Arquivos da categoria "‘Brasilidades’"

escrito por | em Brasilidades | 2 comentários

Opine CONTRA as unanimidades nacionais, e ganhe audiência. Opine mais, e ganhe MAIS audiência. Vire estrela adolescente ou personalidadezinha alternativa, e vá posar de neo-conhecido-digital no Big Brother. Fuja para o banheiro, para debaixo do edredon, mas seja fiel, e ganhe o Big Brother. Pose para a Playba e ganhe um milhão (se puder).

E depois dizem que a fórmula do sucesso é secreta. Tá bom viu.

Agora com licença que eu vou torcer pra Jade. :)

Mimimi

ago
2008
10

escrito por | em Brasilidades | 15 comentários

Vou te dizer uma coisa: essa seleção feminina de ginástica olímpica mais parece a reunião dos fã-clubes do Legião Urbana, do NX Zero e do Fresno: mas que choradeira irritante! As meninas (gasp!) saem dos aparelhos já chorando, comemoram chorando, conversam chorando, enfim… devem almoçar chorando e dormir chorando também. Vendo de longe parece a seleção da gripe: todo mundo esfregando os olhos e com o nariz vermelho.

Pô, querem sofrer, torçam pro Corinthians. Mas não vão pra Pequim pagar pose de salvação nacional no nosso sempre pífio quadro de medalhas. Fora que esse papinho de “ficando entre as seis já tá bom pra gente” é quase tão irritante quanto o mimimi pós-apresentação. Se o Piquet fosse o técnico dessa joça, era surra de taco de beisebol na boca de cada uma.

Momento ironia 100%:

– E que show essa seleção do Dunga hein? Eu até fiquei Feliz.

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Durante a semana está difícil acompanhar essa segunda divisão (afinal, é dia de encontrar a patroa e eu prefiro os compromissos amorosos aos futebolísticos). Mas ouvindo o jogo no rádio do carro* deu pra notar que rolou uma chacoalhada na galera. Ouvi meia hora de jogo e não é besteira afirmar que o time já subiu pra primeirona faz tempo, de tão ruim que é a qualidade geral da segundona – além de servir como hora da saudade do Paulistão, tal o número de compadres que temos que encarar até o final do ano…

…e não tenha dúvidas: mesmo na segundona, é um time muito mais carismático do que essa seleção do Dunga, que estréia amanhã nas Olimpíadas. O time canarinho é tão pragmático e mercantilista que faz com que a torcida e o destaque nacional pro futebol olímpico vai pro time feminino, liderado pela fantástica Marta – essa sim craque E carismática.

Torcer pra uma equipe cujo destaque é um dos fandangos da última copa parece piada. E experimente torcer contra pra ser tachado de antipatriota.

A parte bacana da Olimpíada e podermos nos dedicar um pouco mais aos outros esportes nacionais: vôlei, ginástica olímpica e atletismo. Afinal de contas, todo brasileiro, além de ter que driblar os problemas diários, tem necessariamente que saber se esticar, saltar pra longe e descer a porrada. E não me venham falar de Natação – ELES têm o Michael Phelps. Portanto, que venham os Jogos (e a enxurrada de notícias olímpicas)…

…e por aqui, vai Corinthians!

* Leia-se o celular amplificado…

Glória, Maria!

jul
2008
11

escrito por | em Brasilidades | 3 comentários

A tal Operação Satiagraha mostrou-se mais uma das inúmeras armações da justiça deste país. Foi feito um carnaval quando da prisão de Celso Pitta, Naji Nahas e Daniel Dantas (que eu bem gostaria de saber o que estavam fazendo em liberdade ATÉ HOJE, já que com o povão se o cara é suspeito de roubar galinha vai pra jaula e de lá ninguém se lembra de tirá-lo). Agora, dois ou três dias depois, soltam os dois mais conhecidinhos e prendem novamente o que já havia sido solto (e que daqui a pouco será libertado também, se não o for até o momento em que eu terminar este texto).

Me parecem manobras das mais oportunistas situações como esta, em que uma equipe de jornalismo consegue um furo de reportagem (e de onde seria essa equipe, senão de lá, daquele lugarzinho de sempre?), explode um escândalo e dois dias depois a festa acaba, sem ninguém explicar os porquês, e a gente fica aqui, esperando a próxima bomba.

