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Eu não comentei nada sobre a F1 por aqui durante a temporada, com exceção da etapa de abertura. Dessa vez, me contentei em simplesmente acompanhar essa que foi sem sombra de dúvida a mais conturbada, inesperada e absurda competição na categoria de todos os tempos: brigas entre FIA e FOCA, difusores duplos, inversão de grandezas, Nelsinhogate, abandono das montadoras, a escuderia estreante faturando título de construtores e pilotos, nova geração de autódromos tecnológicos… foi areia demais pra qualquer caminhão. E de tudo isso, sequer citei o campeonato em si.

E acho que nem seria possível. Não dá pra resumir num textinho tanta coisa. Nem introduzir o assunto aos que não o acompanham, porque é muita explicação pra pouco espaço, além de desenvolver tudo isso. Então, sejamos breves no balanço da coisa toda:

Foi um bom campeonato. Não foi um baita, porque baita é quando as pistas são ótimas, as equipes estão equiparadas e há disputa e imprevisibilidade rolando. Nada disso aconteceu. A Brawn dominou a primeira parte da temporada, e a RedBull a segunda. McLaren, Ferrari e Renault foram ridículas, pífias, insignificantes. BMW involuiu, e abandonou o barco. Williams e Toyota prometiam algo um pouquinho melhor, mas nada. Toro Rosso ocupou espaço. Force India apareceu. E esse foi o mundial de construtores, onde brilharam os gênios Ross Brawn e Adrian Newey, e a Mercedes, com seu motorzão que deu sobrevida à McLaren e fez da Brawn metade do que foi. A outra metade foi o projeto soberbo de Brawn, com seu difusor mágico – melhor que o das concorrentes que também o tinham, e fator determinante frente às equipes que não.

De mais, a ressurreição da velha guarda: Jenson Button, de desempregado a campeão indiscutível. Longe de ser gênio, mas o mesmo quanto a ser medíocre. É regular, cerebral e competente. Bastou. Usou o que tinha da melhor forma possível. Se entendeu com os freios, Barrichello não. Levou, pra infelicidade do Galvão (que a cada temporada, merece uma camisa de força mais apertada e uma mordaça). Rubens passou pelo mesmo processo, e caso se entendesse com os freios desde o início, peitaria e provavelmente levaria de Jenson, pois é mais piloto. Calou a boca de muita gente, adotou uma postura inteligente (social e esportivamente falando) na segunda metade da temporada, e quase chegou lá. Ano que vem estará na Williams, competindo lá no meio e se divertindo. E só. Pra quem também não tinha mais emprego, um ótimo negócio. Fisichella fez pole, e quase ganhou com uma equipe que possui um carro certinho, mas ainda irregular, que é a Force India. Foi realizar um sonho no lugar de Massa, e fez o que pôde – que é muito pouco, perto do que a Ferrari precisa. Mas o carro também era uma merda, sempre é bom lembrar. Foi divertido enquanto durou, mas acabou. Webber arrebentou. Veterano (e com o qual eu não simpatizava muito), me ganhou durante o campeonato e mostrou-se suficientemente perigoso pra dar dor de cabeça ao companheiro de equipe.

As revelações (ou nem tanto) foram a afirmação de Sebastian Vettel como o novo talento a ser batido, e o surpreendente Kobayashi, que nas duas últimas provas do campeonato simplesmente fez vibrar a qualquer um que goste de F1. No mais, Buemi não comprometeu, mas também não brilhou. Nelsinho (enquanto corria) e Grosjean foram medíocres. A F1 anda precisando de mais pilotos, e menos meninos-com-dinheiro.

E vale um parágrafo sim para os malditos circuitos sonolentos de Hermann Tilke, que são lindos na estrutura, mas cujas pistas são absolutamente medíocres. O alemão dublê de engenheiro foi responsável pelos malditos hightech tracks, onde o que brilha são os hotéis, as pontes, os lagos, os iates e os milionários. E a corrida que se foda. Malditos traçados malfeitos, que estão ocupando o espaço de onde foi feita a história da maior categoria do mundo: Ímola, Hockenheimring, Paul Ricard, Hermanos Rodriguez, Estoril, Jerez, Montreal… e hoje temos lindas provas ao pôr-do-sol, onde ninguém ultrapassa ninguém, é impossível de se errar, não existe árvore, muro ou alambrado, e as pessoas presentes não sabem do que se trata aquele monte de carrinho correndo, um atrás do outro.

Enfim, foi uma zona. Mas eu acompanhei, do início ao fim, e tenho muita fé na temporada que vem. Um pouco mais, talvez, eu fale mais pra frente. Ainda nem fiz o balanço do ano, nem as prospecções pro ano que vem. Por enquanto, acho que é isso…

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