Arquivos da categoria "‘[Viagem] Argentina 2008/2009’"

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

02/jan/2009 – dia 8
Calle Juncal, Buenos Aires

Uma pausa no meio do passeio do dia 2, para uma breve explanação. Você, caro amigo de São Paulo, conhece a Avenida Santo Amaro. Você, camarada carioca, a Avenida Brasil. E para você, amigo turista dos Estados Unidos, de Portugal, da França, do Sudão, da Inglaterra, da Itália, do Japão ou do Canadá (primeiro, obrigado pela preferência!), quando chegar a Buenos Aires, nunca tenha como ponto de referência a calle Juncal.

Eu não sei como funciona a geografia nem o critério dos caras, mas tenha certeza: por onde você andar, onde quer que seja, você SEMPRE estará perto da calle Juncal. A rua é enorme, toda picotada e é impossível de se dizer onde começa e onde termina. A citação é a título de curiosidade mesmo, pois não foram poucas as vezes em que, tentando nos localizar, notávamos que sempre estávamos ali – no raio da calle Juncal.

A viagem na viagem

nov
2009
24

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 1 comentário

02/jan/2009 – dia 8
Retiro/Mitre/Delta del Tigre, Buenos Aires

Foi coisa de dois ou três dias antes, não me recordo, que resolvemos nos informar sobre o tal Passeio do Tigre – uma das poucas possibilidades que ventilamos antes mesmo da viagem como um programa do bom pra se fazer por lá. Na cidade, passamos rapidamente por uma agência de viagens para nos informarmos como funcionaria o tal passeio se obtivéssemos um pacote, e o veredicto não foi lá dos mais agradáveis. De lá, fomos ao balcão de informações (que fica bem no centro da Recoleta, e é uma tremenda mão na roda pra turistas que, como nós, dão seus primeiros passos por terras estrangeiras). E por ele fomos aconselhados a fazer o tal passeio por conta mesmo. Muito mais barato, muito mais prático, muito mais simples. Segue roteiro para você, que provavelmente vai se interessar pelo programa:

Parte 1:
Sujinho, mas o que seria do doce sem o amargo*, não é mesmo?

– Pegue o Subte até a Estação RETIRO;
– Na estação, compre uma passagem de trem para MITRE (a passagem custa menos de um Peso – o que torna a coisa ainda mais inacreditável e surreal);
– Em caso de dúvidas sobre o local do embarque, tanto o bilheteiro como os guardas e vendedores que ficam na estação informam numa boa e sem rodeios. Nosso trem partiria das passarelas 3 e 4, e salvos equiívocos históricos, é exatamente essa a informação a ser passada em caso de dúvidas.

A estação do Retiro é basicamente uma Estação da Luz simplificada (e mais feinha, já que a Luz tá reformada e toda bonitona, enquanto o Retiro está precisando de um tapinha), mas ainda assim é charmosa e bonita justamente por ter a mesma arquitetura e o mesmo clima de século passado.

[Foto: Bró e Rob]

Fomos à pé mesmo para a Estação. É um caminho possível, mas a caminhada da Recoleta ao Retiro é razoavelmente longa, e ladeia uma avenida (que não vou lembrar o nome agora) que lembra muito a Bandeirantes – porém, bem mais limpa e com muito menos caminhões.

Vale o registro que todas as fotos dessa parte da história foram surrupiadas aos 4 cantos via Google, uma vez que estávamos muito mais preocupados em acertar as indicações do que propriamente registrar os caminhos.

Assim, pouco depois de comprarmos as passagens, pegamos o trem que fazia o trajeto Retiro/Mitre. O trem é bem meia-boca, caindo aos pedaços mesmo. Mas não difere muito da nossa linha férrea não – aquela que cobre a maioria do Estado, não a Marginal Pinheiros – e faz um caminho bem bacana, se afastando do centro e trazendo ares mais europeus à paisagem portenha. A cidade fica mais bonita, mais tranquila e ainda mais apaixonante. Não sabíamos o que esperar quando chegássemos a Mitre, e a surpresa foi das melhores…

E estação Mitre possui uma interligação entre a linha do trem convencional (descrito acima) e o Tren De La Costa. Esse segundo trem faz justamente o caminho que beira Mar Del Plata, levando os passageiros ao Delta do Tigre.

Essa mudança de trens é mais ou menos você sair do Rio Tietê pra nadar numa piscina de água Perrier. É nessa interligação que pode-se comprar a tal passagem pro restante da viagem (por “absurdos” 6 Pesos). Existe ainda uma espécie de feirinha de artesanato entre as duas partes da estação, com algumas compras (que nos pareceram) mais interessantes do que as de San Telmo. Após atravessarmos a plataforma, as imagens externas do trem, comparadas às da viagem anterior, foram bastante animadoras…

…e de lá, partimos.