O mesmo oportunismo das exclusivas pro Fantástico, do “casais Nardonis“, e da mãe que oportunamente e por uma “incrível coincidência do destino”, dá seu depoimento justamente no dia das mães, o que aumenta a comoção nacional, sem que contudo até esse momento alguém tivesse sido julgado – sendo que o tom de ambas as reportagens foi completamente diferente, incluindo as abordagens, os entrevistadores (convenhamos que se enquanto os dois cabeçudos eram entrevistados pelo Valmir Salaro – aquele da Escola Base, lembram? – a mãe da Isabella era entrevistada pela Patrícia Poeta, que até de mim arrancaria lágrimas, de tão bonita que é aquela mulé), e até os tipos de pergunta. Obviamente que o veredicto da justiça nacional não desmentiria tamanho furo de reportagem, e daria ainda mais credibilidade ao jornalismo da casa.

Não é de hoje que os noticiários, os meios de comunicação impresso e até os digitais tomam suas verdades pra si (obviamente com uma visão macro, que grande parte da população não nota ou não procura julgar por pura preguiça de tomar alguma posição a respeito), e a mobilização geral ocorre por inércia.

E não que eu esteja querendo ligar uma coisa a outra, e nem botar a credibilidade da emissora em jogo, afinal, cada um acredita no Deus que lhe convém. Mas não custa lembrar que já enfiaram repórter em camburão disfarçado de policial, que qualquer margem de concorrência lhes dá motivo para processos dos mais descabidos entre tantas outras coisas. Portanto, não seria de se estranhar que no momento de ascenção da emissora dos Fiéis, a galera do logo de metal com arco-íris desse uma dessas, mostrando a competência inalcançável da sua equipe de jornalismo, conseguindo mais um furo de reportagem.

E audiência é importante, enquanto não começa o novo BBB, não é mesmo?

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Não é de hoje que certos termos vindos junto à revolução tecnológica nos aporrinham: globalização e aldeia digital foram novos conceitos implementados ao nosso cotidiano com o advento do universo virtual. Pouco se entendeu de tudo isso logo de cara, mas aos poucos a noção de unidade e da completa falta de barreiras que a internet e os novos meios de comunicação trouxeram passou a encantar. E assustar.

O acesso à informação tornou-se coisa simples e de fácil alcance. Os monopólios de conhecimento são hoje ameaçados por infindas alternativas aos problemas de sempre. A tal globalização trouxe não somente quantidade, mas qualidade e novidade acessíveis, e a preço zero. Simples conversas acarretaram em novos negócios, novas empresas, novas forças. Formaram-se comunidades, com componentes de diferentes origens, e o individual ganhou força exponencial quando formados os grupos. As poucas fontes de informação privilegiada ganharam concorrência direta, e a terra tremeu. Novos sistemas operacionais, browsers, desktops, programas, equalizando qualidade com os velhos conhecidos. Mas não só isso: novos profissionais, que na troca de informação – agora sem fronteiras, taxas de juros ou idiomas incompatíveis, passaram a falar a mesma língua e aos poucos suplantaram toda e qualquer exclusividade presente em nossa comunidade global (falando ainda dos jargões que já saíram de moda, inclusive).

Claro que o mundo tornou-se um vulcão em plena erupção. Quem buscava oportunidade de explodir o fez (e o faz, não coloquemos este texto em puro pretérito, uma vez que é e por muito tempo será plenamente atual o que é dito neste momento). Borbulham novidades, e o tradicional cai por terra, tornando-se um conceito cada vez mais subjetivo.

Claro que a alegria de uns é a tristeza de outros. Sempre existirão saudosistas, ex-detentores da superioridade intelectual, sedentos pelo sangue de quem os suplanta nessa nova realidade. Afinal de contas, o coronelismo de quem mandava e desmandava nas regras do jogo hoje é desafiado por meia dúzia de moleques que trocam e-mails, e em poucas conversas encontram soluções.

