escrito por | em F1 | Nenhum comentário

Num campeonato onde brilharam duas equipes, e algumas outras soltaram vez ou outra lampejos de esperança, uma análise de equipe por equipe, e de piloto por piloto, creio eu, é completamente desnecessária. Quem acompanhou sabe o quão problemático foi o ano de 2009 para a categoria. Ao invés disso, resolvi abordar outra coisa nesse provável último post sobre Formula 1 no ano:

O que nos aguarda daqui pra frente?

Com a saída das montadoras (Honda, BMW e Toyota – até o momento), e a chegada dos times pequenos, a F1 ganha ares de categoria mais pobre/menos glamurosa. Eu acho isso tudo muito bom. Mesmo que num primeiro momento a competição fique novamente concentrada em duas ou três equipes. Coisa que, por sinal, nunca foi muito diferente disso, e sendo assim é perfeitamente considerável.

Lembro muito bem de ver sessões de classificação com 32, 34 carros… Rial, AGS, Life, Lola, Dallara, FootWork e outras porcarias brigavam pra simplesmente largar. O circo não era tão limpinho… via-se motor estourando, piloto grotesco destruindo carro, chefes de equipe bizarros que penhoravam a família em troca de um motor, propagandas de cigarro, vadias no paddock (isso ainda acontece, pelo menos), e circuitos poeirentos, com guard-rails remendados e grama alta. Era muito legal, porque era perigoso, mambembe e cheirava gasolina.

Com a vinda das montadoras e o avanço desenfreado da tecnologia, a coisa ficou com cara de hospital. Esse maldito e infeliz circuito de Abu Dhabi é a mais perfeita imagem do sabor de plástico que somos obrigados a engolir, graças à nossa devoção e resistência em não abandonar essa paixão. Claro que os avançoes e o desenvolvimento são ótimos, benéficos e o escambau, não só pra competição, como pra aplicação na nossa vida cotidiana. Mas observe:

A saída das montadoras abre espaço para a volta dos garagistas. Claro, hoje em dia não se monta um carro de F1 com peças recicladas, alugadas ou reaproveitadas – os custos para se fazer parte da categoria são elevadíssimos. Mas equipes novas precisam de gente boa desenvolvendo os carros, dentro e fora: bons pilotos, bons engenheiros, e uma equipe afiada de mecânicos. Novos nomes sempre são bem-vindos, e eu acho que a dedicação para se desenvolver uma estrutura competitiva de gente pequena tem a ver com sangue. Vindo de montadoras, isso é uma obrigação – que por sinal, foi muito mal cumprida pelas três que já se foram.

Portanto, que venham os novos ares. E as novas histórias mirabolantes, que só gente pequena, nova ou ambos é capaz de conceber. É um respiro de vida pra algo que anda muito sem sabor, de tão certinho.

Comente