Boquiabertos com a paisagem, que é uma coisa maravilhosa. Casas de tijolos, vilarejos bucólicos, e ao contrário da velocidade do trem, o que parece ali do lado de fora é que existe um mundinho acontecendo em ritmo de domingo. A cada estação, as imagens tornam-se mais e mais bonitas. muitas flores, muito verde, em nada lembrando a capital, e aos poucos justificando o nome de província. As diferenças são claras…

Parte 2:
Navegar é preciso, e gostoso.

Chegamos ao Delta. Logo na saída da estação, o que se vê é um parque de diversões (o Parque De la Costa), pra onde normalmente os guias levam os grupos de turismo. Pensamos em aproveitar o dito enquanto planejávamos o passeio, mas as filas para entrar assim que chegamos nos desanimaram completamente, e partimos para a área das barcas, onde acontece de fato o passeio pelo Delta.

Andamos por duas quadras, e chegamos ao cais. A primeira visão que se tem ali é a de diversos tipos de embarcações: de iates a canoas. Barcos de dois andares, ar condicionado, catamarãs mais simples, cada qual com seu preço e tempo de passeio. Escolhemos um catamarã bem bonitinho(e comum), cujo passeio custava $ 10 cada, com duração de uma hora e meia. Negocia-se ali mesmo, com o próprio dono da embarcação, e alguns minutos depois estávamos à bordo.

O que viria dali em diante seriam 90 minutos de um passeio delicioso, e super simples. Percorremos 3 rios (Tigre, Sarmiento e Luján), que formam o delta. E à margem, durante o trajeto, o que via-se era uma sequência linda de casinhas mais simples, outras nem tão simples assim, mas tudo muito bonito e colorido, que podria perfeitamente ilustrar um filme de época. As casas são acessíveis somente de barco, o que faz com que cada uma tenha seu atracadouro. Os jardins são floridos e gramados, alguns com espreguiçadeiras, outros com alguns bancos para um almoço por ali mesmo. Algumas famílias estavam reunidas em frente às respectivas casas, e o visual que parecia em muito com aquelas histórias impossíveis que você só vê ilustradas em livros. Pra que eu não passe por mentiroso, seguem as provas:

Além das casas, o lugar abriga outras coisas muito curiosas, como por exemplo uma vendinha suspensa no meio da água, que vendia desde algodão até gasolina, justamente para suprir as necessidades das casas da região. Também só acessível por barco o tal lugar, eu achei um tremendo barato. E pra contrapor o glamour das casinhas lindas, umas carcaças pelo caminho (bem estilosas, diga-se de passagem):

Uma hora e meia depois, e estávamos extasiados, famintos e felizes. Passeio muito do bem-sucedido, nos provamos mais uma vez que a tal viagem na raça foi a melhor coisa que poderíamos ter feito. Saímos dali, e pouco antes da estação paramos numa lanchonete bem do pé-sujo, e mandamos pra dentro a combinação explosiva de hamburguesa y Coca-Cuela**. Descansamos um pouco ali mesmo, e voltamos para a estação. O caminho de volta foi feito com menos cara de surpresa, mas com mais cara de bobo. Estávamos muito satisfeitos, e ainda sob efeito de tanta paisagem bonita e cores e mais cores.

Chegamos ao Retiro ainda na metade da tarde. E com o passeio completo, poderíamos enfim nos dedicar a uma coisa que grande parte das pessoas que viaja tem como objetivo principal: compras. Uma, em especial, pra sogra – mas nada de presente, e sim uma encomenda. Lá na tal da Rua Florida, ou na Galeria Pacífico. Parecia simples…

* Licença poética de Vanilla Sky. Veste bem a situação…
** Piadinha pronta, mas sempre providencial.

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

01/jan/2009 – dia 7
Palermo/Recoleta, Buenos Aires

Andar de Palermo (onde fica a Plaza Italia) até a Recoleta foi nosso jeito de aproveitar a tarde e procurar algum lugar para comer, após o nosso rally pessoal pela manhã conhecendo a exposição do Dakar. E assim como em qualquer feriado normal, o comércio de fato fecha. A cidade estava super tranquila e bastante gostosa de ser aproveitada por quem passeia.