E na desinformação e dificuldade de diálogo, com egos nas alturas e na completa falta de humildade em admitir seus erros conceituais (e processuais), os tais coronéis tentam a todo custo “manter a ordem”: as leis de propriedade intelectual; as censuras ao livre acesso; os “não podem e não devem”; as ameaças de repressão; o sancionar de novas regras que não fazem o menor sentido. Temos um claríssimo quadro da nova tentativa de ditadura, agora em caráter feudal: cada dono de pequena propriedade tenta “salvar” o que sobrou de seus servos, cercando-os por todos os lados: obstruindo conhecimento, restringindo liberdades e impondo novas e inúmeras regras até o iminente cansaço e conseqüente desistência. Será que funciona?

Os fatos comprovam que uma China de muralhas luta a duras penas para manter a alienação de seu povo à nova realidade mundial. Mas que país se desenvolve sem o livre comércio? As correntes rangem. A imprensa nunca teve tamanho acesso a tudo. Pro bem ou pro mal, a organização de grupos de interesse torna-se simples e de eficácia indiscutível. Rastreamento de informação e mapeamento de rastros, e a concretização do Big Brother de Orwell acontece. Num momento umbiguista e falando somente de design (para que este texto se contextualize de fato), tendências e inovações não restringem-se a grupos nem quintais – e da mesma forma, as ferramentas não possuem bandeiras que as situem neste ou naquele grupo.

Foi-se o tempo da exclusividade. A propriedade intelectual ganhou como resposta um Creative Commons, assim como as grandes marcas ganharam concorrência. Fica claro que o talento é sim individual, que a identidade de um trabalho é fruto do esforço e aptidão de cada um, e demonstrá-la é dever de qualquer artista, designer, ou profissional que saiba assinar seu trabalho sem necessariamente precisar escrever seu nome para reivindicá-lo.

Portanto, fica um conselho aos censores: desistam. O que não deu certo há anos não dará agora. E se a força de pequenas comunidades foi capaz de derrubar governos, regimes políticos, paradigmas e tabus, o que será capaz de fazer uma comunidade de aproximadamente seis bilhões de pessoas contra um punhado de interesses pessoais?

É pagar pra ver. Os muros estão no chão, e só vocês ainda não notaram. Contra o conhecimento coletivo, nada resta a não ser o diálogo. Porque se o que é imposto não desce, o intercâmbio é e sempre será muito bem-vindo.

Este texto é minha coluna sobre webdesign, que estará presente na Revista www.com.br do mês de outubro. Todo mês tem um desses, para os desavisados ou recém-chegados.

Uma m****.

jan
2007
11

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Depois vêm me falar de posto de gasolina. Em tempos de Big Brother (sim, as pessoas insistem nessa merda), bem que podiam instalar umas câmeras nos banheiros masculinos do andar onde trabalho. São 3: um com 3 divisórias, e outros dois privativos.

Aí você chega, com o dito batendo na porta querendo sair, e ao adentrar tais recintos, o que encontramos? No “coletivo”, uma porta fechada há 3 dias (eu imagino que algum anão tenha se suicidado e esteja pendurado no lado de dentro da porta, no gancho para mochilas), e outros dois boxes com papel espalhado, colado, pisado, esfregado, enfim. Verdadeiras obras-primas realizadas com matéria orgânica dos mais diversos tons.

Vamos a um dos privativos então. Um mar, quase um tsunami ilustra a paisagem. A espuminha permanece borbulhado, porque pe claro que o botão de descarga e uma samambaia possuem a mesma utilidade ao autor da proeza.

Resta então uma última opção. Lá no final do corredor, eu até entro com cuidado – sabe-se lá qual surpresa me aguarda. Num ambiente aparentemente salvo da selvageria, apenas um detalhe destoa e desanima: aquele chamuscado na tampa. Que maravilha.

O pior é que eu tenho certeza que essa cambada não faz essa merda toda em casa. E se faz, mira no buracão e acerta. Nem pra picotar o rabinho do macaco em paz a gente se livra da dor de cabeça de uma cambada de filadaputa sem modo. Como se já não bastasse o povinho de açúcar que toma ônibus em dia de chuva.

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De repente às 9h da manhã chega à mailbox um texto que provavelmente foi escrito após meia-hora de reflexão (ou de qualquer outro sentimento descontrolado que descarregue duas laudas de puro desabafo), e que a mim mais parece um daqueles chiliques de meninos de condomínio, que nunca viram um formigueiro na vida, esbravejando ferozmente sobre política e pregando um colapso completo como a mais provável solução aos problemas da humanidade. Claro que tudo isso ao som de um trance nervoso e sob efeito de drogas gostosas.

