Respirando fundo

jun
2010
10

escrito por | em Trabalho, Vidinha | 1 comentário

O dia de ontem serviu para pisar no freio.

Já vinha de duas semanas sem descanso. Trabalho de sábado e domingo (pra um cliente e pra própria agência), e um novo hábito recém-descoberto: chegar cedo na Sunset não é difícil pra quem mora na Vila Sônia, se o horário de saída de casa não passar das 8h.

Segunda-feria foi trabalhada por 19 horas seguidas. Ainda assim, acordar cedo não foi grande problema. Ficar longe da internet e da vontade de trabalhar pra si num raro dia de folga é que são elas… e de certa forma, minha paz vinha se estabelecendo bem, com direito a cochilo no meio da tarde e o escambau. Tudo muito bom, até receber o telefonema do tal cliente (aquele do trabalho de duas semanas atrás).

E aí, aquela broxada.

Sim, porque quando eu fecho meus freelas, costumo passar um cronograma, com datas e previsões mastigadinhas, justificando os preços e dando à agência envolvida argumentos pra fechar a proposta com o cliente. Refações, ajustes, está tudo lá, contemplado com a experiênca de quem já bateu muito a cabeça fazendo esse tipo de coisa em troca de um troco extra que ajude a pagar as contas (que depois do casamento, exigiram esse fôlego que o salário atual não contempla). E como a necessidade de grana às vezes é maior que a prudência, corremos certos riscos.

Nesse caso, um combinado por telefone. Que cagada, Marcelo.

Porque o trabalho duraria 15 dias. Porque o material seria entregue à agência dia 2. E dentro desses dias, foi exatamente isso o que fiz. Contemplei o material que me foi passado, e entreguei aquilo que pediram. Teoricamente o pagamento sairia em seguida, mas o que veio no dia 3 foi mais um telefonema, pedindo mais trabalho, uma vez que “o cliente atrasou”.

Ninguém fala em adicional. Fala sim em mais trabalho.

Mas meu compromisso com a Sunset (que paga minhas contas todo mês) vem antes, e eu não posso contemplar as solicitações do cliente. Minha parte cumprida, passem os ajustes para outra pessoa. Nada de pagamento. E agora os caras ligam (e que mania essa de telefone – documentação pelo jeito não é importante pra algumas pessoas) contestando se devem me pagar o valor integral combinado.

Porque mais fácil do que olhar o próprio umbigo é rebater a merda.

E assim, sobrou pra mim. Que ainda aguardo o tal pagamento (sim, a confabulação sobre “quanto vale o show” já dura 8 dias além do combinado), e fecho uma porta. Me valeu um estresse razoável num dia que era pra ser de folga e recuperação. E nessas horas eu me pergunto se o que faço de fato e esse meu jeito metódico ainda serão capazes de me garantir alguma qualidade de vida dia desses. Afinal, quando você se pergunta se organização é mesmo necessária, é porque alguma coisa de fato deu muito errado.

No meu caso, ceder à zona alheia. E enquanto o pagamento não sai (seja qual e de quanto for), o negócio é seguir em frente. De preferência, sem errar de novo e sem se deixar contagiar pelo lucro fácil. Porque depois de uma noite bem dormida (e de consciência tranquila), e conversando sobre uma situação dessas com os amigos, vejo que meu caminho está bem certo sim – apesar de por vezes, deficitário.

Porque dinheiro a gente sempre arranja. E nem sempre algumas coisas valem tanto assim.

1 comment

Trackback e pingback

  1. marcelo spacachieri masili | 3M » Para você, amigo freelancer e amigo cliente…
    [...] que após o relato dessa história, dias atrás, a Inkuba decidiu descontar 33% do meu pagamento final. Isso mostra…

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