O problema de passear é justamente a fome que surge, pois se existe um lugar para se andar nessa vida, esse lugar é Buenos Aires. E com o passar do dia, nosso helado Freddo já tinha virado memória há tempos. Todos os cafés, bares e restaurantes fizeram do 1º de janeiro seu dia de descanso e deleite de seus proprietários. Não existem padarias, nem barraquinhas para se aproveitar um lanchinho, e isso fica ainda mais evidente quando você não quer que seu almoço seja um alfajor, um saco de salgadinho ou qualquer porcaria dessas.

Viemos firmes e fortes por toda a Santa Fe (e a avenida em questão nunca teve um nome que fizesse tanto sentido), observando uma sequência inexplicável de portas fechadas. Até nos depararmos com quem? Quem? Sim, ele: a instituição que nunca fecha, e cuja escravidão se espalha pelo mundo indiscriminadamente…

…cuja porta de entrada tinha um lindo papel colado, dizendo que os putos abririam somente às 17h. Ao ler tal sentença, nossos estômagos iniciaram uma revolução, emitindo os mais altos e inóspitos ruídos. Andamos por mais algum tempo, e encontramos a loja do concorrente, já aberta mas ainda se ajeitando, meia hora antes da abertura dos portões do castelo daquele palhaço capitalista. Aguardamos pacientemente a chegada da realeza.

Vale a nota interessante de que, enquanto esperávamos ali os nossos Whoppers (pois não cedemos à tentação de experimentar o tal Churrasquito, que só existe por lá, dado o tamanho da nossa fome – que merecia algo condizente), uma das equipes do Dakar entrou logo atrás, com aspecto igualmente faminto – se bem que nos hotéis onde estavam, provavelmente serviam refeições, ao contrário do nosso. E após algum tempo (pois em Buenos Aires ou você se adapta ao timming dos caras, ou vira um turista chato e estressado), estávamos enfim matando quem queria nos matar.

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

01/jan/2009 – dia 7
Plaza Italia, Buenos Aires

Não é nenhuma novidade minha paixão por carros e corridas. Cresci ao lado do autódromo de Interlagos. Meu único hábito religioso com meu pai, fora o Natal, era assistir e comentar as corridas de F1 aos domingos. Sempre funcionou na minha cabeça como a forma ideal de começar a semana: acompanhar o universo automobilístico no domingo é quase um ritual.

E qual não foi a minha supresa ao descobrir alguns meses antes da viagem que eu estaria ali, naquela cidade, justamente no início da etapa de 2009 do Dakar (o maior rally do mundo, aos desavisados). Em momento algum foi esse o motivo da nossa viagem, mas quando nos demos conta da coincidência, tornou-se uma obrigação o batizado naquele ambiente que, sabe-se lá se mais alguma vez na vida, teríamos a oportunidade de conhecer. A Debs doida pra fotografar tudo, e eu empolgadíssimo com a chance de presenciar o maior desafio automobilístico do mundo. Numa quinta-feira de manhã, primeiro dia do ano, feriado com cara de domingo, primeiro programa de 2009. Não podia ser melhor.

Saímos do hotel logo cedo (mesmo após a noitada em Puerto Madero) em direção ao La Rural, que nada mais é do que um Anhembizinho de Buenos Aires, que fica ao lado da Estação Plaza Italia via Subte, na Avenida Santa Fe mesmo. No caminho, nos demos de presente pelo ano que começava um café da manhã gelado, com um “helado Freddo” num belo dum potão de isopor, que foi devorado pelo caminho. Sim, pois aquele calor todo retratado nos textos anteriores e que cessou somente na noite de reveillon voltou feliz e azul (e que bom né?). Chegando lá, compramos nossos ingressos para o evento a preços bastante módicos…

…e não eram poucas as pessoas interessadas na exposição. Consistia num evento promocional do rally, com a exposição de carros de diversas épocas, além dos modelos do próprio rally (caminhões também, abertos e visitáveis) e de estandes dos patrocinadores. Chegamos próximos do horário em que seria feita a apresentação da equipe oficial argentina que competiria no Dakar. Mas ainda deu tempo pra, antes disso, babar um pouco nas máquinas antigas (e a Debs fez questão de registrar minha cara de idiota ao lado dos bólidos).