Meu estômago embrulhou.

Eu puxei a descarga e não li mais o que se seguiu depois disso. Claro, o e-mail não era somente pra mim.

Capitalistas, comunistas, socialistas, liberais, conservadores, moderados, formadores de opinião, anarquistas, xiitas, céticos. No final das contas acumulamos tudo o que nos interessa – não importa se na cabeça, na boca ou na gaveta, e costuramos nossas bandeiras.

Com elas em riste, partimos para o ataque. A catequização alheia passa a ser nosso objetivo, voluntariamente ou não. Fato é que nos incomoda os que têm opinião contrária e se opõem às nossas vontades. E não me venham com a hipocrisia de dizerem logo de cara que é bom ouvir o contrário para que se possa aprender alguma coisa. Sim, de fato é algo bom (e recomendável) a se fazer, mas num primeiro momento a sensação instantânea é o choque, para que em seguida se contra-ataque.

Claro, se você tiver algum argumento para isso. Ou bandeira. Ou ambos.

Porque normalmente quem se posta com firmeza dessa maneira, ou sustenta uma opinião mais do que formada sobre as coisas, ou brinca de rebelde sem causa e entra gritando no meio do saguão do hospital. Os primeiros normalmente contestam com a classe da realeza: argumentos convincentes e bem-colocados, consistência oratória e uma idéias colocadas de forma crescente, uma a uma, que ao final do diálogo causam uma reflexão digna de grandes mudanças. Não intenciona a lavagem cerebreal, mas aos menos preparados pode sim parecer algo do tipo.

O segundo, porém, é o que me irrita de fato. Destrói as discussões com opiniões céticas e normalmente sem fundamento, toma por base os exemplos mais estapafúrdios, associa feijão com sorvete e deseja a todo custo dar a palavra final numa discussão. É o mentor desses e-mails dantescos, que certamente interrompe o fluxo de trabalho de qualquer local pelo simples prazer de aparecer, e parecer mais inteligente que os outros.

Esse tipo de inteligência não me assusta.

Porém, aquele primeiro tipo – o sutil e respeitoso – me impulsionou a ontem à noite me deparar pela primeira vez com duas prateleiras enormes, repletas de livros sobre política, numa Saraiva da vida. A esse primeiro exemplo eu admiti minha total e completa ignorância sobre o assunto (esse em específico neste caso, mas adapte este texto às suas necessidades). Ao segundo, eu espero em breve agir na pessoa do primeiro, respondendo em três linhas o que não me parece nada inteligente, mesmo que explicado em três páginas.

A ignorância não ofende. Pelo contrário, só admitindo que ela existe e está presente pra se fazer alguma coisa a respeito. É o primeiro retalho dessa bandeira. Nos livros, na mídia, nas mesas, junta-se a isso bons ouvidos e uma boca que aos poucos tome pra si suas verdades, as embase e as defenda. Se for para destruir, que se faça construindo algo melhor no lugar.

Porque aos que possuem uma bandeira dessas sem cor, sem história e sem uma base decente e que traga algum respeito aos que a vêem com olhos críticos, resta deixar que lutem sozinhos por algo que sequer sabem o que seja. Claro que numa batalha dessas, acabarão morrendo com um tiro nas costas, ou fuzilados por um exército de estilingues – que podem até não fazer barulho quando disparam sozinhos, mas aos milhares derrubam fortalezas. É nisso em que eu acredito. Ultimamente, mais ainda.

Já consegui meu naco de madeira, minha borracha e um canivete dos bons.

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A situação política de um país que reelege Paulo Maluf, Fernando Collor e Antonio Palocci é extremamente preocupante. Uma corja de caras-de-pau, um povo ignorante, sem perspectiva e conivente, uma imprensa tendenciosa e uma Constituição que há muito precisa ser revista – uma vez que foi pensada a funcionar num contexto parlamentarista, e não num país de regime presidencialista.

