas e sem licitação. E daqui a 4 ou 5 anos, os jingles voltam, grudentos e obrigatórios, e esses mesmos nomes rodam os cargos. Porque eu não vou lá me candidatar, e nem você.

Portanto, nada muda. Nem hoje, nem depois.

Por essas e outras, parem de reclamar e aceitem. Ou façam um barulho de verdade. Porque movimentozinho pela internet, hashtag no Twitter e flashmob no Ibirapuera são revoltas de gente fresca. Revolução é outra coisa, e na minha opinião, só ela – e vinda da gente, sem patrocínio de cerveja, emissora de TV ou marca de fast-food – pode autenticar nossa democracia. Que hoje, inexiste.

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  1. jan
  2. Bruna Costa

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