A tal equipe argentina apareceu, assim como alguns dos carros que iriam competir. Apesar da tentativa, as fotos que tiramos não deram uma noção muito próxima daquilo que queríamos guardar. Mas não teve importância, pois pouco depois saímos da exposição para lá fora, numa rua interditada próxima ao Zoológico, estavam TODOS os veículos (carros, motos e caminhões) que largariam dali a dois dias. Uma fileira sem fim de cores e patrocínios. Coisa pra quem gosta de uma boa corrida recolher o queixo da calçada. Um verdadeiro deleite…

E depois de muitas e muitas fotos dos carros bonitos e dos caminhões gigantes, eu, devidamente “recompensado” pela não-visita à Bombonera com esse contato com algo que gosto tanto quanto (senão mais) de futebol, e a Debs, de máquina abarrotada de imagens, resolvemos enfim, almoçar…

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

01/jan/2009 – dia 7
Puerto Madero, Buenos Aires

Não nos cansávamos de percorrer os diques de Puerto após a queima de fogos. Lugar bonito dos infernos esse, as pessoas incessantemente brindavam e fotografavam e pulavam e se abraçavam e o clima era de pura festa mesmo, então, nada mais natural do que se deixar levar.

Procurávamos telefones livres, para ligar pra casa e mandar um feliz ano novo às famílias. Depois de ralar muito (ou vocês acham que somente aqui o tronco das empresas telefônicas congestiona?), encontramos dois orelhões vizinhos que nos permitiram falar com nossos pais. Eu me lembro muito bem que estava brigado com meu pai pouco antes da viagem, e foi muito bom eu mandar um eu te amo nesse último reveillon em que pudemos fazer isso – coisas que a combinação de espontaneidade, euforia e prosecco possibilita com maior facilidade…

Missão cumprida, partimos em busca de um banheiro livre (afinal de contas, drinques e frio aumentam nossa capacidade diurética). E aí você pode me perguntar: “Mas naquele post anterior você não disse que havia ido no tal banheiro do Roberto Julio?” – Fechado, meu camarada. A essa hora a chave do dito deveria estar no carro do rapaz. E não havia mais nada por lá que não fossem os tais restaurantes com reservas. Nesse momento, eu olho pro lado e a pequena Debs sentencia:

– Vamos invadir.

Endoidou, eu pensei. Começamos a sondar os diques e a galera já estava pra lá de mamada, passeando entre os restaurantes e o cais, e de lá pra cá resolvemos entrar no tráfego de turistas, e quando nos demos pro conta, lá estávamos dentro de algum daqueles restaurantes que sinceramente eu não faço a menor ideia de qual tenha sido. Fato é que nunca foi tão fácil entrar numa festa “privada” (sem trocadilhos).

Aliviados, pés doendo, caras de bobo, era hora de voltar pro apartamento. Pensamos em pegar um táxi… mas a noite estava tão, mas tão gostosa que começamos a voltar a pé mesmo. E andando pela Plaza de Mayo (que em muitos momentos se assemelha ao centro velho paulista), era absurda a tranquilidade daquele lugar: sem ninguém te seguindo, ameaçando ou importunando, caminhamos com a paz que sonhemaos um dia em ter aqui. E mais do que isso: até a limpeza de lá era de se estranhar… a “sensação de estar em outro país” que é expressão chavão por aqui justifica-se em momentos como esse. Seguimos até a Avenida Santa Fe, e de lá chegamos no hotel. Uma noite pra lá de calma, e especialmente proveitosa. Encerrávamos 2008 da melhor forma, e fazíamos do primeiro dia de 2009 algo bastante promissor.

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | 1 comentário

31/dez/2008 – dia 6
Puerto Madero, Buenos Aires

Saímos do hotel com um embrulhinho bom no estômago, e um princípio de frio pela primeira vez na viagem – enfim dando um refresco ao calor incessante até então. Desde o primeiro momento em que passamos por Puerto Madero (o site oficial é esse, mas as informações e fotos mais bacanas estão no outro link), resolvemos que seria ali o local do nosso primeiro brinde de 2009. As duas alamedas que ladeiam o atracadouro são repletas de restaurantes (como o TGI Friday’s) e possíveis baladas mais caras e seletivas (como o Hooters). Ao centro, dividindo os quatro diques e ligando ambos os lados está a Ponte de la Mujer, que dá ainda mais charme ao lugar. Puerto Madero é um misto interessantíssimo de tradição e modernidade, misturando a arquitetura dos diques originais (e restaurados), estruturas de ferro dos guindastes, postes e bancos com os moderníssimos prédios construídos do lado oposto, onde estão alguns dos mais caros hotéis da Argentina.

Embasados pelo potencial evidente do local (mas sem nenhuma informação sobre festividades ou o escambau), pegamos o Subte com destino à Plaza de Mayo. Chegamos, e ao sair da galeria tivemos um nó no estômago: eram aproximadamente 20h, e não havia praticamente ninguém em frente à Casa Rosada (Puerto fica logo atrás, descendo duas ruas). O sentimento de “quem mandou não perguntar” quase tomou conta da gente, mas já que estávamos ali, que fôssemos até o fim. Pouco depois chegamos ao Puerto, e a imagem era da mais absoluta tranquilidade. Algumas pessoas caminhavam por ali, mas nenhum agito condizente com a data. Porém, era notada nos restaurantes a expectativa por clientes, o que nos garantia que não havíamos apostado num local fantasma para a virada do ano.