Não isenta-se ninguém da sujeira, bem como não aplica-se o conceito do político imaculado. Não é de total culpa a eleição de pilantras por um povo desesperançoso e com necessidades das mais graves e de caráter além do emergencial, como educação, condições básicas de saúde e alimentação e desemprego em massa, mas não isenta-se o completo desinteresse e falta de um mínimo de discussão e discernimento da realidade, além de motivos mais do que estapafúrdios para a escolha de seus candidatos. Some-se a isso uma imprensa jamais contestada e sempre apoiada, tida como única formadora de opinião e que dita as leis e procedimentos a serem tomados por todos, e teremos um quadro bizzarro como o configurado nessa madrugada.

Impossível discutir os resultados independentes de uma democracia estabelecida – e que bom que ela existe, para que possamos mudá-la sempre que quisermos. Mas esse desejo de mudança parece muito distante do resultado das urnas. Exemplifico nos três nomes lá em cima, mas cada um que represente pra si e naqueles que ojeriza essa insatisfação, que eu tenho certeza, não é só minha.

Depois não adianta reclamar que o país não vai pra frente.
Muito menos pedir ajuda a Deus.

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Chegamos à derradeira semana. As eleições acontecem domingo, e eu não vou comentar especificamente sobre o estado das coisas (imagino que os interessados no assunto tenham tido bastante tempo pra pensar o que fazer da vida, e os não-interessados se ligado que novamente terão que aguentar aqueles que gostam da coisa lá em cima – eu já tive minha idéia do que fazer sobre o assunto e o futuro mostrará os resultados). Vim aqui fazer um protesto. Sim, um protesto.

Porque se tem coisa que me irrita é gente mal-educada. Me irritam os radicais xiitas. Me irritam os inflexíveis, e – agora sim – me irritam os pragmáticos. Pessoas que ao ouvirem falar de política, não interessa se pro bem ou pro mal, torcem o nariz e mostram-se completamente contra o assunto e seus interessados, discordando de tudo pelo simples prazer de aparecerem batendo o pé e dizendo “essa merda não tem mais jeito mesmo, e eu quero que tudo se foda”.

Queridos amigos: a surdez e a cegueira culturais são vírus altamente destrutivos, mas curáveis. Essa bitolagem imbecil dos descrentes de plantão normalmente não acompanha sugestões de crescimento. Se não pode construir, não critique – já diria Pai Mei ou algum de seus irmãos bastardos. Eu não agüento mais ter que ouvir os pregadores do voto nulo insistindo em suas convicções umbiguistas (e por diversas vezes infundadas) sobre os rumos do Brasil, o caráter (ou falta dele) da classe política e da ignorância popular. Gostaria de saber quais desses “exemplares cidadãos” tomarão algum tipo de atitude depois das eleições, já que antes dela não temos mais tempo.

Eu me recuso a acreditar que dentre os milhares de candidatos atuais absolutamente todos sejam corruptos. Da mesma forma que sempre encontramos exceções às regras, não seriam os Poderes deste país locais onde unanimidades cruéis como a que nos desilude a votar nos próximos dias aconteçam. Certamente foi mais fácil para esses a quem me refiro criticar a coletividade do que buscar uma opção perdida no meio de tanta sujeira. Pois muito bem, meus senhores:

– A bagunça vai acontecer daqui a pouco.
O que eu pergunto é: e agora, o que faremos todos nós?

Até Cristo já abriu os braços pedindo ajuda. Alguém se habilita?
(Ou continua mais fácil continuar descendo a ripa?)

Oitavo pecado

ago
2006
13

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Falar sobre assuntos delicados é sim uma especialidade de qualquer pessoa que goste de perder um pouco de tempo se informando sobre polêmicas e divergências gerais. Particularmente eu adoro polêmicas, não por tumultuarem a calmaria, mas sim pela capacidade que elas têm de nos fazer pensar – seja por concordância ou por revolta, a reflexão com elas é algo quase que natural. E eu tenho certeza que a maior de todas as polêmicas deste momento até o final do ano será o que fazer com o nosso voto.

Intermission

Se você sentiu enjôo ao ler essa última palavra, sugiro que leia SIM este texto até o fim, pois ele está sendo escrito principalmente pra VOCÊ.

A casa agradece.

End of intermission

Momentaneamente eu estou anulando o meu, porque penso que, assim como pra grande maioria dos brasileiros descontentes com as migalhas que o governo nos oferece atual e historicamente em troca de anos de mamata, a coisa chegou a um ponto sem volta, onde ou tudo muda, ou tudo acaba.