Sentamos à beira de um dos diques. Havia esfriado bastante, e tiramos algumas fotos do local para segurança, no caso daquilo se tornar um formigueiro algumas horas depois. Pelas fotos, é possível notar o porquê de termos escolhido Puerto Madero para esse nosso primeiro reveillon casal-coxinha…

Após algum tempo, resolvemos rondar as redondezas. Algumas pessoas já chegavam, e ainda não sabíamos o que faríamos até a meia-noite. Sondamos as possibilidades de entrar em um dos restaurantes dali, mas obviamente todos os locais estavam com sua lotação esgotada, em reservas. Teríamos que nos virar na própria alameda se quiséssemos festejar com:

1) Alguma garrafa pra estourar na hora da virada;
2) Algum recheio no bucho (pois a pizza seguraria nossa onda por pouco tempo);
3) Algo pra cutucar/bebericar até lá.

As mesinhas disponíveis ao redor de um quiosque, próximo à Ponte de la Mujer, já estavam todas ocupadas. Ainda era cedo (não passava das 21h), e enquanto eu vasculhava a redondeza em busca de alternativas, a Debs discretamente solta um “vão sair aqui, ó…”. E no que eu olhei, o casal de trás da gente levanta. Em menos de um segundo estávamos sentados, em frente ao quiosque e de frente pro cais. A ponte, à esquerda. E nesse cais, exatamente na nossa frente, o Museu Fragata Presidente Sarmiento, que como pode-se notar pelo link, completa muito bem a paisagem deslumbrante que garimpamos – e sem reservar absolutamente nada…

Devidamente acomodados (e nos sentindo os mais sortudos do mundo com tamanha mordomia – e não estávamos errados, dado o que viria dali em frente), e com mais ou menos três horas até a virada, era hora de consumir. Mas olhando para o quiosque, a situação era desanimadora: uma fila enorme, e predominantemente brasileira. Ninguém quer passar as últimas horas do ano numa fila, então o que fazer? Amizade com o garçom, claro! O único do local, por sinal. Imagem e semelhança do

As últimas observações do ano foram que:

1) mesmo na roça, o sanduíche veio bonitinho e gostoso;
2) as taças eram de vidro. Não tinham medo que roubássemos nada;
3) e a fila havia aumentado.

Ou seja: DEU TUDO CERTO. E agora, era só levar a garrafa pra beiradinha do cais, e esperar 2008 partir. E comemorar, muito, por tudo ter saído melhor que o esperado. Não havia mais frio. Nem a chuva da tarde. A noite estava linda, e a lua só não era maior que a nossa cara de bobo. Daí em diante, foi só contar…

Depois disso, instaurou-se festa (ao som de Chiclete com Banana, que fique registrado o quão malandro foi o TGI Friday’s). E entre abraços, beijos, planos e esperanças, e muita alegria dessa nossa viagem tão inesperada e raçuda ter sido coroada com cores tão bonitas, até tivemos tempo pra registrar um pouquinho mais dela. Aqui:

Mas a noite ainda estava longe de acabar.

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

31/dez/2008 – dia 6
Recoleta, Buenos Aires

Após saborear os resultados de 5 dias de economia inteligente, era hora de perder um pouco do juízo. Voltamos ao Ateneo, e passeamos felizes pelos andares do teatro, em busca de novos recheios para as nossas estantes. A Debs separou três, e eu mais três (que estão naquele post linkado ali em cima) para trazermos pra casa. E novamente sentimos a enorme diferença de valores entre Brasil e Argentina, pois apesar de vários títulos não terem grandes diferenças de preço entre os dois países, um país que valoriza a leitura como o dos caras possui diversas jóias facilmente garimpáveis e bastante acessíveis. Após caçarmos as nossas, saímos de lá felizes e abastecidos a caminho de algum lugar pra almoçar.

Deixamos as sacolas no hotel e de lá resolvemos caçar algum restaurante pelas redondezas. Duas quadras depois estávamos na Cala Pizza, que assim como o Costa Verde, serviria de pretexto para desafiarmos a culinária local com um dos maiores trunfos paulistas: a pizza. O lugar estava praticamente vazio – eram mais ou menos 15h – e pedimos nossas pintas de Quilmes para acompanhar a redonda. O custo-benefício foi excelente, uma vez que fomos muito bem atendidos, e as duas atendentes que estavam ali se esforçavam para nos explicar o que seria a tal da PANCETA que estava no cardápio. Após duras penas e algumas tentativas, descobrimos que se JAMÓN era PRESUNTO, PANCETA era BACON.

E nesse momento, de sabores italianos e ansiedade quanto à noite… cai a chuva, pela primeira vez em Buenos Aires (primeira e última, graças a Deus). Ajudou na atmosfera preguicenta da tarde (segundo a Debs, a chuva ali sigificava a purificação de 2009 – sim, era esse o nosso estado mental). Vale salientar que tal depoimento foi gravado brilhantemente por esse que vos escreve com o dedão em cima do microfone, o que ajudou bastante para que o áudio ficasse inteligível. Comprove:

Pedimos mais duas pintas de Quilmes, e na hora de pagar a conta, notamos que essa última rodada não havia sido cobrada. Alertamos a garçonete, e ela disse que “era por conta da casa, já que eles estavam quase fechando e era ano novo”.

Feliz ano novo pra você também, Cala… :)

Saímos de lá, tomei um tropeção na calçada ao registrar em vídeo nossa incursão chicana à culinária italiana, e fomos pro hotel com a Debs tendo um ataque de riso sem fim. E não, eu não quebrei o pé, a cabeça nem nada do tipo. A bateria da máquina simplesmente falhou no momento da topada, mas a impressão que se tem quando termina o vídeo é próxima a um duplo twist carpado. Porque aqui não há porquê não se assumir o próprio ridículo:

Chegamos ao hotel, e ao final do ataque de riso pegamos no sono e tiramos um cochilo antes da grande noite. Afinal de contas, ninguém é de ferro, e tudo dali em diante era aposta no instinto. Mais duas horinhas e começaríamos nossa incursão nos últimos minutos de 2008…

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

31/dez/2008 – dia 6
Recoleta, Buenos Aires

O último dia do ano começou tenso: precisávamos descarregar os arquivos do dia anterior – afinal de contas, passaríamos o ano novo em Puerto Madero* e registrar esse momento seria algo pra lá de especial – as duas máquinas (a da Debs, que é profissa, e a minha, que é for dummies não poderiam de forma alguma nos colocar em risco, na impossibilidade de registrar o que viesse pela frente. portanto, lá fomos nós para o único café em Buenos Aires que gravava em DVD, e além disso, precisávamos conferir mais uma coisinha que ainda não havíamos visto: nossas contas bancárias.

Aos que não se lembram, não sabem ou não imaginam: estávamos em Buenos Aires com as economias acumuladas nos últimos meses, e desempregados. Ambos. Portanto, apesar do Peso Argentino não valer patavinas, estávamos aproveitando a viagem com certa parcimônia. Nossa fortuna acumulada era razoável, mas não confortável a ponto de saírmos aos quatro cantos esbanjando as notas portenhas.

Chegamos à mesma lan house/café/gráfica rápida onde havíamos descarregado os cartões anteriormente. Em um dos 3 micros, tomamos coragem e fomos conferir nossos extratos bancários. Sim, pois não sabemos até hoje como funciona direito a conversão dos valores retirados nos caixas da Rede Plus por lá em valores brasileiros. O fato é que, ao percebermos que aquilo que havíamos gastado não era nem metade do que imaginávamos que nos seria cobrado (entre impostos e taxas, o prejuízo foi mínimo**), a alegria nos contagiou… o que estávamos esperando pra vivermos os últimos 4 dias naquele país com o devido glamour de quem sai do país pela primeira vez?

A noite seria pequena pra tamanha euforia…!

* Que se diga: não sabíamos onde passaríamos nosso reveillon. Fomos pra Buenos Aires sem a menor ideia do que encontraríamos pela frente. Compramos dois guias, conversamos com gente que já havia ido, estabelecemos certas metas, mas não fizemos reserva de nada em lugar algum. Puerto madero nos pareceu uma ótima opção pela estrutura do lugar, e pelas possibilidades, mas nunca nos informamos se ali de fato haveriam comemorações, queima de fogos e o escambau. Pode parecer óbvia uma constatação dessas pra quem está de fora, mas para a gente continuou sendo uma incógnita (e um desejo);

** Recomendamos veementemente a quem vai para a Argentina: com o câmbio atual, leve o mínimo de dinheiro em Pesos daqui pra lá. Apenas o suficiente para as despesas de aeroporto e traslado até o hotel por lá. Depois disso, saque por lá mesmo. É muito mais negócio.