Anular o voto é um ponto de convicção preocupante. Neste momento, me pareceu a única alternativa diante do quadro geral de políticos incompetentes e corruptos, e da total falta de planos de governo que contemplem o bem do Estado e do país. Mas longe de pensar que isso seja uma solução, e aí que entra a discussão que eu proponho.

Não acreditar nesses caras não significa tapar burramente os olhos e ouvidos, ignorando tudo o que eles disserem daqui até novembro. Da mesma forma que HOJE me parece imbecil dar meu crédito a uma dessas pessoas, seria imbecil da minha parte me anular perante o restante da população, não prestando atenção no que eles têm a me dizer. Se está cada vez mais difícil acreditar em alguma coisa, espero que eles (ou algum deles) me convença com muito esforço do contrário. Ou melhor, “espero” não.

Se alguma proposta interessar, o que me impede de ligar ou escrever a esse ou aquele candidato? Absolutamente nada. Se não me responderem ou me mandarem uma resposta-padrão, saberei que aquele partido e suas alianças de fato me tratam como ninguém, e ele não merece mesmo o meu voto.

Se essa mesma proposta não for sugerida por algum candidato concorrente, nada me impede de sugerí-la ao candidato da oposição. Se ele me disser que sim, ou que não mas que possui uma proposta que é ainda melhor para esse fim, posso sim ouví-lo, acompanhá-lo e cobrá-lo (afinal, quem faz voz uma vez faz sempre – ao menos esse é o princípio que rege a democracia). Se for novamente ignorado, farei o mesmo que fiz no parágrafo anterior.

Se eu não manjo NADA de política, simpatizo com algum partido e acho que ali ainda existe alguma coisa séria, nada impede que eu me filie a esse partido e me intere como de fato as coisas funcionam ali. Extremo demais? Político demais? Eu pergunto – qual o problema nisso? Conhecer como as coisas funcionam por dentro pode ser um ótimo caminho para que nós mesmos saibamos como resolver aqui fora.

Sim, porque se tudo isso falhar (e sim, não me venham com aquele papo de que tudo isso dá trabalho demais, é chato demais e afins: nós sim deveríamos funcionar como os chefes deste país, e chefe também tem responsabilidade; responsabilidades como fiscalizar a produtividade da equipe, o cumprimento de metas e o resultado dos projetos propostos), em algum momento a gente vai ter que se organizar pra mandar nesse circo. Se os palhaços que hoje estão no picadeiro não têm mais graça, façamos melhor que eles e sejamos capazes de mostrar o que de fato é um show de competência.

Enquanto os nomes não mudarem, o que variam são os cargos. Se os partidos não têm ideologia e diretriz, se os políticos não têm caráter, e os que têm não conseguem trabalhar sem se render à corrupão que notoriamente domina o plano político do país, se nada mais funciona, qual a saída?

Nós mesmos. Se quem deveria cuidar da gente não cuida, cuidemos nós. Necessariamente alguém vai ter que fazer ALGUMA coisa em ALGUM momento. E ficar esperando um milagre ou uma mudança DOS OUTROS me parece coisa incerta e bem da burra. Além do mais, vai fazer com que a gente CONTINUE dependendo de MUDANÇAS ALHEIAS. E isso não é atitude de mudança, mas sim esperança sem fundamento.

O voto nulo pode sim ser uma boa resposta, mas não é apenas assim que se encontra uma saída pro caos atual. Se ele funcionar como seu grito (assim como nesse momento funciona como o meu), aumente o volume com soluções que partam de você. Só assim a gente tira esse país da lama.

P.S.: E me perdoem os anti-nacionalistas, mas achar que na gringa existe sim uma vida melhor que a daqui pode parecer uma das ilusões mais inocentes da História. Porque se aqui existe corrupção e ingerência social, lá fora também existe. Racismo, violência, discriminação, diferença social e outros males são doenças da humanidade, e não somente dos brasileiros. Achar que nossa saída é a fuga me parece além de egoísta algo romântico demais, num mundo que não é feito de videoclipe e televisão, e que talvez precise mais do que qualquer outra coisa de união e solidariedade.