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

30/dez/2008 – dia 5
Recoleta, Buenos Aires

O Village Recoleta é um centro comercial digno de Oscar Freire pra cima. Livraria gigante, cinemas bonitões, lanchonetes, e alguns restaurantes bem chiquetosos. Mas demos de ombros e metemos a cara no tal do Locos Por El Fútbol, porque a fome era voraz e aparentemente um lugar bonitão como aquele e todo tematizado com futebol de fato parecia bem bacana. Garçons e garçonetes modelinhos, e um menu bastante apetitoso, pedimos dois pratos com a promessa que a culinária local permaneceria invicta e mostrando-se digna de todo o respeito adquirido.

Tomamos na lomba.

Rango estranho, com cara de fast food, e sabor idem. Carinha de linha de montagem, pagamos $95 pela nossa refeição mais cara (e mais xexelenta) da viagem. E numa manhã em que um taxista nos passa a perna, levar outra rasteira no mesmo dia merecia um revide digno de quem sabe o que quer. E nós sabíamos:

– Queríamos alfajor.

E a duas quadras dali, a Havanna fez tudo o que aquele templo temático do esporte bretão não foi capaz de fazer… nos trouxe a felicidade! E as postagens do dia 30 também terminam aqui. O dia mais legal da viagem estava chegando…

La Boca

out
2009
20

escrito por | em [Viagem] Argentina 2008/2009 | Nenhum comentário

30/dez/2008 – dia 5
La Boca, Buenos Aires

Posso dizer que o passeio pela Boca foi um dos momentos mais aguardados da viagem, especialmente por mim. E não, isso não aconteceu por causa do Boca Juniors, da Bombonera nem nada ligado ao futebol. Por sinal, não visitei o glorioso gramado do time de Maradona e Carlitos, nem seu museu. Pode parecer uma heresia, mas o que eu queria ver por lá era isso aqui, de verdade…

PARTE 1 – dolores…

Mas antes da chegada ao bairro, uma historinha:

Pegamos o Subte até o estação Constitución, que não era nada perto, diga-se de passagem. Ao chegar na dita, notamos o porquê de tantos conselhos quanto ao cuidado com a segurança pros lados da Boca: com sobras, era o lugar com mais cara de periferia que havíamos ido até o momento. Estação suja, movimentada pra burro. Saímos dali com certa pressa, e fomos atrás de um taxi que nos levasse ao Caminito.

O critério, porém, para a escolha do taxi em momento algum foi o estado do carro. Por sinal, encontrar um carro de frota “inteiro” em Buenos Aires é praticamente impossível. Então as regras se estabeleceram: a cara mais confiável será a que nos levará até lá. Passou um mulambo, e nós dispensamos. Em seguida, chegou um velhinho todo simpático. Com cara de “é lógico que esse aí é confiável”, entramos rapidinho no carro do vovô e pedimos para que nos levasse a nosso destino.

E ele foi. E não demorou para que notássemos que o tiozinho não ligou taxímetro algum. Uns 15 minutos depois, a umas três quadras do Caminito (num lugar que parecia um misto de zona cerealista com rua do Hipódromo), o senhor pára o carro e sentencia: “17 pesos. E é só caminhar um pouco que vocês chegam…”.

Cara de idiota vezes dois. Enfim, caímos em um golpe…

Trauma superado e meia dúzia de xingamentos à falecida progenitora do velhinho, entramos no Caminito. E rapidamente um enxame de vendedores, garçons, dançarinos, e todo tipo de comerciante local nos assediava periodicamente. Pra quem já foi à Porto Seguro, é mais ou menos o que acontece com os vendedores de camarão e os moleques que fazem tatuagem de henna. Mas a delicadeza é uma característica comum a mim e à Debs, e nos desvencilhamos de todos com a devida educação.

Fizeram um baita terrorismo quanto ao lugar ser infestado de malandros e coisa do tipo. Com essa estatura espetacular, fiquei bancando o segurança enquanto a Debs fotografava o lugar. E olha… falar de malandragem, violência e essa pataquada toda pra quem vive em São Paulo às vezes soa como brincadeira. Ainda mais quando a coisa não se mostra nada disso… portanto, chega de reclamar e vamos à parte boa do passeio…

PARTE 2 – y colores…

Pra abrilhantar ainda mais as cores do lugar – porque sim, é tudo tão vivo que parece de brinquedo – novamente o Sol deu o ar da graça e o céu azulou sem piedade. Das poucas referências visuais que tínhamos antes da viagem, provavelmente a mais forte fosse essa (que todo mundo conhece). E vê-la ao vivo foi pra lá de bom…

Dos postes aos bancos, tudo grita. A arquitetura do local de fato é única, e apesar dos moradores (ou você acha que não mora ninguém nessas casinhas coloridas?) serem aparentemente bastante pobres, o turismo segura as pontas do local com méritos. Casais dançam tango e posam o tempo todo para fotos com os que passam por ali. O idioma local era o Português, disparado. Eu estava extasiado vendo meu desenho mais bacana tomar vida na minha frente. A Debs disparava clique atrás de clique, e aos poucos fomos percorrendo o pequeno e colorido trajeto, felizes da vida.

As placas também são um show à parte, assim como a decoração das sacadas, jardins e janelas, que não possuem nada parecido que possa ser comparado para situar a quem não conhece. A tecnologia passa longe do Caminito, a não ser pelos trocentos celulares e câmeras que registram tudo o que acontece naquela quadra. O passeio ali te faz sentir num desenho animado.

Logicamente, depois do estímulo visual inédito que tivemos ao passar pelo local, algumas cores relembram a você que sim – aquela é La Boca. Onde azul e amarelo falam muito mais alto que vermelho e branco. Evita, Dieguito e Gardel são presença frequente em qualquer produto que se veja pelas alamedas. Canecas, pratos, quadros, camisetas, chaveiros, pôsteres… são eles os donos da festa, definitivamente. A torcida boquense, como pode-se notar logo abaixo, veste e honra as cores de seu time…

Bem, o passeio pelo Caminito não é só esse comercial da Sony Bravia modelo latino. Havia muita coisa pra ser vista por ali ainda, e tínhamos esperanças de prestigiar o comérico local adquirindo algumas bugigangas portenhas para presentear a família e os amigos. Mas pra fechar os comentários sobre o passeio em si (e antes de falar de todo o outro universo que faz parte daquelas poucas ruas), duas fotos que trazem pra perto o clima que sentíamos ao estar ali. E também a repercussão local com a nossa presença…

E daí em diante, partimos pra tão esperada jornada em busca da foto de um casal dançando tango. Nada mais turístico, mais local e mais óbvio. Afinal de contas, se os gringos vêm pra cá tomar caipirinha, é justo que queiramos tais lembranças em nossa primeira visita…

PARTE 3 – …del tango.

Logo de cara, chega-se a uma conclusão: se você quer imagens de pessoas bonitas dançando, o local pra isso não é ali, custa mais de $100 e pede trajes mais nobres. Os casais no Caminito, se não eram muito feios, eram muito sofridos. Uma dançarina posa em frente à Havanna com quem passar… agarra a cuecada mesmo, sem dó nem piedade. E logicamente, pede unzinho “por tal privilégio”. Nunca agarrei tão forte o braço da Pequena.

Após um anda-pra-cá, anda-pra-lá daqueles, a Debs encontrou nossas vítimas. Mas antes de arriscar a tal foto, impossível não se comover e curtir o vovozinho que mandava um tango nervosíssimo em frente a uma das casas. Assim como os casais (e todos ali), contando sempre com a contribuição e a generosidade dos turistas. Merecia várias moedinhas o danado…

Velhinho registrado, fui esperar a tal foto numa vila dentro do Caminito onde vende-se toda aquela bugiganga que se espera encontrar ali. Novamente o “sentimento Embu das Artes” tomou conta, e depois de muito vasculhar e nada encontrar por ali, a debs chega pra mim e pergunta:

– Quanto dinheiro você tem aí?
– Sei lá… por quê?
– Eu tirei umas fotos dos dois… e assim que terminei, o cara chegou pra mim com cara de que queria o dele…
– …
– …

Juro. Dei uma apalpada nos bolsos, e só veio moedinha. Deviam ter mais umas notas lá, mas todas graúdas. E a decisão de ambos foi: “deixa começar a música, e a gente passa por lá com cara de paisagem e se manda”. Dito e feito. E afinal de contas, algum argentino ia acabar pagando pela malandragem do safado do taxista… mas as fotos ao menos ficaram boas.

Era quase metade da tarde quando saímos de lá. Varados de fome, a Debs me perguntou por várias vezes se eu não queria mesmo ir à Bombonera. Não fiz questão – nosso programa a dois vinha dando muito certo e eu não trocaria aquilo por uma satisfação pessoal que nem era tão grande assim. Escolhemos um taxi pra voltar. Taxi esse devidamente fiscalizado, conversado e divertido. Cobrou direitinho e com tarifa de taxímetro. Não fugiu muito do valor do velhinho pilantra. E pra compensar a não-ida ao reduto futebolístico boquense, ganhei de presente um almoço no Locos Por El Fútbol

…que se nós soubéssemos como seria, provavelmente faríamos outra opção…